Julia G 19/03/2013Resenha postada originalmente no blog http://conjuntodaobra.blogspot.com
"- Morrer é natural - disse mais uma vez. - Se fazemos disso um cavalo-de-batalha é porque nós não nos consideramos como parte da natureza. Pensamos que, por sermos humanos, estamos acima da natureza.
Sorriu para a planta.
- Não estamos. Tudo que nasce morre - olhou para mim. - Aceita isso?
- Aceito.
- Ótimo - murmurou. - Agora, veja a recompensa. Veja em que somos diferentes dessas maravilhosas plantas e animais. Enquanto pudermos amar uns aos outros, e recordarmos a sensação de amor que tivemos, podemos morrer sem desaparecer. Todo o amor que criamos fica. Todas as lembranças ficam. Continuamos vivendo nos corações daqueles que tocamos e acalentamos enquanto estivemos aqui." (. 144)
Morrie havia sido o melhor professor de Mitch na faculdade, e na formatura eles prometeram que manteriam o contato. Isso não aconteceu.
Quase vinte anos depois, a vida dos dois tinha tomado rumos tão diferentes que parecia impossível um reencontro. Mas uma entrevista de Morrie a uma rede de televisão a respeito da doença que tomava conta de seu corpo e dava pouco tempo para o fim de sua vida faz Mitch arrumar um tempo na agenda atulhada para reencontrar seu velho "treinador". O que Mitch não sabia era que Morrie ainda tinha muito a lhe ensinar, a lição mais importante de todas.
"- Ver o meu corpo definhando para o nada.
Mas também é maravilhoso porque me concede muito
tempo para me despedir. Nem todos têm essa sorte."
Não sei por que demorei tanto para ler A Última Grande Lição, de Mitch Albom. Realmente não sei. Foi um presente de aniversário há muito tempo, e o lindo exemplar da edição especial em comemoração aos 10 anos da primeira edição, em capa dura, ficou guardado em uma gaveta por anos. No início, achei que se tratava de autoajuda; depois descobri que não, e simplesmente não li. Mas agora resolvi dar uma chance à obra, e valeu a pena.
Trata-se de uma história verídica sobre Mitch e seu professor que, debilitado por uma doença degenerativa, tinha clareza e lucidez para ver além, e tentar ensinar seu antigo aluno sobre aquilo que o subtítulo do livro propõe: o sentido da vida.
"- Todo mundo sabe que vai morrer - repetiu Morrie - mas ninguém acredita.
Se acreditássemos, mudaríamos nosso comportamento.
- De maneira que nos iludimos a respeito da morte - sugiro.
- Isso. Mas há uma abordagem melhor. Saber que vai morrer e preparar-se para
receber a morte a qualquer momento. Assim é melhor.
Assim podemos ficar mais envolvidos com a vida enquanto vivemos."
Dividido em capítulos que representam cada encontro de Mitch com Morrie e umas poucas passagens sobre a relação entre professor e aluno no passado, o livro é repleto de reflexões sobre como se vive, e nos leva a pensar se estamos mesmo vivendo como gostaríamos e se deixamos aqueles que são importantes para nós saberem disso.
Claro que isso pode parecer realmente coisa de livros de autoajuda, mas todas as mensagens positivas estão entremeadas pelas vidas dos personagens, por lembranças que os marcaram e por aquilo que por algum motivo os perturbou. Fala sobre morte e vida, amor e rancores, sobre como tudo fica mais simples quando se deixa de lado a ambição e o orgulho que, por sinal, não nos servem de nada. E por que não fazemos isso sempre?
Para os que gostam de uma mensagem bela e de sentimentos, A Última Grande Lição é a leitura ideal. Para os que gostam de conhecer a história de uma forma mais "resumida", descobri que existe uma adaptação do livro, que pode ser encontrada no youtube.