Lari 18/05/2021
Livro necessário para rever conceitos
Trata de uma recompilação de crônicas, maioria da revista Carta Capital, num só livro debatendo feminismo, racismo, machismo e temas correlatos. Demorei na leitura já que estava lendo aos poucos, no máximo 1 ou 2 crônicas ao dia. Queria refletir sobre a leitura e absorver os conceitos/questionamentos, a escolha foi acertada porque muitos textos se repetem e pode ficar cansativo ler tudo de uma vez. Como cada crônica tem entre 2-4 páginas, da pra conciliar o livro com um romance.
Sou mulher, só que branca. Quem me vê não enxerga minha bisavó negra, mas sim os meus traços mais latinos/ibéricos/europeu. Não sofro discriminação pela cor da minha pele, nunca sofri, não sei o que é isso. Mesmo assim, achei importante ler para entender as reinvidicações do movimento feminista negro. Havia cursado uma matéria sobre feminismo no mestrado, mas não enfocou muito na transversalidade com o racial.
O livro cumpriu sua função de me instruir. Achei agressivo as vezes, mas isso é justificável dado a dificuldade de mudar o status quo e o cansaço de ter que repetir a mesma coisa para assegurar direitos. Imagino a raiva que a autora deve sentir por tudo que enfrentou, muito que relata no livro. Discordo de algumas coisas, concordo com muitas. Alguns dos erros que ela destaca eu mesmo cometo. Na língua falada, não pensamos na etimologia de tudo que dizemos, apenas falamos. Eu uso o termo mulata/mulato sem saber que era algo negativo, meu namorado é mulato e eu até me referi a ele assim. Eu mesma lembro do livro da escola que estudamos pra aprender a classificação racial: cafuzos, mulatos e mameluco. O livro me fez repensar muitas atitudes minhas, entender o outro lado da moeda.