Era uma vez o povo, ou os povos do mundo todo, que em seus cotidianos mais remotos trocavam experiências, vivenciavam novas e antigas emoções, contavam histórias entre si, confraternizavam, sorriam, choravam e sobretudo registravam valores. Assim, atos, gestos, sentimentos e tradições foram sendo conservados ao longo dos tempos.
Era uma vez o Verbo errante que andava solto pelos desertos, pelas cavernas, pelos mercados antigos, nas encruzilhadas de viajantes e bandidos, aventureiros e comerciantes; era o verbo, mas o verbo dito, o verbo falado, contado e compartilhado por todos, e por meio dele transmitiam-se e registravam-se as aventuras do ser humano.
Sim, porque a literatura nasceu antes da literatura; essa é uma antologia sobre sua infância, a infância da ficção. E curiosamente se poderia dizer que houve um momento em que a infância da ficção se confundiu com a da própria humanidade. Foi, era ou é um ponto de encontro privilegiado, e não é à toa que eles, os contos dos povos, nunca deixaram de atrair o ser humano. Não são antigos nem modernos: são eternos.
- Flávio Moreira da Costa