Vitorcfab 18/01/2022
O Homen Das Castanhas
Uma cidade dinamarquesa é assombrada por uma série de assassinatos, e ao lado do corpo de cada vítima, um pequeno bonequinho feito de castanhas é encontrado, fazendo a polícia suspeitar de um serial killer. Naia Thulin e seu novo parceiro, Mark Hess, são encarregados de resolver esse mistério.
Considero a história desse livro perfeita. É uma investigação criminal muito detalhada, que me pareceu coerente, realista, plausível e com justificativas convincentes até mesmo para os momentos que, a princípio, me pareciam difíceis de acreditar.
É uma história longa, com muitas camadas, que envolve muitos personagens com dramas diferentes, em uma narrativa ágil e cheia de reviravoltas, onde muita, mas muitas coisas acontecem.
Particularmente, amei os investigadores protsgonsitas, a personalidade forte e frieza de Thulin, e o contraponto oferecido por Mark, bem como a amizade que nasce entre eles.
Alguns personagens secundários são ainda mais complexos e interessantes que os protagonistas, com histórias de vida e dramas pessoais muito fortes, como é o caso da Ministra Rosa.
Porém, acredito que no quesito personagens o livro poderia ser muito melhor. Ainda que eu tenha amado eles, os protsgonsitas me pareceram pouco profundos, gostaria de saber mais de suas vidas, seus passados, seus sentimentos. Não os considero rasos, pois saberemos um pouco sobre eles, mas eu queria muito mais, pois senti que a história geral pedia isso, que tinha espaço para isso, principalmente pelo vínculo que criei com eles ao longo da narrativa.
É um livro com muitos personagens, e vários deles podem até se resumir a uma única característica ou drama, mas isso não me pareceu um problema. É possível que, em geral, os personagens não sejam os mais profundos do mundo, mas todos eles atuando em conjunto, conseguiram construir uma história muito mais complexa e cheia de variáveis. E vale lembrar que, aparentemente, o foco do autor era a história mesmo, não os personagens.
Um pouco desse pequeno (bem pequeno) problema, se reflete na escrita. A escrita do autor é deliciosa, que utiliza de frases curtas e diretas para contar uma história ágil e com descrições cruas, que conseguem causar impacto. Porém, senti que essa escrita poderia dar mais atenção para os sentimentos dos personagens em cenas mais importantes, ou narrar com mais detalhes alguns momentos decisivos. Isso passa longe de ser um real problema, mas ainda é algo que eu gostaria de pontuar.
Porém, mesmo que a escrita as vezes me pareça carente de detalhes e sentimentos mais profundos, a fluidez do livro é perfeita do início ao fim. Pelo menos nessa minha experiência de leitura, o ritmo foi perfeito, com uma dosagem de eventos que me agradou muito. Esse livro é a perfeita definição de "page turner".
Vale destacar que o autor também utiliza desse livro para evidenciar um pouco dos crimes contra mulheres e crianças, propondo reflexões interessantes e relevantes, ainda que não sejam tão diretas ou frequentes.
Gostei muito de como tudo se encaixou no final, como todos os eventos e informações tiveram relevância de alguma forma. Também gostei muito do destaque e profundidade dados à alguns personagens nos capítulos finais, com a história atingindo o ápice dramático que eu mais queria.
O assassino me surpreendeu de muitas formas, não apenas quando foi revelado quem era, mas também por seu plano, a forma como manipulou várias situações e fez a história acontecer, estando muito a frente dos investigadores durante boa parte do livro. Essa foi uma das questões difíceis de acreditar, mas teve uma explicação que me convenceu muito, deixando o livro ainda melhor.
--- Os Personagens ---
Naia Thulin. Uma mulher forte, fria, independente, petulante e que sabe se defender. É uma mãe que cuida dos filhos praticamente sozinha, demonstrando ainda mais força. Suas interações com Hess são ótimas e divertidas. Foi fácil gostar dela com essa personalidade.
Mark Hess. Investigador que voltou recentemente para a Dinamarca, após ser demitido da Europol. Está tentando se acostumar com a nova vida, da qual não gosta. Por vezes, ele parece um contraponto à Thulin, mas os dois se complementam. Gosto muito de como ele se aproxima de Thulin e sua família, algo que faz bem para Hess, uma vez que ele nunca teve filhos.
Rosa. Ministra dinamarquesa, que teve sua filha assassinada anos atrás, mas o corpo nunca foi encontrado. Demonstra ser uma mulher que está tentando seguir em frente, ainda que seja difícil. Sua vida profissional e pública são conturbadas por conta desse escândalo. É a personagem com mais carga dramática.
Nylander. Chefe da divisão de crimes hediondos. Sua relação com Thulin não é das melhores, mas tentam manter o profissionalismo enquanto trabalham juntos. Ele é frio e não se impressiona com nada, pois já viu inúmeras coisas ruins ao longo da vida. Também é inteligente e extremamente profissional, mas egocêntrico, cheio de si e arrogante.
Linnus Brekker. Homem que confessou ter assassinado a filha de Rosa, e foi internado em um manicômio. Tem uma mente confusa, infantil, com nítidos problemas psicológicos e que não consegue se lembrar com clareza de alguns episódios de sua vida.
Laura Kjaer. Uma das mulheres assassinadas. Ela perdeu o marido e depois disso passou a se relacionar com outro homem. Depois desses eventos, seu filho Magnus passa a demonstrar alguns problemas comportamentais.
Magnus. Uma criança problemática, que não gosta de contato com outras pessoas, não consegue falar e claramente sofreu muito desde que o pai morreu e a mãe passou a se relacionar com outro homem.
Jansen. Outro investigador e parceiro de trabalho de Marten Ricks, que foi assassinado. A perda do amigo mexeu muito com seu psicológico.