Lane 13/08/2012PerfeitosQuando eu comecei a ler Perfeitos, não achava que a leitura fosse me impressionar tanto. Diferente do primeiro da série, Perfeitos arremessa nossa mente em uma atmosfera de comparação com a realidade. O cenário apresentando é distópico com um efeito simplesmente Perfeito!
Tally agora é perfeita e vive agora em um mundo idealizado [será?].
Mas como nada na vida de Tally Youngblood é calmo e dura para sempre, logo no inicio da leitura do livro, a história se torna empolgante e invade a narrativa.
Com seu espírito rebelde, da mesma forma que acontece em Feios, Tally é influenciada por Shay e quer entrar para os “Crims”, ainda mais depois que ela conhece Zane, o líder dos Crims.
Apesar da história não ser focada em romance, acredito que isto se deve ao fato de ser escrita por um homem, Tally tem aqui seu primeiro namorado. Sim, mesmo que discretamente [e muito discretamente] existe um pouco de romance e acredito que o inicio de um triangulo amoroso [verei se isso se concretiza quando for ler os outros livros série].
Mas todo esse mundo de perfeição se vê ameaçado quando Tally re-encontra Croy. Ela o reconhece dos Enfumaçados e completamente confusa em sua mente entorpecida de perfeita, segue as direções que ele sugere.
Acompanhada por Zane, que quer encontrar o estado de “Borbulhante”, Tally descobre uma carta que ela escreveu para si mesma no seu tempo de feia e a partir daí a trama se revela muito interessante.
O roteiro ataca impiedosamente e sugestivamente a nossa visão social, as crises globais, o meio ambiente, as revoluções e as guerras.
Os perfeitos são uma soma de espíritos conformados, em estados de indiferença continua, vivem numa inércia sem nenhuma vontade, concentrados apenas em ser conformar com as coisas.
Por outro lado, estão os Enfumaçados, rebeldes controversos que se negam a viver na escuridão e que possuem uma concepção própria sobre o modo de viver.
Em algum ponto, a narrativa cria uma aura, que cheguei a pensar em concordar com os da circunstancias especiais de que alguma forma o mundo da Vila Nova Perfeição seria o ideal para a humanidade.
No entanto, consegui dispersar essa sensação enganosa. A humanidade não é confiável, entretanto ninguém tem o direito de tirar a tomada de decisões da vida das pessoas, ou seja, de cada um.
Em certo momento a trama dá uma reviravolta, que na hora eu pensei que não ia prestar, mas surpreendentemente o autor me mostrou ser melhor que eu pensava.
Os personagens são bem constituídos e os diálogos bem interessantes.
O mundo que Scott Westerfeld cria nesta série é assustador, emocionante e triste. Os temas subjacentes de beleza e cérebro nos fazem refletir o quanto estamos focados na aparência e nas coisas materiais, ao mesmo tempo nos faz analisar que não tem mais como voltar atrás e voltar à era dos primatas.
O livro é uma crítica a intervenção da consciência, todo mundo deseja uma vida de significados, ou deveria desejar algo que desse sentido a sua própria vida.
Perfeitos é uma leitura inquietante, voltada para o público adolescente, a história é inteligente e acredito que o autor conseguiu o que queria: obter de uma ficção cientifica distópica algum significado para os jovens. Por isso, recomendo!
*Como romântica incorrigível não gostei de ter pouco romance na trama e o fato de que a histórica acabasse pendurada, praticamente obrigando o leitor a ler o próximo livro da série.
Avaliei com 4 estrelas.