Léxico familiar

Léxico familiar Natalia Ginzburg




Resenhas - Léxico Familiar


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Lucy 31/01/2021

Teoria melhor que a prática, mas vale pela sensibilidade
Entendo a importância histórica e da resistência deste tipo de relato autobiográfico, da qualidade e sensibilidade da autora que recupera as pequenas coisas do cotidiano de sua família - as histórias contadas e recontadas à mesa, as viagens em família, a personalidade raivosa e terna do pai, as amizades, a mãe que era o elo de tudo, seus quatro irmãos e algumas janelas para o que se passava lá fora. Passado boa parte na época da segunda guerra, falar de mil nadas e tantas coisas miúdas poderia ser um contraponto interessante: a manutenção de uma vida privada, uma existência sem rompantes em um núcleo familiar em meio àquele caos. Cotidiano às vezes interrompido pela emergência dos grandes acontecimentos, especialmente em uma família judia e comunista (imagine).

Não gostaria de ser injusta. Contudo, na prática a leitura para mim foi um tanto arrastada, em muitos momentos desinteressantes. Conversas miúdas aqui e ali, acontecimentos importantes como algumas mortes que não duram mais que um parágrafo, em uma excessiva economia de emoções. A conclusão é que muita coisa acontece mas nada te importa, muitos personagens surgem e você não se envolve.

Sem dúvida, é preciso treino e disposição para aprender a enxergar o valor desses aparentes vazios, dessa coleção de pequenos acontecimentos. Estamos viciados em sobressaltos, fato. E esse é um livro calmo em meio à guerra.

Certamente a qualidade de observadora e contadora de histórias da Natalia Ginzburg é notável e pretendo ler mais algum livro dela. Talvez sem altas expectativas, conhecendo seu estilo de narrativa... No fim das contas, gostei de ter conhecido sua família e mergulhado nos seus hábitos, mas uma leitura tão plana foi desafiadora e sem grandes recompensas. Por enquanto.

E também é interessante como esse olhar para o que há de mais insignificante pode ter influenciado seu filho: Carlo Ginzburg, historiador conhecido pelo seu método indiciário. Ele foi um dos grandes nomes da micro história, que eleva os indícios, os subterrâneos, os silêncios e tudo o que está aquém dos grandes fatos para desenhar objetos/sujeitos de estudo de forma primorosa.

Destaco ainda a qualidade do prefácio e do posfácio dessa edição, fundamentais para contextualizar o livro.
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@fernandajfguimaraes 29/12/2020

Eu já era fã da Natalia e agora sou ainda mais. Recomendo a leitura sem medo.
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otxjunior 25/11/2020

Léxico Familiar, Natalia Ginzburg
A advertência que abre o livro pode ser ilusória para alguns leitores. Quando Natalia Gainzburg recomenda a leitura de seu Léxico Familiar "como se fosse um romance", provavelmente para diluir a decepção de quem espera uma narrativa tradicional de docudrama de guerra sobre uma família judia na Itália de Mussolini, não funciona absolutamente para mim. Sendo meu gênero favorito e conhecendo seu potencial, exigo do romance sempre mais do que pode oferecer. Lido talvez como memórias, preciso dizer que me diverti bastante durante a leitura, que se não frenética, regularmente periódica. Mas para um romance falta variação sobre o tema. A impressão que ficou é a de que poderia abrir o livro em qualquer página que daria no mesmo. Às vezes até esquecendo a quem pertence o nome da personagem que a autora se debruçava naquele momento, tamanho é o número de parentes e conhecidos que povoam o livro. Sendo a probabilidade baixa de ser a própria narradora, sobre quem se fala pouco, apesar de pertencer a família, e a conhecemos quase que em negativo em relação aos que a cercam, nomeada inclusive apenas depois da primeira metade!
O protagonismo portanto pertence aos pais da pequena Natalia e seus quatro irmãos, casal cujo único ponto de interesse comum é o socialismo, com destaque para a figura autoritária, e por vezes contraditória, patriarcal. Giuseppe Levi é intolerante e estúpido, e fascinante e perspicaz. Diferente de qualquer pai, não quer ver um filho médico ou advogado, mas se orgulha do operário ou preso político. Contrário ao casamento tanto quanto ao fascismo, é responsável pelos momentos mais engraçados da obra. E apesar de tão particular, é igual a todos o pais, e como eles amado. Aí que mora o trunfo de Léxico Familiar para mim, é afetuoso e altamente relacionável. Fazendo com que pareça possível o relato da família de todo leitor, como o autor do prefácio sugere, com seu vocabulário específico e diferentes guerras contemporâneas, estas sempre em segundo plano ante o universo infinito familiar. Mas o que Ginzburg faz não é de nenhuma forma fácil. E ela não demonstra ressentimento, nem para com os efeitos da grande guerra. Estes surgem e somem em pequenos parágrafos, nunca perdendo o foco no que realmente importa, as pessoas. Ainda sem pieguices! Ou, para citar a língua dos Levi, parvoíces. Que burra!
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Carol Vidal 02/11/2020

Interessante, mas não me cativou por completo
No início da leitura, achei o ritmo excessivamente arrastado e demorei pra me sentir cativada pelos personagens. Quando senti que conhecia melhor os personagens, a leitura se tornou mais interessante e adorei entender a dinâmica daquela família. Essa ideia de contar uma história num período grave da história mundial escolhendo direcionar o olhar pra dentro do lar foi algo que me cativou e me deu outra perspectiva.

Porém, a narração mais afastada, com ela falando da própria família como se não fizesse parte daquela dinâmica, me incomodou e fez com que eu não me envolvesse tanto emocionalmente.
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Dandara 01/10/2020

Léxico Familiar
Meu primeiro contato com Natália deixou a desejar. O livro é a autobiografia da autora, Família Levi, durante o período da segunda guerra mundial. Esperava que o livro fosse mais político devido a grande quantidade de intelectuais antifascista que frequentavam a casa da autora, mas achei a autobiografia muito descritiva dentro de casa, tornando a leitura, por vezes, bem cansativa.
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Matheus 28/09/2020

Abandonei.
Infelizmente não consegui me esforçar mais além da página 200 para terminar a leitura que se tornou repetitiva, particular e de uma perenidade insossa e maçante.

Não foi só comigo. Tive a oportunidade de conversar com algumas pessoas sobre o título e, por mais que houvessem aquelas para quem este foi o livro do ano, para outras a sensação de esgotamento foi a mesma.

Não quero e nem posso falar como o livro deveria ter sido escrito, Natalia Ginzburg é uma grande escritora italiana. Razão pela qual de modo algum deixo de recomendar o livro, mas sugiro que veja se é isso mesmo que se busca.

No entanto, o livro não é de todo ruim, apenas não acompanha o potencial que ali dorme.

Vou tentar outros títulos da autora, acho que somente a leitura não foi pra mim nesse momento.
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boksister 13/09/2020

Narrativa
"Que parvoíce!" - um dos "léxicos" que mais ficou em mim. Achei muito interessante acompanhar essa narrativa da Natália, tanto que, vez por outra esquecia que a escritora era a menina mais nova da família, e vê-la crescer, construir sua família foi intenso e leve ao mesmo tempo. No entanto, ela não fala muito de si. Toda a história, as coisas, as pessoas, o léxico dessa construção narrativa, perpassam pela política, pela estrutura social, os relacionamentos e as visões superficiais de muitas pessoas que davam vida à linha do tempo. Se pararmos para pensar, é fôssemos contar nosso "léxico familiar" encontraríamos coisas em comum com milhares de pessoas? Recomendo a leitura.
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Luiz Gustavo 13/08/2020

Natalia Ginzburg escreve entre a autobiografia e a ficção, e em "Léxico familiar" ela apresenta sua família, amigos e vizinhos ao leitor, e adverte logo no início: "Neste livro, lugares, fatos e pessoas são reais. Não inventei nada". Nem mesmo os nomes foram alterados. Encontramos, nesse livro, a trajetória familiar da autora e seu olhar sobre as pessoas que a cercavam. Natalia nasceu no período posterior à primeira guerra mundial, e viveu o estabelecimento do fascismo de Mussolini na Itália, a perseguição aos judeus na segunda guerra (sua família era judia), mas, apesar do enorme peso e tensão de todos esses acontecimentos, a escrita dela é, na medida do possível, "leve". Ela relata os vários deslocamentos e fugas de sua família e de amigos, o desaparecimento e a morte de pessoas próximas, as variadas visões de mundo que havia naquela época, como a arte se tornou cada vez mais política e quais as consequências disso... O grande diferencial, a meu ver, é que tudo é relatado a partir da visão de Natalia sobre sua "vida menor", com falas e histórias que reverberavam nas conversas familiares. No prefácio do livro, Alejandro Zambra escreve que "Natalia Ginzburg não enfatiza o grande relato, o testemunho de uma época: ela escreve com precisão e fluidez, com genuíno amor às pessoas e às palavras". Sua escrita nos apresenta as falas rabugentas de seu pai, os conflitos internos de sua família, e a linguagem de sua comunidade. Não é um livro que dramatiza nem sensacionaliza grandes eventos traumáticos, e por isso acho até que ele traz um sopro de alívio em relação ao enorme número de livros que lidam com esses eventos, pois mostra que a história, embora brutal e cruel, pode ser relembrada sob outro olhar, sem esquecer ou negar todos os acontecimentos terríveis que ocorreram.
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Bárbara 06/08/2020

Obra de arte!
A mistura dos grandes acontecimentos com os pequininos acontecimentos fazem desses livros uma bela obra de arte!

O início chega a ser maçante pela riqueza de detalhes nas rotinas, mas vale muito chegar até o fim
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André Vedder 03/08/2020

Enfadonho..
Criei boas expectativas com o livro, mas no decorrer da leitura ela se tornou arrastada, e fui empurrando com a barriga até o término. A autora tem uma boa prosa, mas o enredo gira em torno de sua família e dos amigos da família, e dos amigos dos amigos...tudo de uma forma meio resumida. Até mesmo a questão do fascismo do antes e pós a guerra achei muito superficial no livro. Infelizmente o livro não cativou minha atenção.
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Vicente 16/05/2020

Para ler aos poucos
Nesse belo livro a escritora Natalia Ginzburg evoca as lembranças de sua família.
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Helena Guerra Vicente 30/04/2020

Léxico Familiar
Ainda anestesiada e com dificuldade para engatar a próxima leitura... Natalia Ginzburg (née Levi, 1916-1991)... Como pode alguém usar de uma prosa tão delicada para falar de coisas tão devastadoras quanto as leis raciais italianas que perseguiam os judeus, a ascensão do fascismo, a perseguição política e a morte de entes queridos? Na verdade, essas questões são o pano de fundo para a autora ir costurando a história de sua família, de origem judaica, com palavras e expressões que faziam parte do seu dia-a-dia (daí o título do livro). Merecem destaque os pais de Natalia. A mãe, uma eterna otimista, solar e brincalhona, que não se cansava de repetir os mesmos causos e bordões. O pai, sempre mal humorado, e por isso mesmo tão engraçado, é até hoje considerado um dos mais importantes anatomistas italianos (Giuseppe Levi). Nata da intelectualidade italiana da época, Natalia foi colega de outros escritores, como Italo Calvino, Cesare Pavese e Pitigrilli. Seu filho, Carlo Ginzburg, ainda vivo, é um importante historiador. E viva o conhecimento, viva a ciência, viva a arte!
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drikamath29 04/04/2020

Excelente
O livro conta a história da família de Natália, uma família judia no período da Segunda guerra mundial.
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Bookster Pedro Pacifico 10/03/2020

Léxico familiar, de Natalia Ginzburg – Nota 8/10
Hoje em dia, quando se fala em escritora italiana, logo pensamos no sucesso Elena Ferrante. No entanto, a voz feminina na literatura italiana começou muito antes, com as obras de Natalia Ginzburg – e que, já aviso, não se assemelham com a forma de narrar histórias de Ferrante. “Léxico familiar” é um dos livros mais conhecidos da autora e foi a minha escolha para o mês de dezembro do #DesafioBookster2019, em que o tema era relações familiares. •
E, como o título já indica, esse livro traz uma teia de afetos, encontros e separações entre os familiares de Ginzburg e aqueles cujas vidas de alguma forma passaram por essa família. Confesso que para um tema de relações familiares, dificilmente poderia ter feito uma escolha muito melhor. De fato, o leitor é convidado a participar, por meio das memórias de Ginzburg, do convívio íntimo de sua família – uma tradicional família judia italiana. São histórias das mais corriqueiras, até fatos que marcaram de forma permanente o destino das pessoas que estavam à sua volta. São histórias que revelam o caráter universal de um léxico familiar, por mais diverso que ele seja. Um livro publicado em 1963, mas que dificilmente ficará ultrapassado.

Além disso, apesar de a obra ser ambientada em um momento de “criação de leis raciais na Europa”, como indica a sinopse, esse é um tema que fica realmente em um segundo plano. As angústias e o sofrimento pela discriminação não são foco das lembranças da autora. Não espere encontrar uma obra com altos e baixos. “Léxico familiar” talvez não tenha sido escrito para prender a atenção, mas para ser aproveitado aos poucos, na medida em que vamos conseguindo nos aproximar mais dessa rede de memórias e nos sentirmos parte dessa família.

site: https://www.instagram.com/book.ster
Barbara.Luiza 12/08/2021minha estante
Talvez comece antes ainda, a Itália tem uma nobelada no país que é bem anterior: Grazia Deledda.


lukascolab 27/05/2023minha estante
dar 4 estrelas pra esse livro só mostra o quanto esse sujeito não entende nada de literatura




Carla 19/02/2020

Li Léxico Familiar há alguns anos no clube de leitura que coordenei.
Sempre busquei propor diferentes tipos de textos e quando soube deste da Natália achei que poderia render uma boa conversa e não foi de outra maneira.

Apesar de ser totalmente avessa à disputa de poder em guerras, elas aconteceram e continuarão a existir. Acho que saber sobre estes movimentos, nos permite conhecer melhor sobre as "capacidades" humanas, tanto benéficas ou não. Por isso, costumo ler e ver filmes com esta temática.
Apesar de tristes em boa parte do tempo, há um excelente aprendizado. Além disso, este tipo de arte torna-se "blockbuster" e "best-seller" no mundo. Tanto que pudemos ver no Oscar atual, Jojo Rabbit e 1917.

A proposta do Léxico, mesmo ambientada neste período, considero diferente.
Um dos exemplos antagônicos mais próximos e conhecidos é Anne Frank. Em seu diário, ela conta suas angústias, dúvidas e fatos pessoais.
Natália quase não fala sobre ela, mas relata o cotidiano de sua família e entorno como se vivesse em dias "normais" e embasa seu relato através da memória de uma linguagem íntima, do dialeto particular de seu núcleo. Nos interage numa história de amor pela palavra, escrita e falada.

Não temos precisamente o tempo passado pelo livro, imagino que cerca de 20-30 anos. Vemos no decorrer, diversas pessoas comuns que hoje são consideradas pessoas ilustres. Considero esta ideia excepcional, pois demonstra que qualquer pode se tornar a diferença no mundo, como também que "sucesso" não elimina os fatos triviais da vida, as decepções, as dificuldades...

Natália nos abriu as portas e permitiu que adentrássemos em seu léxico familiar, tão único, mas tão característico de uma época. Com seus preconceitos, mas também repleto de humor e amor.

Simplesmente, o fantástico da literatura cumpriu seu papel: viver num mundo distante, tanto temporal quanto espacial, dentro de intimidades que nem mesmo fisicamente presente seria possível sentir. A possibilidade de ver por outra perspectiva e tentar entender uma nova nuance do complexo quebra-cabeças da vida é um convite irrecusável.

Natália, grata por seu registro! Literatura da melhor qualidade!
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