Sparr 06/12/2020
Mais uma linda narrativa.
primeiro livro publicado da autora, (não o primeiro escrito), temos cá a visão cheia de ironia de uma sociedade que vivia à base de suas convenções sociais. Jane Austen, antes de escrever romances cheios de respiros e suspiros, compunha verdadeiros manifestos de críticas e comentários sobre os comportamentos de sua época. Para que se extraia mais do que o romance, é preciso ler, lembrando-se sempre que possível, de que se trata de um livro do séc. XVIII.
Em Elinor, vemos que a Razão, por vezes, chegava aos sentimentos e a tornava, de certa maneira, insensível a si mesmo para que tudo se mantivesse em equilíbrio. Equilíbrio que custava sua paz interior.
Em Marianne, vemos que a Sensibilidade (não sei se assim deveria ter sido traduzido o termo) a torna cheia de melindres, melosa, chorona e egoísta. Destaquei cá as imperfeições das personagens, não para criticá-las, mas para mostrar como as construções de pessoas de Jane Austen, são humanas. Palpáveis e tangíveis.
O romance traz a trajetória de Elinor apaixonada por Edward Ferrars de maneira quase secreta, esperando que um dia aconteça o milagre de ser correspondida. E Marianne apaixonada por Willoughby, um bon vivant que faz mais de uma mulher apaixonar-se ao mesmo tempo, decidido a ficar rico por meio de um bom casamento, que sim. Nessa época, era também um negócio.
O livro nos levará pelo desfecho desses relacionamentos e como eles afetarão aos círculos de convívio das irmãs e as mudará, sempre deixando em evidência as características de razão e sensibilidade.
A tradução que tenho é feita pelo Marcelo Barbão, boa e sem vícios. Livro narrado em terceira pessoa. Minha edição é bem bonita e foi muito barata para a qualidade da produção.