spoiler visualizarRayssa Bonissatto @livrosdarayssa 01/06/2024
Bem ok.
Quinn e Graham se conhecem de um jeito bem inusitado: no corredor do apartamento do noivo de Quinn, enquanto o respectivo noivo a está traindo com a namorada de Graham. Basicamente Graham os segue e Quinn aparece por lá numa coincidência a la Colleen Hoover.
Mas é aquilo: ficou bem na cara que o casal era Graham e Quinn.
Só que isso é o antes.
O livro foi escrito de uma forma bem interessante, intercala capítulos no passado (início do relacionamento) e capítulos no presente (casal depois de sete anos de casados enfrentando uma baita crise).
No presente, o casal enfrenta problemas com fertilidade. Quinn é estéril mas sonha em ser mãe. As inúmeras frustrações fazem com que ela se encolha no próprio sofrimento, rejeitando Graham e ele não sabe como atingir ela.
O livro no final das contas é sobre comunicação dentro do relacionamento. Os dois não conversam sobre seus medos, angústias, não são francos. Na falta disso, o relacionamento se perde.
Mas em alguns momentos tem aquela velha problemática de CoHo... Sim, concordo que às vezes acho a escrita dela é irresponsável e nesse livro eu senti isso em alguns momentos. Enumero aqui:
1- resumir o sucesso no casamento a frequência extraordinária do s3x0. Relacionamento de verdade não é isso não.
2- resumir o casamento feliz a filhos. Aqui talvez muita gente discorde de mim. Mas minha visão é a seguinte: você se casa pelo companheiro(a), pela companhia, por querer compartilhar momentos, tem alguém que assuma o compromisso (recíproco) de ser testemunha de sua vida. Filhos podem ou não fazer parte do casamento feliz. É injusto consigo e com o ser que nem (ou já) nasceu ser responsável pela felicidade e sucesso da união de duas pessoas. Dois já são uma família.
3- não há diálogo. Relacionamento nenhum se constrói sem diálogo. Ninguém tem bola de cristal para saber o que se passa no seu interior. Relacionamento precisa de comunicação claro e respeitosa.
Depois desse livro acho que quem precisa de terapia é a autora, não só os personagens. Aliás, com certeza a CoHo faz terapia, afinal no final os personagens aparecem milagrosamente melhores, bem resolvidos e com a comunicação perfeita (pelo menos nos pontos 2 e 3).
Inclusive minha crítica mais feroz ao livro é em determinado momento a personagem dizer que o casal tentou terapia mas está foi tediosa e por isso desistiram. Sério, mona? Errou, feio. Errou rude. Terapia seria a saída.
Eu sei que muita gente critica o livro pois na derrocada do relacionamento deles Graham beija outra mulher. Achei isso bem irrelevante. Não tô falando que passo pano. Mas é, guardadas as devidas proporções, criticar Dalva por perdoar Venâncio em Tudo é Rio (pelo amor, é quase blasfêmia comparar Carla Madeira com CoHo, mas foi o único exemplo que me veio. Me perdoem). A questão não é essa, é uma escolha narrativa. O livro é sobre comunicação dentro de um relacionamento.
Por sinal, recomendo o livro Na Praia. Sobre esse tema também. E bem melhor.
No mais, é um livro ok. Foi bom pela farofada.