Fernanda631 05/07/2023
Ensaio sobre a lucidez
Ensaio sobre a lucidez foi escrito por José Saramago e publicado em 2004.
Ensaio sobre a Lucidez é uma continuação de Ensaio Sobre a Cegueira, porém um livro com dois pontos de vista e/ou olhares diferentes um que fica logo de cara é a democracia que é regida no país em que se passa na história fictícia e o outro é a cegueira que é contada de uma forma ampla no Ensaio sobre a cegueira, nesse mostra-se um outro ponto de vista, mas reflexivo e crítico em relação a democracia em que todos os cidadãos devem votar para eleger um novo candidato, entretanto neste livro Saramago amplia suas alusões a metáforas para contar de uma forma mais clara como a democracia atual é/pode ser burlada, antiética e afins.
Após quatro anos desde a última eleição, que foi descrita no livro “Um ensaio sobre a cegueira” acontece um novo grande manifesto. No dia da eleição, as pessoas tardam a sair de suas casas para cumprir a obrigação eleitoral e, quando finalmente o fazem, algo incomum acontece. Ao serem contabilizados os votos é declarado que oitenta e três por cento da população votou em branco, uma calamidade! Esse foi o início de um protesto silencioso contra um governo opressor.
Em um primeiro momento conta-se que no dia da votação está uma chuva forte e que só mais tarde os cidadãos vão votar e a maioria vota em branco e não dão nenhuma explicação a isso. Os dois partidos que competiam ficaram com apenas 8 por cento dos votos, igualmente e dessa forma não poderia ser eleito um vencedor. Dadas as circunstâncias, eles decidem refazer a eleição, mas são surpreendidos quando, novamente, o resultado traz uma quantidade muito superior de votos em branco.
Faz-se novamente uma votação 7 ou 8 dias depois da primeira e novamente a maioria dos votos são brancos. Uma ação como essa não parecia ter sido despropositada, então os líderes políticos decidem começar a investigar. Começaram de leve, perguntando as pessoas em quem votaram. Elas, conhecedoras de seus direitos, sempre diziam que tinham direito de manter seu voto em privacidade. Não importava quantas pessoas eram interrogadas, todas sempre tinham a mesma resposta na ponta da língua.
Um caos foi instaurado. A população era resistente em manter o silêncio e o governo era persistente em encontrar o autor desse “crime”. Para eles, havia um responsável por essa ação contra a política e eles estavam dispostos à uma guerra para descobrir o que estava acontecendo e dar um jeito no culpado.
Começaram punindo as pessoas, cortaram o serviço de coleta de lixo. Mas foram surpreendidos quando na manhã seguinte, no mesmo horário, todas as donas de casa saíram em direção à suas ruas, varrendo e recolhendo todo o lixo. Essa era uma resposta silenciosa, retrucando o castigo.
Mas uma pessoa, a ovelha negra do grupo, achou que estavam errados em agir assim e decidiu mandar uma carta para os líderes políticos onde relatava coisas importantes. Foram as palavras dessa carta que conseguiram dar um novo rumo as investigações. Por mais resistência que tinham, o governo não cederia tão fácil.
As pessoas pensando que não poderia piorar o governo vai fazendo coisas revoltosas como prender as pessoas e usar detectores de mentiras para ver o que está acontecendo entre outras coisas para descobrir o porquê a grande maioria votaram em branco.
Até que boa parte da população faz uma passeata em que a população assume ter votado em branco, assim como, toda história pode piorar essa piora e muito, não só ficam sem policiamento como também sem condições de abastecimento e entre outras coisas.
Aqui Saramago nos mostra, por meio da literatura como uma democracia pode tornar-se algo pior do que qualquer coisa que imaginávamos por simplesmente a maioria votar em branco e expressar o que eles queriam. As consequências não são nadas boas nem para os habitantes, nem para os governantes.