Wellington.Pimente 01/04/2023
Luta
A protagonista Adah, em uma Nigéria dos anos 60, demonstra a terrível opressão cultural que mulheres enfrentavam em seu país. A personagem, apesar da opressão e de todas as imensas dificuldades enfrentadas, ela consegue ascensão educacional e financeira. Seu marido Francis vai para Londres, custeada pela própria Adah, onde ela vislumbra uma forma de conquistar maior independência para si e seus filhos, onde o seu povo sempre vislumbrou como uma terra prometida. A sua chegada em Londres acontece com uma recepção bem fria, devido ao inverno, mas que Adah confirma essa frieza através do desafio, ainda maior, numa terra que a trata como uma cidadã de segunda classe, através do racismo e xenofobia, e mais, de seus próprios compatriotas, com a inveja e as abordagens que a personagem vai relatando, afinal aos negros restavam morar em locais insalubres e com muitas dificuldades de quebrar os grilhões sociais impostos. Além disso, um péssimo companheiro, o Francis, que é machista, usa culturalmente a religião para impor a submissão dela, infiel e espanca constantemente a mesma, a submissão cultural vinda da religião é imensa, que até para a mulher conseguir prevenção de uma gravidez indesejada, mesmo vivendo em uma cidade como Londres, nos anos 60, havia necessidade de autorização do marido para fazer o procedimento. O desfecho do livro é rápido pois há uma continuação dessa história, porém a obra é muito impactante, se fica até nervoso pela falta de reação Adah, por tamanhos abusos sofridos. A história de vida da autora Buchi Emecheta se assemelha em vários pontos com a da própria Adah, o que se pode considerar uma ficção autobiográfica.