spoiler visualizarCésar.Lavalle 10/06/2024
Belíssimo
Saramago desenvolve uma história repleta de críticas, que nos conduz às mais diversas reflexões. Escrito no estilo característico do autor, leitura indispensável para quem se pergunta que tipo de vida é a vida da morte (e não a Morte, entidades distintas, segundo o autor). Além disso, suscita questionamentos acerca da distopia de um mundo sem o fim da vida (pois é este o argumento do autor: quando não se morre, se prolonga indefinidamente o sofrimento humano, a imortalidade não é sinonimo de eterna juventude, saúde, vigor, etc). De que modo as instituições se preocupam com estes problemas? Algumas, querem apenas resolver os entraves burocráticos que aparecem à sua frente, outras, como a Igreja Católica, procupam-se demasiadamente com a eventual crise à sua ontologia.
Penso que colocar a linguagem como centro da significação do nosso mundo é uma das provocações do autor, que coloca magistralmente Wittgenstein na epígrafe. Tanto mostrando a visão dos humanos, como a do cachorro em um momento sutil, e também a da morte, esse livro é filosófico, profundo e muito bem escrito.
Saramago fez desse mundo um lugar com mais vida.