Aline Marques 03/04/20192019 é o novo 1915. [IG @ousejalivros]Um país povoado e regido unicamente por mulheres que, em sua racionalidade e sabedoria, progridem através da manutenção do coletivo e da educação igualitária de suas cidadãs, independente da idade; tendo a maternidade como base e diretriz, moldando um futuro isento de privações e retrocessos. Assim é na Terra das Mulheres, o lugar escolhido por um grupo de amigos para uma excursão exploratória e, possivelmente, predatória, já que a masculinidade do trio é atrelada a conceitos sexistas, misóginos e patriarcais.
Com um início dinâmico e capítulos curtos, Gilman envolve o leitor na apresentação da sua utopia, abordando (continuamente) a questão de gênero através de observações e diálogos sagazes, que denunciam a centralização de poder do sexo masculino e aos estereótipos sociais que ditam o que é ser mulher.
O ritmo fica a mercê das repetições que destacam a idade e as falhas da narrativa, mas também promovem debates urgentes que intensificam a experiência, convidando o leitor a refletir sobre o seu posicionamento e a imprescibilidade de mudança.
A autora escreve sobre o que acredita, conhece e almeja, reforçando preconceitos e discriminações, na mesma medida que os desconstrói, deixando a conclusão e interpretação por conta de seus leitores, que devem encarar tal aventura munidos de conhecimento e disciplina.