Markarroni 10/07/2019Mais assustador que muito livro de terrorOrwell, um ex-marxista intensamente desapontado com o rumo que o comunismo estava tomando, assistiu chocado quando a grande experiência soviética foi reduzida a um estado totalitário e repressivo igual a Itália fascista ou a Alemanha nazista. Ele percebeu que a ideologia em um estado autoritário é apenas uma distração, e que o ponto de controle é mais controle e mais tortura, o objetivo de todas essas ideologias fracassadas era moldar um mundo em que as pessoas não possuíssem autonomia.
Foi a partir dessas experiências e percepções, que ele nos presenteou com 1984. Imagine ter a sua vida controlada pelo Estado: trabalho, o que você come e bebe, com quem você se relaciona, suas conversas, seus pensamentos! A obra é sombria e visionária. Não sei se a intenção dele foi chocar. Tendo sido ou não, conseguiu.
A linguagem é modificada para reduzir a capacidade de comunicação, o passado é reescrito diariamente. Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado. Não há verdade real. A verdade é o que o Estado diz que é: preto é branco, 2 + 2 = 5. Mas aí você pergunta: “Como um governo assim consegue se manter de pé?”. A resposta é: através de tortura, intimidação, violência e lavagem cerebral.
No entanto, nem tudo são flores. Os personagens são desinteressantes e você só se preocupa com eles por causa da terrível situação a qual eles vivem. A crítica político-social é tão forte, que às vezes parece ser mais um ensaio do que um romance. Há também algumas pequenas falhas no enredo, porém, nada que diminua a engenhosidade orwelliana.
Qualquer que seja a atual encarnação do “Big Brother”, o objetivo é sempre o mesmo: uma nação de fanáticos, todos com o mesmo pensamento limitado e gritando os mesmos slogans.
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