Raisa 04/03/2014
Envolvente
Ganhei de presente um dois-em-um de Sidney Sheldon há uns três ou quatro anos, mas sou muito indisciplinada para leitura, então o livro não saia da prateleira. Porém, nesses últimos dias de ócio decidi me envolver com as páginas dos dois livros para tentar dar um jeito nessa minha indisciplina. Acho que comecei bem, muito bem. Sidney Sheldon tem uma linguagem simples e uma narrativa envolvente. O prólogo do livro não é nada monótono, contando, já nas primeiras linhas, um desastre triplo: a incompetência médica de Dra. Taft, o assassinato de Dra. Kat Hunther, e o julgamento de Dra. Paige Taylor, acusada de assassinar - se é que podemos dizer assim - um paciente pela prática ilegal da eutanásia.
Todas três são residentes do mesmo hospital, onde se conhecem logo nos primeiros dias de trabalho, e passam a dividir o mesmo apartamento. Cada uma tem sua história e um motivo para estar na profissão. Dra. Taft, chamada de Honey (em português: "mel"; e se o leitor bem observar o apelido tem um sentido mais erótico que qualquer outra coisa) é uma médica que não aprecia a profissão; a exerce por vontade de seu pai e sempre dá mancadas. Já Taylor, filha de médico, se inspirou em seu pai quando optou pela medicina. E Kat, mulher negra e forte, na adolescência foi violentada e chegou a engravidar de seu padrasto, mas soube olhar para frente e decidiu ser médica.
Apesar da rotina pesada e turbulenta do hospital, as três novas residentes desenvolvem uma amizade, principalmente Kat e Paige. E isso mexe com o leitor, pois, à medida que as páginas vão passando, não conseguimos achar um sentido para a autodeclaração de Paige, logo no prólogo, sobre Kat: "eu a matei". Este livro é ótimo para um cérebro criativo, imaginativo, um ótimo exercío para mente sempre nos fazendo levantar suspeitas sobre quaisquer coisas que aconteçam. Não sei bem ao que o título do livro se refere. Existem vários finais no livro: a "morte" da adolescente opaca que Honey fora, o fim do longo romance entre Paige e Alfred, a descrença de Kat que algum homem nunca a usaria, a opinião de Paige sobre a eutanásia a vida e doença daqueles pacientes. Nada dura para sempre. E talvez a intenção de Sheldon tenha sido a de mostrar a fragilidade das coisas e das pessoas num mundo em que o Tempo é senhor de tudo. E a escolha do ambiente para abordar isso não poderia ter sido melhor que um hospital, pois é um lugar onde se pode evidenciar quão efêmera é a nossa vitalidade e de tudo aquilo que nos cerca.