spoiler visualizarEloene.Cristine 06/06/2023
Por mais contos com passeios de família!
Continuo em dúvida se o ritmo desse livro é ou não bom. Por um lado eu o comecei vindo de uma maratona de leitura onde já tinha devorado 15 livros da Cassandra, e logo após começar minha rotina virou de ponta cabeça e meus dias se tornaram exaustivos. Por outro eu sinto que mesmo sem isso o início não me pegou tanto, o que me fez enrolar mais do que de costume (mesmo com os perrengues) se estivesse realmente vidrada no livro.
É gostoso ter vislumbres de personagens de diferentes épocas em meio as lembranças do Jem, especialmente porque isso dá mais amplitude ao mundinho Shadowhunters e as relações entre aqueles que vivem ali. Em alguns casos instiga a curiosidade pelo que ainda virá (antes mesmo de começar As Últimas Horas me encontro apaixonada pela Ana) em outros, mostra um pouco mais dos que já conheci.
Ainda que os primeiros contos, e personagens que são mostrados, sejam de fato interessantes admito que passei a me empolgar mais a medida que fui me aproximando dos meus queridinhos. Espiar a infância do Alec, Izzy e Jace foi sensacional, e me fez voltar a sentir ainda mais vontade de ver mais da dinâmica deles na juventude, e como isso construiu as bases para o que se tornaria um vínculo tão forte e lindo que conhecemos em todos os livros até aqui.
Sou totalmente suspeita a falar, mas o capítulo do Alec encontrando o Rafe é sem dúvidas o melhor do livro. Meu amor por Malec é imenso, e o prazer intenso que sinto com cada pequena cena deles, com cada pequeno detalhe que tenho a oportunidade de descobrir sobre essa família, simplesmente me encanta mais do que sou capaz de explicar em palavras.
É lindo ver o quanto o Alec cresceu, amadureceu e se tornou confiante. É extraordinário ver o quanto ele e o Magnus construíram uma base tão sólida no relacionamento deles, se tornando um local de segurança e amor a duas crianças. Foi bom ter os vislumbres dos quatro juntos em Artifícios das Trevas, e foi tão bom quanto ver como isso se formou aqui. Assim como ver os pequenos vislumbres deles pós-casamento, sendo oficialmente Lightwood-Bane.
A cena do Alec todo orgulhoso apontando para o marido, e depois dançando de forma desengonçada com ele, mantendo o rosto colado ao dele e de olhos fechados, é algo que encheu meu coração de amor. Um simples passeio em família que me deixou tão feliz, tão encantada e ainda mais apaixonada por esses quatro que me fez querer chorar.
Algo tão singelo quanto, mas que também me despertou muito amor, foi o Kit fazendo a Mina dormir. Ver os pequenos momentos, os passos pequeninos que ele, Tessa, Jem e Mina estão dando para se tornar uma família. Aliás, as dinâmicas familiares foram justamente o que mais saltaram das páginas para mim, e estou ansiosa para ver mais dessa em especial na trilogia que a Cassandra ainda vai lançar.
Infelizmente, da mesma forma como senti meu coração ser inundado de amor, também senti angústia. Em especial no capítulo da Livvy e do Ty. Amei ver um pequeno momento dos irmãos Blackthorn em Los Angeles, mas foi doloroso ver a situação em que o Ty colocou a Livvy com a escolha dele. Como alguém que perdeu sua base no mundo, a pessoa que mais ama e um dia irá amar, consigo entender a escolha dele. Mas ainda é doloroso saber que o fez.
É nítido que essa situação será um ponto-chave para o futuro, e como as consequências do que houve podem ser bem ruins para os irmãos. Mais do que isso, toda a situação me fez ficar ainda mais ansiosa pelo desfecho desse impasse entre o Ty e o Kit. Seus corações estão partidos, e é angustiante saber que o Kit vê o que aconteceu da forma que vê. Dele achar que o Ty não se importa ou não sente da mesma forma, quando é justamente o contrário.
Outro ponto que me deixou nervosa, e não de uma forma feliz, foi a maneira como o Janus está pairando sobre os personagens de Instrumentos Mortais. Terminei Rainha do Ar e da Escuridão com um gosto amargo na boca pensando que o Jace será novamente arrastado a um trauma, uma situação onde ele e a Clary serão colocados em momentos de dor e possivelmente onde o amor dela pode ser usado para gerar uma angústia imensa (nos personagens e nos leitores).
Não gosto desse caminho porque me faz temer por eles, o que talvez signifique que a Cassandra se saiu bem em me prender e me fazer me importar. Ainda que não queira um “Jace” como vilão na próxima saga, admito que estou curiosa pela relação dele com o Ash, e como isso pode mudar tudo (ou não). E até mesmo pelo próprio Ash, que pode ser tanto um anti-herói que futuramente se apaixonará pela Dru (considerando o que houve nos livros anteriores) quanto ser um vilão odioso. Ainda acho que será o primeiro caso.
Ao menos todo o capítulo do Janus rendeu uma cena que vou guardar para sempre no coração. Duas na realidade, porque o passeio em família de Malec também foi sob o olhar dele. A segunda é a reunião de família no apartamento deles, algo que pelo clima parece ser adoravelmente comum. Rotineiro. Esses pequenos detalhes, deles juntos, se divertindo, jantando, dançando, vivendo, é algo que me alegra e me derrete inteira.
São as relações dos personagens em cenas, seus vínculos e vidas cotidianas. Sou simplesmente apaixonada por isso! O que também me fez amar o Jem como pai bobo e cuidadoso, um verdadeiro coruja não apenas com a Mina, mas também com o Kit. Amo essas famílias e leria mil páginas apenas de momentos bobos delas!
Jem foi meu favorito em Peças Infernais e, ainda que seu livro não tenha me despertado o maior dos fervores, foi uma leitura gostosa que me permitiu passear por várias gerações de Caçadores de Sombras. Me empolguei mais com a fase final do livro, o que fez os primeiros capítulos soarem um pouco difíceis de vencer, mas ainda assim gostei da experiência. Já sinto saudade desses personagens, porque sei que não estarão em As Últimas Horas. Só espero tê-los de volta logo e que a próxima trilogia da Cassandra não demore! Minha ansiedade agradece rainha das sombras!