Comovente e vigorosa, a interpretação de Nikos Kazantzakis da vida de Cristo humaniza o ser divino e o apresenta como frágil, instável e vulnerável às tentações como qualquer mortal. E como tal, acalentando, entre outros, um sonho impossível: casar-se com a prima, Maria Madalena, para ter muitos filhos e netos.
Nesta obra prima de ficção, que jamais tentou reproduzir a Bíblia, mas sim recontar à maneira personalíssima do grego Kazantzakis o calvário de Cristo, o destaque não está na malícia dos delírios realizados do Salvador. A prosa detalhista, que recria ruas da Palestina, campos e montes, como se fizessem parte de alguma aldeia da Grécia, é em si mesma um prazer supremo. Uma tentação a que qualquer um sucumbe sem pecado.