As intermitências da morte

As intermitências da morte José Saramago




Resenhas - As Intermitências da Morte


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Suelli.coelho 13/05/2024

É sempre aquela coisa
O livro é bem bom e é bem dificil de ler como todo mundo ja sabe o quao dificil é saramago,mas a historia é muito boa mesmo daquele tipo que vc nao consegue tirar ele da cabeça
Ellen Seokjin 14/05/2024minha estante
Também quero ler, parece interessante.


Suelli.coelho 14/05/2024minha estante
É muito
Só tem que ser insistente pq o jeito que ele escreve é bem cunfuso,mas acho que vc ja sabe né
A historia valeu a pena na minha opnião


Ellen Seokjin 15/05/2024minha estante
pois é, mas acho que me acostumei rápido a escrita dele


Suelli.coelho 15/05/2024minha estante
Que bom entao




Livia Barini 06/11/2018

Bom livro
E se a morte saísse de férias ? E se vivêssemos eternamente ?
O livro é sobre isso. Uma ideia original. Muito divertido.
Entretanto uma leitura difícil e cansativa. O autor, prêmio Nobel de Literatura, obviamente escreve bem e tem um vocabulário rico, sem ser inacessível. Mas por algum motivo que não consigo entender, se recusa a usar a pontuação de forma adequada; em especial, parágrafos e travessões. Aí os parágrafos se transformam em "tripas" gigantescas, duram até seis páginas... parece que estamos lendo uma ata de reunião de condomínio.
O final também foi inesperado.
Uma boa e extenuante leitura.
Aline 06/11/2018minha estante
Esse eu achei q foi o ?mais fácil? dele que já li! Rss


Livia Barini 07/11/2018minha estante
Acho que nem vou ler os outros então kkkk


Aline 07/11/2018minha estante
Ohhhh leia sim! Eu amo esse velhinho. Nas próximas leituras esse estranhamento ao estilo dele passa... nunca li um livro ruim dele.




Carlos Nunes 30/03/2020

Reflexões sobre (e com) a morte (com m minúsculo)
Livro bastante interessante, com muitas questões sobre as quais normalmente não nos debruçamos. Em um país qualquer, a partir do primeiro dia do ano, as pessoas simplesmente param de morrer, seja em que estado estiverem. Após a euforia inicial, a população e o governo vão sed ando conta das implicações sociais e econômicas desse fato, chegando à conlcusão de que a situação não é tão boa quanto imaginávamos. Mas, aos poucos, mesmo que se utilizando de meios não ortodoxos, o povo vai se adaptando à nova condição, só para logo depois, a morte (assim mesmo, com m minúsculo) resolver voltar ao trabalho, mas com um proceder diferente. Na segunda parte, acompanhamos a morte, não só no seu trabalho, mas nas suas reflexões sobre seu proprio papel no mundo e na História. A terceira parte mostra uma situação inusitada, quando uma de suas cartas volta, levando a morte a ficar curiosa e querer descobrir mais sobre quem é essa pessoa que parece ser imune aos seus desígnios.
O livro, como todo Saramago, requer leitura atenta, mas depois que se pega o jeito, a leitura não é difícil. Apesar do tema espinhoso e propício a muitas e profundas reflexões, é colocado de forma muito bem-humorada, o que gera uma leitura bastante agradável. Um ótimo ponto de partida para conhecer a escrita do autor.
Bazz 08/04/2020minha estante
Estou terminando o livro, só vou discordar sobre ser ponto de partida para conhecer Saramago (indicaria 'o conto da ilha desconhecida' ou mesmo 'o ensaio sobre a cegueira')


Carlos Nunes 08/04/2020minha estante
Sério? Ainda não li, mas penso que CEGUEIRA deve ser beeem pesado pra começar.


Bazz 08/04/2020minha estante
Sobre a temática, Ensaio sobre a Cegueira realmente é pesado, menos bem humorado, mas imagino que o leitor vá preparado (Eu pelo menos tinha visto e gostado muito do filme)




ANA VALÉRIA 28/05/2012

Cômico, dramático, romântico... Fantástico!
As Intermitências da Morte é um ensaio em que José Saramago propõe um mundo na ausência da tão temida e terrivelmente odiada pelo ser humana: a morte. É um livro altamente crítico, reflexivo e sentimental.
O ser humano vive a culpar a morte de ser sua maior inimiga e Saramago abre um espaço para que ela possa se defender: cansada de ser sempre acusada de insensível e má a morte, resolve, então, mostrar ao homem que o mundo sem ela seria um verdadeiro caus.
Saramago tenta desconstruir a imagem da morte como um lastimável fim para o homem e construir a ideia do descanso do corpo e uma renovação da família. Desta forma, ele leva à reflexão da morte como um alívio, não apenas para quem morre, mas também para os familiares e para a sociedade de um modo geral, já que é a morte que regula o ciclo da vida.

Se a morte passa a não existir a igreja já não faz sentido, pautado neste fato Saramago tece suas críticas à religião, não deixando de lado as críticas à política e à imprensa que também se fazem presente.

“A propósito, não resistiremos em recordar que a morte, por si mesma, sozinha, sem qualquer ajuda externa, sempre matou muito menos que o homem."

Não poderia deixar de comentar da característica que difere a escrita de Saramago – a falta de pontuação especial que exige bastante atenção do leitor, o que não é difícil, pois a leitura é bastante atrativa e empolgante: em 207 páginas a morte conta a sua história!

Indico e nem preciso desejar boa leitura, pois o livro faz isso por si só.
Paulinho 29/05/2012minha estante
Gostei Ana... muito bom.


ANA VALÉRIA 29/05/2012minha estante
Muito obrigada Paulinho, fico feliz que tenha gostado.


L u d m i l a 30/05/2012minha estante
Gostei também Ana. Quero muito ler esse livro...




Dúnia Valle 21/02/2014

E no dia seguinte ninguém morreu...
Você já desejou que não houvesse Morte?
Em contrapartida, você já parou para pensar o que aconteceria se de repente ninguém mais morresse???
Pois é o que José Saramago nos convida a refletir neste livro, e o livro já começa de forma impactante: "E no dia seguinte ninguém morreu..."
Sim, já começamos a obra sabendo que as pessoas simplesmente pararam de morrer, de forma inexplicada.
Aproximadamente metade do livro vai esmiuçar as consequências políticas, econômicas, religiosas, logísticas e emocionais deste fato. Não há maneira de descrever todas as facetas que Saramago buscou e analisou, por isso ele é um mestre, não é mesmo?
Ele consegue pensar em aspectos muito incomuns e pungentes do não-morrer, é incrível!
Não vou mentir, para mim, o modo como ele escreve não é dos mais agradáveis de se ler, acho cansativo e diminui bem meu ritmo de leitura, mas vale a pena pela idéia da obra e mais ainda pelo desfecho...
Pois bem, até a metade do livro temos essa face mais social da não-Morte e da metade até o fim temos, o que é para mim a melhor parte, o aparecimento da Morte em si.
Eu particularmente adoro livros em que a Morte aparece de algum modo (A Menina que Roubava Livros, por exemplo! Maravilhoso!).
A Morte está de greve, simples assim. Ela cansou de ser tão indesejada por nós, humanos...ou não,Ela muda de idéia facilmente também, quase volúvel em alguns momentos, eu diria...
A Morte é maravilhosa.Sem mais.
Para mim, é Ela quem dá o tom desta obra e é graças a Ela que vale a pena lê-lo até o final.
Como eu descrevi o livro aos meus amigos?
"O livro é bom, mas lento até metade, depois fica incrível e quando fica sensacional,acaba!"
Só tenho um favor a pedir, se você leu este livro, por favor, converse comigo porque o final do livro simplesmente me deixou quase-surtada!

=]

Michelle Gimene 23/02/2014minha estante
Eu adoro o estilo do Saramago. Verdade que é meio cansativo, que a leitura é mais lenta, mas isso não me atrapalha. Ainda não li "Intermitências da Morte", mas sinto que vou gostar muito. Já que você gosta de história em que a dona Morte dá as caras, indico "A desintegração da Morte", do Orígenes Lessa. Já leu? O tema é o mesmo desse do Saramago: a inexistência da morte e as suas consequências.
Vou ficar te devendo a conversa sobre o final do livro ;)
bjo


Sarah 25/02/2014minha estante
Eu AMO Saramago, é um dos meus escritores favoritos. Sim, o estilo é mais difícil, a leitura fica mais lenta. Mas é único e inconfundível, eu acho incrível.
Eu li Intermitências! Faz tempo, mas também achei fantástica a forma como Saramago relacionou tantos pontos à ausência da morte. Será que lembro a ponto de conversar sobre o final? :)


bort0 29/03/2014minha estante
Não entendi porque ficou surtada




Pablo Paz 28/02/2024

Não morra antes de ler esse livro. É curto!
Certo dia, as pessoas param de morrer. A Morte resolveu fazer greve. Melhor, uma intermitência - interrupção temporária, segundo os dicionários Daí a narrativa discorre sobre as consequências sociais e existenciais sobre a possibilidade do "não-morrer", ainda que de modo intermitente como sugere o título ao invés de eternamente. A tão famosa "angústia de morte" da tradição psicanalítica é aqui invertida e "ressimbolizada" transformando-se, com a mera possibilidade de viver para todo o sempre, numa "angústia de vida". Aqui "o real, o simbólico e o imaginário" dos psicanalistas é posto ao avesso pela imaginação grandiosa do poeta; para mim, leitor, esta obra em prosa está mais para a lírica e a música do que para o romance e o conto modernos. Viver eternamente - exceto na esfera do desejo ou na memória dos outros - não é para nós, senão para Deus(es). Uma das mais belas parábolas sobre o tema da morte e do desejo de eternidade que alguém já escreveu.

Saramago conseguiu - como disse Harold Bloom, um crítico literário insuspeito por não passar pano para ninguém - ser maior do que Shakespeare quando se compara a quantidade de obras-primas produzidas. Imagina a sua fama se tivesse tido e escrito em inglês, a atual língua hegemônica? Pelo menos temos algum privilégio: poder lê-lo no original.

Não morra antes de ler esse livro. É curto!
Mariana113 28/02/2024minha estante
Já vai entrar na minha lista.


Pablo Paz 28/02/2024minha estante
Menina Mariana, tu não vais se arrepender...


raíssa. 02/03/2024minha estante
Esse livro é fantástico! Foi meu primeiro contato com o autor e talvez por não ter expectativas, me surpreendi muito com a maestria da escrita, principalmente por trazer um tema tão complexo como a morte. Uma das melhores leituras que fiz na vida com certeza! Saramago é genial!




Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

Intermitências da morte, José Saramago – Nota 9,5/10
“No dia seguinte ninguém morreu”. Essa é a frase de abertura do livro, que tem como personagem principal a morte (com letra minúscula, registre-se!). Cansada de ser vista como algo (ou alguém) indesejado por nós, seres humanos, a morte de um determinado país – sim, porque existem várias mortes - decide interromper suas atividades para deixar clara a importância que recai sobre sua função. De um dia para o outro, portanto, NINGUÉM mais morreu.

E quais serão as consequências dessa atitude vaidosa da morte? É justamente esse o enredo de mais uma obra excepcional de Saramago, que passa a discorrer sobre os prejuízos causados aos empresários dos serviços funerários, a superlotação dos hospitais, a perda da função da igreja, o contrabando de pessoas em busca da morte em outros países e por aí vai... O autor ainda consegue humanizar a morte, transformando essa figura em alguém que sente, que pensa e que tem suas próprias dúvidas existenciais!

É um livro muito bem escrito, com parágrafos longos e com pouca pontuação, características de Saramago. Achei que no meio da obra, o autor acabou deixando a leitura um pouco prolixa e arrastada, o que foi logo “corrigido” por uma reviravolta. E, apesar de tratar de um assunto tão polêmico, o autor recorre constantemente ao humor, à ironia e à crítica social. Termino esse livro com ainda mais convicção da genialidade do autor e com ainda mais vontade de conhecer outras obras.

“Somos testemunhas fidedignas de que a morte é um esqueleto embrulhado num lençol, mora numa sala fria em companhia de uma velha e ferrugenta gadanha que não responde a perguntas, rodeada de paredes caiadas ao longo das quais se arrumam, entre teias de aranha, umas quantas dúzias de ficheiros com grandes gavetões recheados de verbetes.” (p. 145)

site: https://www.instagram.com/book.ster
Rhebeka.Silva 01/03/2020minha estante
Não li muitos livros da literatura brasileira, mas depois da sua resenha com certeza vou!


Michelly 11/03/2020minha estante
Minha obra predileta de Saramago.


BetoOliveira_autor 08/05/2020minha estante
Não sei se exatamente ele humanizou a morte, mas me parece que o autor quis demonstrar que a morte não está fora da gente, está dentro e, portanto, ela não surge, ela se dá no suceder dos episódios existenciais.
Para mim, a primeira parte da obra mostra que a morte tem um propósito, e o propósito é proteger a vida dos imensuráveis problemas da imortalidade. Embora muitos anseiem pela imortalidade, os mais sábios a têm como uma maldição.
A segunda parte, no surgir do violoncelista, o final, posso ter me enganado, sugere que o amor supera a morte, ainda que metaforicamente. Um final Nietzscheneano, em que o músico dorme com a morte, sem medo, abraçando o destino e todas as suas vicissitudes, o amor fati.




Dacimara.Costa 27/03/2022

Que experiência maravilhosa que foi ler esse livro. Vi muitas pessoas reclamando da forma de escrita de Saramago, e num primeiro momento eu achei que ia precisar de um dicionário pra ler esse livro. E esse foi meu único problema. Eu simplesmente amei a forma como ele escreve, lá pela página 23 eu já estava super habituada com a escrita dele e a leitura fluiu muito (claro que o fato de ter colocado a escrita dele num pedestal ajustou muito). Achei simplesmente genial a forma como Saramago escreve, abolindo inúmeras pontuações e adotando uma escrita contínua, o que foi pavoroso pra muita gente, e na verdade até pra mim que perdeu muitos compromissos só pra ler os capítulos sem pausa, mas ainda assim amando. Talvez, Saramago tivesse um péssimo gênio, sobretudo nas aulas de linguagens. Fico pensando como seria conversar com ele? Como era ele? Quero uma biografia já.
Mas eu fiquei muito encantada, (e acho que todos devem ficar) não só com a história que ele cria, mas a forma como ele escreve a história que ele cria. O jogo de palavras que ele usa é espetacular. Eu estou convencida de que preciso ler toda a obra desse autor. Essa história é genial, primeiro pelo fato da morte cessar suas atividades, algo que é inimaginável, exceto para Saramago, e logo depois, a cadeia de desastres que isso gera. E segundo, pelo fato da morte ter seu ponto de vista contada nessa história, (só Saramago que pensou nesse negócio), seu trabalho, a solidão disso tudo, como ela compreende os seres humanos e afins. Se a gente dividir esse livro em duas partes, sendo a primeira todo o período que a morte cessa, na verdade somos nós nesses anos de covid-19, de 2020 a 20? e não sei quanto. E se você pegar a segunda parte desse livro, imagina se essa [*****] fosse de verdade? De fato existem muitas mortes aqui, e isso é de estourar nossas cabecinhas. Quem leu vai entender! E ele ainda te joga verdades nuas e cruas, de forma muito pragmática e ainda te faz rir daquilo. José Saramago é sem igual. A forma que fez ele tem que ser conservada porque um só é muito pouco.
Carolina.Gomes 27/03/2022minha estante
Livro maravilhoso!!


Andre.Trovello 28/03/2022minha estante
Eu amei sua resenhaa!!
??


Dacimara.Costa 28/03/2022minha estante
Eu amei a sua resenha Andre




de.ler.eu.gosto 13/12/2023

Sensacional.
Iniciei essa leitura sem muitas referências além das quais já sabemos todos, Saramago é Sensacional e ponto.

As intermitências da Morte é um livro sem respiro sem pausas, não só na escrita mas em sua linha de raciocínio, vc se adequa de uma forma que é plenamente capaz de ver cada feição de cada personagem.

" E no outro dia ninguém morreu", contada na primeira metade, compartilhamos a primórdio as beneces para alguns de não morrer no entanto para a igreja, filósofos e o estado as demandas de uma superpopulação que não morre, rimos, pensamos questionamos até que na segunda metade sim a ela a própria morte manifesta-se levantando ainda mais nossos questionamentos diante de suas próprias questões, tomando atitudes inusitadas

Difícil é divagar sobre essa obra em um resumo sem dar espoiler.

Mas mas afirmo com todas as letras, que está obra eh simplesmente Sensacional, e todos deveriam ler.

Saramago eh Saramago , inquestionável isso !!!!
Yasmin V. 13/12/2023minha estante
É muito bom!!!


Bruna 14/12/2023minha estante
Que bom que gostouuu ??


de.ler.eu.gosto 15/12/2023minha estante
Bruna, eu ameiiiii??




Débora 06/07/2015

Nem rei, estado, máphia, polícia, igreja ou Deus. Apenas morte.
Quando a morte rompe com o automatismo perceptivo e de suas funções, ela põe em xeque tudo o que se tem por certo das leis da existência, do ciclo da vida, rompe com a verdade absoluta e já sedimentada e causa dúvidas e confusão generalizada. A morte aqui (a)parece ávida por novidade. Indagando, experimentando e descobrindo-se senhora do seu destino. Nem o rei, nem o estado, nem a "máphia", polícia, nem igreja e nem mesmo Deus são maiores que a morte. A morte é soberana e personagem principal num livro nada convencional e que pode conduzir teu pensamento à lugares nada comuns.
Allice 10/07/2015minha estante
Já queria ler, e depois da tua resenha quero deu mais vontade ainda!


Débora 12/07/2015minha estante
À principio, a história não empolga. Ele começa discorrendo sobre as consequências da ausência de morte e é necessário reflexão. Mas quando a morte deixa de ser mostrada apenas como coadjuvante da vida humana e passa a ter consciência de si, e indagar e promover mudanças até então impensáveis, acho que vale a pena todo o esforço inicial.


Rodrigo 29/07/2015minha estante
Ótima resenha. Li muito pouco do Saramago, mas agora fiquei bastante interessado nessa obra :)




Jow 23/08/2011

Morrer é um direito de quem vive.
“O homem é a criança enlouquecida diante da morte” Leneru

Único ser vivo a ter consciência de sua finitude, o homem tenta encontrar consolo - ou afastar o medo talvez - falando da morte e de sua inevitável chegada. Por ela ser uma constante na sua experiência da vida, antes de se tornar o fim para ele próprio, esse homem elabora teorias filosóficas e cria formas artísticas sobre o enigma do sentido de viver para morrer. A vida inclui a morte que o homem não deixará jamais de rejeitar, mesmo tendo consciência da impossibilidade de viver para sempre. Ao olharmos para a história das artes encontramos pinturas e obras literárias cuja temática é a morte, aparecendo freqüentemente como começou a ser representada a partir do século XII: Um esqueleto coberto por um manto monástico e uma foice na mão. Temos então, uma forma universal de abordar a face da morte. Mesmo assim, o homem do ocidente não está preparado para a morte, e o desejo de uma vida eterna na terra sempre está na pauta dos sonhos do ser humano. Mas, quais as reais conseqüências se um fato dessa magnitude realmente se realizasse?! Temos então o romance de José Saramago, “As Intermitências da morte” e uma explanação simplesmente fantástica para um fato que mudaria totalmente a face do mundo.

Como realidade invisível, porém implacável, ela é o centro dos dois núcleos que constituem o romance do autor português. Sua ausência desencadeia - em um espaço sem nome e num tempo não datado, mas que certamente se trata do nosso por uma série de indícios - uma catástrofe em termos romanescos, o que leva o leitor a pensar na real necessidade da morte para a renovação da vida. Mesclando situações absurdas, impossíveis, com outras que seriam realidades caso os homens não morressem, Saramago mostra um mundo ambíguo formado por milhões de pessoas que, eufóricas porque a morte desapareceu de seus horizontes, sentem-se paradoxalmente aliviadas quando ela volta a ser uma presença, independente da suas vontades e atos.

Seguindo-se a essa verdadeira reportagem, ainda que fantástica, onde a ironia reina pela voz do narrador, o romance desenvolve um segundo núcleo onde o leitor vê tanto a imagem tradicional da morte como a sua transfiguração numa bela mulher que decide verificar o que impede que a comunicação sobre uma morte próxima chegue a seu destino, um violoncelista. A partir do não-lugar em que vive, a figura mortal que comanda os destinos do mundo envia uma fatídica e temida correspondência sob a forma de uma carta lilás para os homens que sabem então estar com seus dias contados.

O romance de Saramago, neste segundo momento, é atravessado por uma outra espécie de ironia quando a mulher-morte se apaixona pela vida e decide adiar o fim daquele que estava marcado para morrer porque ela passa a amá-lo. Mais especificamente, conhece os prazeres do sexo e não quer abrir mão deles. A situação é irônica traduzindo uma postura de desmistificação da morte, algo como um enfrentamento para afastar o horror.

A ausência da morte em níveis reais constituiria uma tragédia, e é isso que vem para o romance. Necessária à perpetuação da vida, sua inexistência definitiva, aparente sonho da humanidade, mesmo daquela sua parte sofredora, traria o caos social. Num mundo onde a população aumenta a níveis assustadores enquanto o trabalho diminui de maneira mais assustadora ainda, a não-morte levantaria, de imediato, problemas como os que o romance de Saramago aborda de maneira irônica. Toda a indústria que necessariamente existe - e é preciso que exista - em função do final da vida entraria em colapso.

Seria impossível uma obra de Saramago não atacar a Igreja que “como não podia deixar de ser, saiu à arena do debate montada no cavalo de batalha do costume, isto é, os desígnios de deus são o que sempre foram, inescrutáveis, o que, em termos correntes e algo manchados de impiedade verbal, significa que não nos é permitido espreitar pela frincha da porta do céu para ver o que se passa lá dentro”. A ironia corrosiva contra uma Igreja que aparece desde sempre enredada aos negócios da terra - leia-se do estado -, muito mais que aos do céu, aparece na figura do cardeal sendo obrigado a admitir para o primeiro-ministro “que se se acabasse a morte não poderia haver ressurreição, então não teria sentido haver igreja” e a conclusão óbvia do narrador é “que toda a história santa termina num beco sem saída”.

A leitura do romance de Saramago no seu todo, constitui uma reflexão sobre o sentido da vida e da morte. Da morte como necessidade; da vida como o tempo a ser bem vivido e celebrado, o que certamente não é a realidade do mundo. Da morte, brota a vida, a sua renovação; ela habita ironicamente o mundo dos vivos. A ironia do fato de a morte se apaixonar pela vida é a representação da celebração. Mas “ninguém morreu” apenas naquele dia, onde termina a história
Alan Ventura 23/08/2011minha estante
?que se se acabasse a morte não poderia haver ressurreição, então não teria sentido haver igreja? Grande dilema, preciso realmente ler a obra e descobrir quais outros dilemas estão espalhados. Parabéns pela resenha. Abração.


Luh Costa 24/08/2011minha estante
Belíssima resenha!
Você escreve magnificamente bem!
Já tinha vontade de ler esse livro e agora depois de ler essa resenha fiquei com muito mais!
Cada vez mais admiro o Saramago com sua imensa genialidade!Falo do Saramago no presente pq, pra mim, gênios como ele não morrem se tornam eternos!
Abraço da sua fã.


Fran Kotipelto 28/08/2011minha estante
Deu vontade de reler o livro, sem dúvida um dos melhores de Saramago, sua resenha está a altura da genialidade da obra. Parabéns dear Jow. Beijo.




May | @vidadaleitora 21/03/2021

Genial!
Olá queridos leitores! Aqui é a May, com um livrão pra indicar pra vocês! A leitura dessa semana foi "As Intermitências da Morte" de José Saramago. Um livro com a temática de morte (que em tempos de pandemia deve ser mais impactante) é sempre polêmico tanto quanto certamente será ótimo. Minhas expectativas foram plenamente alcançadas!

Veja bem, a morte é um tema que particularmente me interessa, pelo fato de ser uma certeza na vida de todos, eu gosto de observar o que as pessoas pensam sobre. Nessa obra, teremos então o pensamento do autor num enredo fictício.

Saramago tem um senso de humor incrível durante todo o livro, e um jeito de escrever peculiar. Não só porque mantém-se a ortografia portuguesa, mas porque mesmo nos diálogos não se emprega travessões ou pontos de interrogação nos longos parágrafos. O mais engraçado é que você se adapta rapidamente a forma de escrita de Saramago porque o enredo o intriga e o instiga a relevar esse detalhe.

Não é exagero quando ouvir dizer que o autor (já falecido) é genial, pois esse fato comprovei eu. A história tem vários personagens sem nome num país não identificado, e mesmo assim não fica pontas soltas! É muito fluido, e até o leitor vira personagem, pois o narrador também se dirige ao leitor, o que achei o máximo!

Eu conheci a obra e me interessei por ela após assistir a duas BookTubers que muito admiro, e por isso recomendo a vocês se apaixonarem como eu: Isabella Lubrano do canal Ler antes de morrer e Tatiana Feltrin do cana TLT. Devo a elas ter tido a honra de ter lido uma obra atemporal e genial, além de criativa e bem humorada.

Favoritado!
Lima.Araujo 21/03/2021minha estante
Ansiosa para ler.


May | @vidadaleitora 21/03/2021minha estante
Eu tambem me vi ansiosa e por isso li em PDF no celular (furtaram meu kindle), mesmo tendo o risco de me dar enxaqueca. Valeu a pena!


Lima.Araujo 24/03/2021minha estante
Estou ouvindo este livro, para me preparar para a leitura kk




fev 26/10/2023

A sensação é que o livro possui duas histórias. A parte que mais gosto, já em um segundo momento, é a personalização da morte. O livro começou muito bem e Saramago respondia meus questionamentos ao longo da leitura. No entanto, os desdobramentos e as digressões em relação ao desenvolvimento do mundo distópico não me encantavam mais. Gosto da premissa, mas a narrativa não me agradou tanto, exceto o que seria a segunda história em me senti mais envolvido. Ainda assim é uma leitura boa e interessante. Recomendo.
ekatherinah 26/10/2023minha estante
senti o mesmo, o livro ter duas histórias (um colega que participou da LC desse livro comentou que sentiu três partes/histórias haha'). A que eu mais gostei foi a que envolve a ausência da morte, o impacto social, político, religioso etc. Eu até gostei da personificação da morte, mas o final me desagradou. E, sim, pra mim também as digressões foram chatas e cansativas depois de um tempo (aquela coisa da borboleta zzzZzZz). Foi minha primeira experiência com Saramago e gostei bastante. Espero logo pegar outros livros dele :)


fev 26/10/2023minha estante
Eu gosto muito do Saramago. Eu já havia lido outros três livros dele e gostado bastante. Desse achei o início interessante e essas partes de como a morte afeta o mundo concreto é bem interessante, mas a parte da divagação é meio qualquer coisa. Outra coisa ruim é que não achei a história linear. Eram sempre episódios, né? Enfim, recomendo os outros livros dele. Eu li poucos, mas quero completar e ler todos.


Cid Espínola 06/11/2023minha estante
Tenho a mesma interpretação de que são 2 em 1. Todavia pra mim foi o contrário, gostei mais da tese da primeira história e depois acho que o livro degringolou.




Fabiana 27/09/2020

A música de Saramago
A morte resolve suspender a sua atctividade. Em tempos pandêmicos seria um grato acontecimento. Mas no desenrolar de uma leitura difícil - ou que exige dedicação - encontramos na música de Saramago tudo de ruim que a falta da morte pode nos proporcionar. Recomendo, com paciência para boas reflexões.
Josana.Baltazar 27/09/2020minha estante
Obrigada, faz anos que quero ler amo Saramago


Fabiana 27/09/2020minha estante
Tenha paciência....leia com calma e irá se encantar.




Carolina.Gomes 24/02/2021

Incrível
Qualquer livro de Saramago dispensa apresentações. É começar a ler e se envolver completamente no fluxo da narrativa genial desse mago das palavras.

Nesse livro, o autor relata de forma bem humorada, mas sempre provocando reflexões, as consequências da greve da morte. Um dia, em um determinado país, ninguém morreu. Passada a euforia da possibilidade de vida eterna, começam a vir à tona os inúmeros problemas advindos da ?greve? da morte.

Até que ela, a morte, em capa, osso e gadanha em punho, resolve mandar uma carta explicando os motivos de ter cessado temporariamente suas atividades. Informando que as atividades seriam reiniciadas sob certas condições.

Simplesmente sensacional! Recomendadíssimo.
Thamiris.Treigher 24/02/2021minha estante
Uau!!


Carolina.Gomes 25/02/2021minha estante
Vale muito a pena ler.




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