A  Valsa dos Adeuses

A Valsa dos Adeuses Milan Kundera




Resenhas - A Valsa dos Adeuses


30 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Anica 03/10/2010

A Valsa dos Adeuses (Milan Kundera)
Poucos títulos conseguem dar conta de uma obra como acontece no romance A Valsa dos Adeuses, de Milan Kundera. A imagem da valsa é tão forte e representa tão bem o todo, que acompanha o leitor mesmo quando o livro acaba. Uma obra-cebola, cheia de camadas que você só vai percebendo a medida que vira as páginas. Nesse caso lembra muito algumas comédias de Shakespeare, que conseguia mesclar o cômico com o trágico de uma maneira ímpar.

A história começa com Ruzena (uma enfermeira de casa de banho) entrando em contato com um famoso trompetista para avisá-lo que espera um filho dele. As implicações desse primeiro fato se desenvolvem de forma extremamente interessante, sobretudo se pensarmos na questão da relação das personagens e leitores. Não quero influenciar julgamentos (até porque essa é uma das diversões da obra), mas chegando pela metade do livro relembre quais foram seus sentimentos/reações para o que é contado no começo: qual personagem ganhou sua simpatia, qual mereceu a antipatia e por aí vai.

Mas além disso, é curioso perceber como as outras personagens vão entrando aos poucos na história, como se o lugar onde se encontram fosse um grande salão e as personagens rodopiassem por ele, trocando de parceiros de dança de acordo com alguma canção imaginária. O livro é dividido em cinco capítulos (cinco dias), mas dentro desses temos pequenos subcapítulos, alguns extremamente curtos, quase que como um recorte de um momento da vida dessas personagens.

Uma vez que A Insustentável Leveza do Ser é um dos meus livros favoritos, ficou difícil evitar uma comparação com A Valsa dos Adeuses - e alguns elementos estão de fato nos dois romances: a traição, o amor, o ódio, e especialmente a relação com a pátria embora em A Valsa dos Adeuses, publicado antes de A Insustentável Leveza do Ser, a menção à Tchecoslováquia comunista é extremamente mais sutil. Algumas personagens se assemelham também, como Klima (o trompetista) com Tomaz pelo menos na noção de amor e fidelidade que as duas personagens têm. Também tem bem menos digressões do narrador, mas apresenta a inovação de pequenos comentários sobre o livro em si, colocados entre parênteses, como se vê na página 151:

(Nesse minuto, () são projetados no espaço do nosso relato como dois foguetes guiados a distância por um ciúme cego mas como a cegueira poderá guiar o que quer que seja?)

Um ótimo romance, que sobreviveu ao tempo (já tem quase 40 anos) e surpreende não só pelo estilo, mas também pelo conteúdo. É certamente um daqueles que divertem e ao mesmo tempo são um exercício de leitura. Para quem ficou curioso, acabou de sair pela Companhia de Bolso a tradução a partir da edição francesa do livro (publicada originalmente em 1976).
comentários(0)comente



Luana 22/08/2020

Personagens politicamente incorretos
O livro mostra vários personagens que se encontram e no decorrer do enredo seus pensamentos e atitudes nos chocam. Kundera sempre consegue nos fazer refletir sobre que tipo de comportamento escolhemos ter na sociedade.
comentários(0)comente



Blackthorne 14/08/2023

A Valsa dos Adeuses nos faz acompanhar a vida de uma série de personagens e se passa num balneário, a estação das águas. O pontapé inicial se dá com a enfermeria Ruzena avisando pro músico Klima que ta esperando um filho dele. Mas o Klima é casado com a Kamila, uma atriz de sucesso que se afasta das telas por problemas de saúde. Além dessas personagens, Bertlef, um americano rico; Skreta, um ginecologista; Jakub, que se eu não me engano é psicólogo; Frantisek, um mecânico apaixonado por Ruzena; e Olga, pupila de Jakub, compõem os pares da valsa dos adeuses dessa história.

Eu gosto da escrita do Kundera, no geral. Esse é o segundo livro dele que leio, e o homem escreve muito bem, mas esse livro me deixou full pistola. Eu simplesmente consegui odiar todos os personagens, mas principalmente os homens dessa história. A misoginia contida nas falas, pensamentos e ações, era coisas muito difíceis de ler. Mas de certa forma, as personagens femininas são bem construídas e elas evoluem pessoalmente, mas elas também são misoginas.

É entendível a forma como a contradição dos seres humanos e da sociedade foi retratada no livro. A gente vê um monte de homem escroto reunido cometendo um milhão de crimes contra a humanidade e ta tudo ok, só pra a gente ver depois eles conseguindo ser piores. O Skreta, nesse sentido, é o pior. Ele trata infertilidade com placebo e pseudociência, e é um médico extremamente desonesto pq ele coloca o proprio sêmen nas pacientes sem que elas saibam.

Um aspecto que me deixou muito sensível, foi o final do livro, pq a Ruzena não merecia aquilo, pq ela foi a melhor de todas. Quando a vida dela tava finalmente começando a caminhar, ela morre, e fica TODO MUNDO IMPUNE.

Acho que o ponto principal desse livro é o problema da omissão. Veja, o Jakub sabia que a Ruzena podia morrer, mas ele montou um marabolismo mental pra justificar não fazer nada; o Skreta sabia que o bebê era do Klima, e aproveitou a morte dela pra salvar a pele do homem; a Olga sabia que foi o Jakub que causou a morte da Ruzena e optou por fazer nada; o Klima saiu impune de todo o mal que fez pra Ruzena e pra Kamila... e só quem sofreu foi a Ruzena e o Frantisek.

É um livro sobre como os homens se protegem, e como numa sociedade sexista, a mulher vai sempre estar no lugar de submissa às vontades do homem, só podendo contar com outras mulheres (de forma limitada tbm, pq a Olga mesmo, foi horrível nesse final).

E isso pq nem vou comentar a fala problemática do narrador na ultima parte da Olga.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Isabella 20/06/2021

Acho que esse livro foi mais um caso onde minhas expectativas altas demais foram um fator que impactou muito na minha percepção dele. Gostei muito de partes específicas do livro, de algumas reflexões em particular e também de como as coisas acontecem, de como um acontecimento leva a outro e das conexões entre os personagens.
Apesar de ter gostado de algumas partes, alguma coisa que não sei nomear me incomodou, não sei dizer o porque mas alguma coisa me deixou meio "fuenn" quando terminei a leitura, como se tivesse faltado algo, e por isso acho que em grande parte minha expectativa alta fez parte do problema. Uma coisa que me incomodou demais, e não digo como uma certeza, talvez tenha sido só uma percepção minha, mas achei as personagens femininas meio mal construídas, meio "fracas" e unilaterais, e apesar de normalmente não ter problemas, e até gostar de livros com personagens "detestáveis" e controversos, todos os personagens masculinos aqui me incomodaram demais, acho que esse foi outro ponto que não deixou a leitura ser 100% prazerosa pra mim.
Apesar de tudo isso ainda acho que é um livro que vale a leitura, o ritmo é muito bom e da pra tirar umas reflexões interessantes sobre os temas abordados.
comentários(0)comente



Rafael 13/12/2015

Uma valsa de misoginia
Me entristece muito saber que o mesmo escritor do meu terceiro livro favorito, A Insustentável Leveza do Ser, e de várias outras obras incríveis tenha conseguido cagar esse lixo tão machista, tão misógino e tão nojento.

Na verdade nós sabemos que Kundera é um machista de carteirinha, mas relevamos por conta da sua incrível habilidade de se aprofundar nos corações dos seus personagens sem o menor rodeio. Podemos aprender muita coisa com os seus livros. O cara escreve realmente bem, você realmente chega a valsar com os personagens à medida que cada um deles dá o seu passo.

Infelizmente para as pessoas mais esclarecidas o óbvio é visível: As mulheres são seres inferiores e indignos de respeito na literatura de Kundera. Não apenas os personagens exprimem essa ideia, mas também o próprio ritmo e conclusão da história segue o pensamento misógino.

Não é de se admirar que o único livro com baixo teor de machismo desse cara tenha ganhado tantos prêmios, diferente desse, afinal, é impossível premiar um livro cujo personagem secundário sugere atropelar uma mulher por ela não querer fazer um aborto.
Gi 26/07/2018minha estante
Comecei a ler esse livro e como estava achando extremamente misógino, fui para a internet pesquisar se existia um motivo "por trás" para o livro ser assim. Mas pelo visto não há um motivo escondido, é só um autor machista. Eu não conheço Kundera, mas amo A Insustentável Leveza do Ser e por isso resolvi comprar outro livro dele, mas já vi que errei feio.




Mawkitas 21/11/2014

Esse foi o primeiro livro do Milan Kundera que eu li. Impossível fingir que não fiquei um pouco decepcionada. Os personagens do sexo masculino são machistas e desagradáveis e senti um tom de egoísmo permeando todo o livro. É um universo psicológico árido, mesquinho e até mesmo burro em diversos momentos. Ao contrário do que sempre ouvi falar dos livros de Kundera, não achei os personagens profundos. Algumas passagens, no entanto, são realmente encantadoras e houve trechos de verdadeira delícia em que a leitura fluiu muito bem. Para o leitor atento há diversos matizes e camadas que podem ser exploradas. As conclusões que tirei após a leitura não foram as melhores e, de modo geral, A Valsa dos Adeuses me despertou pouca simpatia. A forma me agradou mais do que a história em si e o desenrolar da trama. Pontos extras pela alusão à Raskolnikov, personagem de Crime e Castigo.

comentários(0)comente



Anna.Luiza 30/06/2020

não diferente dos outros livros, Kundera sempre me dá o que sempre quero {ou preciso? tal qual a nostalgia de algo que não vivemos, há necessidades descobertas apenas quando supridas}
Milan Kundera é como aquele primeiro amor que dá certo. avassaladores como a insustentável leveza do ser, a paixão e o sentimento pela escrita, pela narração e pela construção dos personagens se mantém nas outras obras numa constante que transita entre o rotineiro e insólito, cabendo ao leitor escolher qual o lado do livro.
ao que julga rotineiro: viva o livro novamente
ao que diz insólito: o que o fez assim?
como quem reviveu, o descobri excêntrico numa sinestesia que já começa pelo título: Valsa dos Adeuses vai além da impecável narração (que casa com meu estilo preferido), ela mostra o amor como ele é na sociedade que vivemos e diz que aquele sentimento que queremos é quase um sonho, ele é raro. O que chamamos de amor nesse mundo sempre irá se misturar com outros prazeres e desgostos- tal qual a sonoridade de qualquer sonata e suas notas "tristes e felizes"-, e, apesar da plena consciência disso, tudo é vivido pela primeira e pela última vez, não temos comparações. como sempre, a valsa principal precisa continuar, independentemente das dúvidas- as não sanadas no livro e as que levamos na vida.
comentários(0)comente



Paula.Crivelini 21/05/2021

Nascimento, morte e o que acontece entre isso
Mesmo depois de ler e reler ?A insustentável leveza do ser? ainda me surpreendo com a habilidade de traduzir em palavras simples os sentimentos mais nebulosos que vivem lá no fundo da mente e não ousamos nomear.
Esta é mais uma obra do genial autor tcheco que nos expõe sob luz direta situações das quais normalmente desviaríamos o olhar e o pensamento sem nem perceber.
Em menos de 250 páginas, Milan Kundera escreve quase que ilustrando sobre nascimento, morte e aquilo que acontece enquanto isso.
comentários(0)comente



Fernanda Pacheco 15/09/2020

Para mim não tem como superar "a insustentável leveza do ser " , minha imaginação fotográfica (se livros tivessem a categoria fotografia) não foi tão longe nesse livro. Também não achei que ele abordou tanto na política. Não entendi muito no começo o que a capa com os comprimidos azuis tinha relação com o enredo, do meio pro fim soube. Começa muito engessado, pensei que nem fosse ter uma leitura mais dinâmica, mas do meio para o fim fluiu. Fui ficando cada vez mais curiosa com o desenrolar da história que não termina do jeito que imaginei, achei melhor que a minha imaginação RS... Aborda temas como fertilidade, aborto, ética profissional (médico), suicídio, ciúmes...

?O desejo de ordem quer transformar o mundo humano num reino inorgânico em que tudo acontece, tudo funciona, tudo é submetido a uma vontade impessoal. O desejo de ordem é ao mesmo tempo desejo de morte, porque a vida é perpétua violação da ordem. Ou, inversamente, o desejo de ordem é o pretexto virtuoso pelo qual a raiva do homem pelo homem justifica suas sevícias."
"Podem-se reconhecer os velhos pelo hábito de vangloriar-se de sofrimentos passados e de transformá-los num museu para o qual convidam visitantes.?
"Um amor excessivo é um amor culpado.?
comentários(0)comente



dmeyrelle 13/12/2016

Mais um livro do autor mais foda dessa vida
A Valsa dos Adeuses é mais um dos incríveis romances do autor Milan Kundera. A obra foi publicada pela primeira vez no ano de 1974, mas no Brasil só chegou a ser lançada pela Editora Nova Fronteira em 1989. Atualmente a editora Companhia de Bolso lançou sua nova versão no ano de 2010.
O livro possui 224 páginas e é dividido em cinco partes. É narrado pela terceira pessoa e nos trás as histórias interligadas, de forma sentimental e algumas apenas casual, de oito personagens: Jakub, Olga, Dr. Skreta, Ruzena, Klima, Kamilla, Blertef e Frantisek.
Começamos com o desespero do trompetista Klima que, ao ligar para sua amante de uma noite, descobre que a mesma está grávida. Sabendo disso, o rapaz decide voltar para o local da traição e pedir a ajuda de um doutor bastante conhecido na cidade, que acabou se tornando seu conhecido, o Dr. Skreta. Ruzena, a moça que está supostamente grávida do trompetista, confronta suas confusões e avalia suas opções, acreditando que um filho seria a chave para embarcar em um romance com Klima. Depois conheceremos Jakub, que está disposto a abandonar o seu país e o desgosto que sente por ele, mas que em alguns dias preparando a sua despedida se vê em situações embaraçosas e de reflexões junto à sua pupila Olga.

(Continuação da resenha no link blog)

site: https://opassaroverdeblog.wordpress.com/2016/07/23/a-valsa-dos-adeuses-de-milan-kundera/
comentários(0)comente



Nádia 02/05/2017

#resenhapomarliterario A valsa dos adeuses
"Ler um livro de Milan Kundera é antes de tudo, e sempre, um imenso prazer. Inteligente e irônico, é com leveza que suas palavras escorrem sob os olhos do leitor, para, subitamente e em conjunto, formarem quadros profundos, ternos e verdadeiros da natureza humana."
.
O livro se passa em 5 dias. Mas são tantos acontecimentos e de tamanha intensidade que parece uma vida. Os personagens são ligados uns aos outros através de tênues fios que vão tecendo essa valsa dos adeuses. Ele aborda temas um tanto quanto delicados nesse livro: traição, aborto, ética profissional, ciúme, desconfiança e tudo sem deixar o texto desconfortável.
Ruzena acusa o famoso trompetista Klima de ser pai de seu filho 2 meses após passarem apenas uma noite juntos. Klima quer convencê-la a abortar. O namorado da moça está enlouquecido e diz ser o pai da criança. A esposa de Klima desconfia da infidelidade do marido mas será que ela quer realmente conhecer a verdade? A história se passa na estação de águas medicinais para tratamento de esterilidade, onde o médico responsável pelas pacientes tem a ideia de inseminá-las com seu próprio esperma (enlouqueci nessa perte). E esse é o esboço do que você terá em mãos ao abrir esse exemplar. O Kundera já ganhou meu coração com sua escrita profunda e analítica.
Super recomendo

site: https://www.instagram.com/p/1rLbE9Gvx8/?taken-by=pomarliterario
comentários(0)comente



Luca Coelho 29/09/2010

Em certo momento as personagens parecem mesmo valsar. Você aproveita e valsa junto!!!
comentários(0)comente



Briena 07/05/2018

Sou fã de carteirinha do kundera. Mas esse livro infelizmente não desceu de jeito nenhum. Os personagens são um mais chatos que o outro e a história fica revolvendo revolvendo que chega um momento que se torna cansativa e sem sentido. Até os devaneios do Kundera que eu tanto gosto, se tornaram vazios.
As reflexões misóginas do Skreta eram de dar gastura. A única coisa que não fez abandonar o livro foi a Olga, a única personagem que se salvou nessa história pra lá de esquecível .
Alexia Tunkis 19/10/2019minha estante
Eita!
Também sou muito fã do Kundera e até agora não tinha lido livro ruim dele rs
Vamos ver como saio deste.




A.Wesendonck 01/04/2020

O amor e seus dilemas muito bem representados.
comentários(0)comente



30 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2