Queria Estar Lendo 26/12/2016
Resenha: Um Homem de Sorte
Nicholas Sparks deve ser o escritor com a maior fonte de romance de todos os tempos, jorrando inúmeros títulos que, apesar de a maioria ser clichê, são muito bem estruturados e com características bem colocadas.
The Lucky One, lançado pela Editora Novo Conceito no Brasil, é um deles. Contando a história de um fuzileiro naval chamado Logan, que foi escalado para ir ao Iraque lutar na guerra, sentimos quase na pele a morte de seus amigos próximos e sempre por um fio, evitando a própria. A parte inicial do enredo gira em torno do motivo pelo qual ele escapa da morte: a fotografia de uma jovem.
"Victor analisou a fotografia antes de devolvê-la: - Você disse que a achou no nascer do dia? Esse é o momento mais poderoso do dia. Isso é um sinal. Ela é seu amuleto da sorte. Olha só a camiseta dela. Você achou essa fotografia por um motivo. Ninguém deu falta dela também por um motivo (...) Ela estava destinada a você."
Para tentar se livrar do estresse do dia a dia de se estar no meio de uma guerra, ele saía para caminhar antes do amanhecer e em uma dessas caminhadas, encontrou na areia a foto de uma mulher jovem, a quem ele não tinha conhecimento algum. Ele acaba pegando a foto para ver se encontra o dono, perguntando a todos, mas ninguém sabe a quem ela pertence. Então ele a pega para si e sem saber o motivo, a guardou e a levou sempre com ele a partir daquele momento.
"Mas não estava em outra época e lugar, e nada daquilo era normal. Trazia a fotografia dela consigo há mais de cinco anos. Atravessou o país por ela."
Um de seus companheiros de pelotão, Victor, dizia que a fotografia lhe trazia sorte e era por isso que ele não morria nas missões e batalhas, porque tinha um amuleto. Assim que foi liberado, e após ver tantas desgraças ocorrerem e nada de ruim lhe acontecer, ele mesmo começou a acreditar na foto como um amuleto. Isso o levou para uma jornada nos Estados Unidos, em busca da mulher desconhecida que o salvou tantas vezes, crendo que tinha uma dívida para com ela.
"- Ele tirou essa foto minha assim que chegamos à feira naquele ano – continuou falando. – (...) Lembro-me de estar sentada com ele perto de um pinheiro gigante e de termos conversado por horas observando a roda-gigante. Era uma das grandes, toda iluminada, e dava para ouvir os gritos das crianças que iam e vinham debaixo de um perfeito céu de verão. Falamos sobre mamãe e papai, e imaginamos como a aparência deles teria se modificado no decorrer dos anos, se teriam ficado em Hampton ou mudado de cidade, lembro-me de ter olhado para o céu. Subitamente, vi uma estrela cadente, e tudo que pude pensar é que eles estavam ouvindo de alguma maneira."
Logan é um personagem muito centrado e inteligente, ás vezes quase com uma calma fria, não se deixando abalar ou irritar por ignorância alheia ou desentendimentos. Muitos protagonistas acabam estressando o leitor justamente por se deixarem levar por qualquer provocação e briguinha, ou por serem inseguros e cheios de dúvidas, mas Logan não é assim.
"Em tudo que fazia, Logan era calmo e decidido, refletiu.
Uma vez, foram em direção à cidade para ver as margens do South River, e sentaram-se debaixo da ponte que passava por cima dele. Ás vezes, falavam sobre amenidades se tinha acontecido algo interessante no trabalho, ou se Logan tinha feito algum progresso na reorganização dos arquivos; outras vezes, ele parecia contente em caminhar ao lado dela sem dizer muito. Como Logan sentia-se muito confortável com o silêncio, surpreendentemente ela também se sentia."
Os outros personagens, como a moça, Beth, possuem as características usuais do Nicholas, bem humanos, com falhas e um passado complicado. Assim como o enredo, com alguns momentos de tensão, até tragédia, mas principalmente o romance do personagem principal e a Beth. A pesquisa do autor também é excelente, os detalhes da guerra e da região onde Beth mora, o canil que ela administra com a mãe e o filho pequeno. Além de informações sobre os animais, incluindo o pastor-alemão adestrado de Logan, Zeus.
"Apesar do pesadelo que haviam vivido, Beth sentia uma espécie de paz pela primeira vez em sua memória recente. (...) Se Logan havia ensinado algo a ela era que só poderia contar com a fé em si mesma e em seus instintos."
Posso dizer que esse livro possui um final que é capaz de agradar e muito os fãs do autor, e considero um dos melhores dele que li. A história é boa e não cansa, tendo reviravoltas e tanto partes excitantes quanto dramáticas. Um Homem de Sorte também é uma ótima escolha para quem está a fim de um livro com um bom romance, sem superficialidades e não focado somente na vida amorosa em questão, mas em tudo o mais que ela envolve: como amizade, confiança e honestidade.
PS: Também vale muito a pena conferir o filme!