Nat 23/01/2021
Sementes
Angela Davis era apenas um nome distante... Até a morte de Marielle Franco. Morte não, assassinato. Eu não conhecia a Marielle ante desse dia Fatídico e isso mudou a minha maneira de olhar para a política. A gente tem obrigação, enquanto sociedade, de ouvir essas mulheres na política, no ativismo, nas lutas de classe, nas lutas pelos direitos que nos são negados, diariamente. Quem são essas mulheres que dedicam grande parte do seu tempo e trabalho para tentar mudar essa política sem rumo?
Nessa Autobiografia, Angela Conta-nos as suas ideias, as suas lutas, os seus motivos e a sua vida intensa, mesmo com períodos de prisão (de cuja instituição dá motivos importantes para a transformar numa instituição educativa e não meramente punitiva). E como ela mesma conta, esses anos e experiências são apenas o começo. “Se víssemos aquele momento de triunfo como uma conclusão e não como um ponto de partida, seria equivalente a esquecer aqueles que ainda estavam acorrentados. Sabíamos que, para salvar suas vidas, tínhamos que desenvolver e defender o movimento”.
Ele explica que, em sua opinião, a luta dos negros oprimidos não era só deles, mas que deveria fazer parte de um movimento revolucionário mais amplo, que abrangesse todos os trabalhadores e se dirigisse ao socialismo.
E, claro, também fala sobre machismo dentro do movimento. Ela própria é exortada por não limitar sua atividade política a dar ânimo e força ao que é realmente importante: os homens negros, que foram os únicos responsáveis pela luta pela libertação negra.
Minha parte favorita é a segunda, em que ele fala sobre como era sua vida antes de ser ativista e como ele mergulhou na luta política e como sentiu que deveria ser. Aqui está uma citação de quando eu era uma menina e fui para a escola:
"Parecia-me que, se havia crianças morrendo de fome, algo estava errado e que, se eu não fizesse nada para remediar, algo estava errado dentro de mim também."
Foi Marielle quem me apresentou Angela Davis; Angela Davis me apresentou Lélia Gonzalez; Lélia Gonzalez me apresentou Beatriz Nascimento e Abdias de carvalho e Conceição Evaristo e Carolina de Jesus e Luiza Bairros... E de repente eu estou no meio de uma floresta cercada por esses Baobás, Angelins e Jacarandás. Todos esses Orixás.
Eu só quero agradecer por tanto e se ainda houver tempo, espalhar esses nomes no vento... espalhar esses nomes no vento.