Larissagris 30/12/2023MINHA SOMBRIA VANESSA (KATE ELIZABETH RUSSELL)Mamãe diz que ficar remoendo as coisas não é bom, que sempre vai haver algo para nos chatear e que o segredo de uma vida feliz é não se deixar ser arrastado pela negatividade. (Pág. 24)
É uma espiral que eu já percorri antes, e sempre chego à mesma conclusão: que provavelmente tem alguma coisa errada comigo, uma fraqueza inerente que se manifesta como preguiça, como medo de meter a cara. (Pág. 31)
[...] o mundo é feito de histórias que se interpõe infinitamente, cada uma delas válida e verdadeira. (Pág. 34)
Talvez na verdade eu seja solitária por opção e prefira minha própria companhia. (Pág. 39)
É um sentimento mais sombrio, um medo de haver alguma coisa errada comigo que eu nunca vou conseguir consertar. (Pág. 43)
[...] ao acreditarmos que a vida contém infinitas possibilidades, nós afastamos a verdade horrorosa de que viver é apenas avançar no tempo enquanto um relógio interno faz a contagem regressiva para o último instante fatal. (Pág. 89)
Eu o vejo com muita clareza agora, entendo como deve ser solitário para ele querer a coisa errada, a coisa má, enquanto vive num mundo que com certeza o transformaria num vilão caso descobrisse. (Pág. 96)
É um diálogo de ações pela metade; nenhum de nós dois se compromete por inteiro. Ainda há uma chance de recuar, de mudar de ideia. Beijos pela metade podem ser esquecidos, mas beijos inteiros, não. (Pág. 98)
Assim que ele diz isso eu me transformo numa pessoa por quem alguém está apaixonado, não apenas um menino idiota da minha idade, mas um homem que já viveu uma vida inteira, que fez e viu tanta coisa e ainda me acha digna de seu amor. (Pág. 100)
As pessoas arriscam tudo por um pouquinho de algo especial. (Pág. 103)
Eu não digo, mas às vezes tenho a sensação de que é exatamente isso que ele está fazendo comigo: me desconstruindo, me montando outra vez como alguém novo. (Pág. 106)
Você se conhece o suficiente para entender aquilo para o que não foi feita. (Pág. 118)
Você é tão maleável, dizia ele enquanto eu o deixava manusear meu corpo. Ele transformava isso num elogio, tornava minha passividade em algo precioso e raro. (Pág. 132)
Sei que estou sendo vigiada, mas também tenho a sensação de estar sendo cortejada, algo ao mesmo tempo opressivo e lisonjeiro. (Pág. 141)
Quando ele começa a falar desse jeito, meu cérebro não consegue acompanhar. Parece que ele está exagerando, mas fico soterrada pelo que diz e perco a noção daquilo em que acredito. Ele pode fazer até mesmo as coisas mais absurdas parecerem factíveis. (Pág. 143)
Reviro os olhos para tentar esconder quanto isso me faz feliz, mas as palavras dele abrem um buraco no meu peito e me deixam impotente. Nada o impede de entender a mão e pegar o que quiser lá dentro. Eu sou especial. Eu sou especial. Eu sou especial. (Pág. 150)
É engraçado pensar como mamãe estava errada em relação a isso tudo. Porque existe opção para quem tem coragem suficiente: passar por cima dos meninos e ir direto para os homens. Homens que nunca vão deixar você esperando; homens famintos e gratos por qualquer migalha de atenção, que se apaixonam tão intensamente a ponto de se jogarem aos seus pés. (Pág. 155)
- Quando estamos juntos - diz ele - é como se a escuridão dentro de mim viesse à tona e encostasse na escuridão dentro de você. (Pág. 165)
Às vezes, quando está em cima de mim, gemendo de olhos fechados - nem sequer reparando se estou excitada, triste ou entediada -, tenho a sensação de que tudo que ele quer de fato é deixar uma parte sua dentro de mim, marcar o território, não me engravidar nem nada disso, algo mais permanente. Ele quer ter certeza de que vai estar sempre ali, aconteça o que for. Quer deixar suas digitais impressas por todo o meu corpo, em cada pedaço de músculo e osso. (Pág. 165)
É estranho saber que, toda vez que eu me lembrar de mim aos quinze anos, é nisso que vou pensar. (Pág. 165)
Estou começando a entender que quanto mais tempo você consegue se safar com alguma coisa, mais imprudente você fica, até que é quase como se desejasse ser pego. (Pág. 189)
Sério, eu odeio quando ele fica bravo comigo, porque é nessa hora que sinto coisas que provavelmente não deveria: vergonha e medo, uma voz me dizendo para correr. (Pág. 194)
Imagino Strane ali no quarto, em como ele a acalmaria. Não é nada, diria ele, a voz tranquila como um bálsamo. A senhora não viu o que pensou ter visto. Ele poderia convencê-la de qualquer coisa, igualzinho faz comigo. Iria guiá-la até a cadeira da escrivaninha e preparar uma xícara de chá para ela. Enfiaria a foto no bolso, um movimento tão sutil e rápido que ela nem perceberia. (Pág. 212)
Meninas normais tem caixas de sapato cheias de cartas de amor e arranjos de flores ressecadas; eu tenho uma coleção de pornografia infantil. (Pág. 224)
"Quanta força é preciso para machucar uma menina pequena? Quanta força é preciso para a menina superar? Qual dos dois você acha que é mais forte? (Pág. 226)
Se eu pensar em quantos dias se estendem à minha frente, acabo obcecada por coisas que sei que não deveria. Como, por exemplo, estar morta talvez não seja o pior. Talvez não fosse tão ruim. (Pág. 241)
No meu caderno, escrevo: Nosso país foi atacado. Um dia trágico. Fecho a capa, torno a abri-la e acrescento: E mesmo assim tudo que me importa sou eu mesma. Sou egoísta e má. (Pág. 242)
- Você não pode fazer isso. Não dá pra mudar os fatos para encaixar na história que você quer contar. (Pág. 253)
Lembro-me da sombra de decepção no seu rosto quando fiz dezesseis anos. Praticamente uma mulher agora. (Pág. 282)
Sinto um medo conhecido: talvez eu seja louca, narcisista, delirante. Alguém tão presa dentro do próprio cérebro que transforma passantes relutantes em fantasmas. (Pág. 320)
Comecei a me vestir como me vestia aos quinze anos nos dias que sabia que iria vê-lo - vestidos soltos e curtos e tênis All Star, tranças no cabelo -, como se o fato de me ver passando minha melhor impressão de ninfeta o levasse a perceber o que eu sou e do que sou capaz, ou seja...eu sou provavelmente, genuinamente, realmente, LOUCA. (Pág. 329)
Às vezes parece mesmo uma maldição o significado que eu sou capaz de atribuir a tudo. (Pág. 330)
Disse que eu era seu segredo mais profundo, que me amava, mas que eu tinha amadurecido demais para ele, que nós não nos encaixávamos mais como quando eu tinha a idade de Taylor. (Pág. 363)
- Não posso soltar o que estou segurando há tanto tempo. Você entende? [...] Eu simplesmente preciso muito que seja uma história de amor. Você entende? Preciso muito, muito que seja isso. [...] Porque se não for uma história de amor, então o que é? (Pág. 372)
É que eu sou depravada, minha mente está tão deformada por Strane que eu interpreto equivocadamente um favoritismo inocente como interesse sexual. (Pág. 377)
- Homens como esses sabem escolher as pessoas certas, não é? São verdadeiros predadores. Sabem observar um rebanho e selecionar os mais fracos. (Pág. 412)
Penso que provavelmente é o que vou fazer pelo resto da vida: persegui-lo e perseguir o que ele me deu. A culpa é minha. A esta altura, eu já deveria ter superado isso. Ele nunca prometeu me amar para sempre. (Pág. 413)
Talvez tenha sido só isso. Eu era um alvo óbvio. Ele não me escolheu porque eu era especial, mas porque estava faminto, e eu era uma presa fácil. (Pág. 412)
As desculpas que inventamos para os outros são absurdas, mas não são nada em comparação com as que criamos para nós mesmos. (Pág. 418)
Tudo em relação a mim leva a ele. Se eu eliminar o veneno não vai sobrar mais nada. (Pág. 418)