Cris 20/05/2021Maternidade, solidão e preconceitos"A solidão agia como uma droga da qual ela não sabia se queria abdicar. (...) Na solidão, ela começou a olhar para as pessoas. A vê-las de verdade. A existência dos outros se tornou palpável, vibrante, mais real que nunca. (...) Nas praças, na saída de uma estação de metrô, reconhecia o estranho desfile dos que estão perdendo a paciência. Esperava com eles a chegada de alguém. A cada dia ela reencontrava os companheiros de loucura, falantes solitários, malucos, mendigos." Pág. 86
Um livro que já começa pelo fim. Logo no início, temos a narrativa de uma tragédia que aconteceu na família de Myriam e Paul, um jovem casal francês com dois filhos pequenos - Adam e Mila.
A partir daí, a autora volta no tempo nos contando a vida destes personagens e como as coisas aconteceram para chegar neste ponto do início do livro.
A personagem central da história é Louise, a babá das crianças. Louise foi contratada pela família quando Myriam resolve trabalhar e eles precisam de alguém para cuidar das crianças. Porém, Louise é muito mais do que uma babá. Ela passa a fazer parte da rotina da família de uma forma que eles passam a depender dela para tudo.
Mas quem será esta mulher tão organizada e impecável, que é capaz de transformar completamente a vida desta família?
Aos poucos, vamos conhecendo a história de Louise. Onde ela mora, como é a vida dela. E a cada página, ficamos mais curiosos e surpresos.
Eu adorei esta leitura, sem dúvida, uma das melhores deste ano. A autora foi muito além de analisar um crime, ela nos mostra personagens reais, com seus muitos defeitos e qualidades, além de abordar muitos assuntos importantes ao longo do livro, como imigração, xenofobia, solidão, maternidade e o papel da mulher na sociedade.
Vi muita gente decepcionada com esta história, pois o final é bastante inesperado. Portanto, minha indicação é ler e aproveitar a narrativa, sem se prender à resolução do crime. Eu fui surpreendida positivamente, pra mim, o livro foi melhor do que eu esperava.
"É no meio da tarde que percebemos o tempo desperdiçado, que nos preocupamos com a noite que vai chegar. Nessa hora, temos vergonha de não servir para nada." Pág. 94
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