Os poemas de Doze noturnos da Holanda nos convidam a uma jornada de alta introspecção em que o eu lírico se questiona na tentativa de situar-se no mundo. Escritos na Holanda, estes versos inesquecíveis não deixam de ser, também, uma viagem existencial em que o poeta vasculha suas múltiplas identidades, sempre disfarçadas ora em zonas de sonho e penumbra, ora em conscientes e imprevistas iluminações. A noite, que é apresentada como personagem logo no segundo poema e permeia quase todos os outros ao longo do livro, é o pano de fundo cuja expressão maior é esta ânsia, tão humana, de tornar eterno o instante, e o tempo presente um acontecimento transfigurador. Porque, para Cecília Meireles, a noite é uma das traduções da eternidade e do infinito que nos rege, e somente ela guarda a "memória do universo".