maitecoropos 29/07/2023
O Menino do Pijama Listrado
No início, achei a escrita bastante boba, e tive dificuldade de me conectar com o personagem principal, o Bruno. Ele vive numa bolha, onde só enxerga a própria vida, repleta de privilégios. Como a leitura é guiada pela perspectiva dele, me desinteressei um pouco. Nos primeiros capítulos, quando ele começa a fazer perguntas sobre o que está acontecendo com sua família, comecei a considerá-lo um pouco inocente demais, até para uma criança de 8 anos. Ao longo da leitura, me acostumei com a linguagem simples, mas continuei incomodada com a dificuldade do Bruno de tirar conclusões razoáveis sobre o que estava vivendo. Alguns pensamentos e falas do personagens o fazem parecer desprovido de qualquer tipo de inteligência, pois ele não é capaz de assimilar informações simples e perceber os contextos em que está inserido. Isso me desistimulou bastante por um tempo. Ironicamente, encontrei a beleza narrativa justamente na inocência da amizade entre as duas crianças. Todas as cenas que descrevem os encontros clandestinos dos dois meninos possuem uma boa camada de esperança. E, apesar de já saber o final da história, me emocionei como se fosse a primeira. A história é triste, e precisa ser. Não podemos permitir que a tragédia do holocausto seja repetida ou romantizada no presente ou no futuro.