Para continuar a fazer negócios na Alemanha após a ascensão de Adolf Hitler ao poder, na década de 1930, os estúdios de Hollywood concordaram em não produzir filmes que atacassem os nazistas ou que condenassem a perseguição aos judeus. Em O pacto entre Hollywood e o nazismo, que ganha nova edição, o pesquisador Ben Urwand revela pela primeira vez esse acordo – uma “colaboração” que envolveu um elenco de personagens que ia desde conhecidos líderes alemães, como Goebbels, até ícones de Hollywood, entre eles o influente diretor do estúdio Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), Louis B. Mayer.
No centro da história de Urwand está o próprio Hitler, que era obcecado por filmes e reconhecia seu grande poder para moldar a opinião pública. Em dezembro de 1930, o partido promoveu manifestações contra a projeção em Berlim do filme "Nada de novo no front", o que desencadeou uma malfadada série de eventos e decisões. Com receio de perder acesso ao mercado da Alemanha, todos os estúdios de Hollywood fizeram concessões ao governo alemão e, quando Hitler chegou ao poder em 1933, os estúdios – muitos deles chefiados por judeus – passaram a negociar diretamente com seus representantes.
Urwand mostra que esse arranjo foi mantido durante toda a década de 1930, e que os estúdios se reuniam regularmente com o cônsul alemão em Los Angeles para mudar ou cancelar filmes segundo a vontade dele. A Paramount e a Fox investiram os lucros obtidos com o mercado alemão em noticiários daquele país, enquanto a MGM financiou a produção de armamentos para a Alemanha.
A partir da pesquisa minuciosa de documentos nunca antes examinados, "O pacto entre Hollywood e o nazismo" levanta a cortina de um episódio da história de Hollywood – e dos Estados Unidos – que até agora ficara oculto.
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