Isabelle.Jaguszewski 07/05/2024
é absurda a precisão com a qual Rosa descreve o luto. as palavras encontraram meus sentimentos que não conseguiam ser resumidos e agora existem, porque foram definidos. é de uma sensibilidade tão crua que a autora fala sobre os Curie, principalmente *ela*, Marie, que eu me peguei imaginando e sorrindo com as vivências da vida da minha anti-heroína preferida. é lindo ver a humanidade de quem admiramos. e Rosa acerta muito em mostrar o lado real da Curie, não apenas a santa que queremos ver -e conseguimos, na maior parte do tempo.
o apêndice com o diário de Mme Curie é um momento à parte. me questiono como essa mulher não tem um nobel de literatura, sendo que contorna como poucos conseguiriam o que significa o luto. não ter escrito mais após o primeiro ano, ao contrário do que Montero acredita, é a forma que Marie encontrou de sobreviver à morte trágica e precoce da pessoa que mais amou em vida. não dar vazão a esse sentimento tornou mais fácil ignorar que estava ali. nisso, e no intenso amor pela ciência, eu e Mme Curie nos encontramos.