Francelle 03/03/2017Uma ótima surpresa.Definitivamente, a melhor sensação é se surpreender com uma obra que a gente lê sem expectativa ou pretensão nenhuma. Comprovei isso com o livro da Kim Edwards; e a animação foi tanta ao encerrar essa leitura, que eu senti necessidade de vir conversar com vocês sobre O Guardião de Memórias.
Antes de iniciar a leitura, procurei resenhas sobre a obra e, na maioria das que eu li, a opinião era negativa ou decepcionada. Dessa forma, comecei a ler com zero expectativas e até um certo receio de estar perdendo o meu tempo. Ainda bem que, durante a narrativa, fui sendo cada vez mais cativada pela escrita da Kim. Confesso que os "floreios" utilizados estavam forçando a minha paciência no início do livro, mas assim que eu me acostumei a eles tudo fluiu melhor.
A história se passa entre as décadas de 1960 a 1980, e é bem linear, começando com a decisão de David de doar a filha e continuando a partir daí a mostrar as consequências desse ato em toda a vida do personagem, assim como de sua esposa e seu filho. Também vamos acompanhando o que acontece com a vida da Phoebe e da enfermeira Caroline, que aprende a cuidar da menina e constrói uma família que a acolhe.
O que mais me impressionou nessa história foi a sensibilidade da autora, expressa nos pensamentos e sentimentos dos personagens, que nos são detalhados todo o tempo e os deixam perfeitamente humanos - quase palpáveis. Tal sensibilidade na escrita nos guia, lentamente, ao futuro de David e sua família, e nos apresenta ao que uma única escolha errada pode resultar, ao sofrimento e a mudança do destino de cada um deles, que poderia ter sido bem mais feliz e totalmente diferente.
A "lição de moral" da história é fazer com que prestemos atenção aos nossos próprios atos, visto que uma única decisão pode nos impactar e mudar o rumo de nossa história para sempre.
Apesar da escrita parecer um pouco arrastada, a força dessa história faz com que valha a pena ter paciência extra e nos deixar sermos levados pelo rumo dos acontecimentos. Ano após ano, e a cada página, somos apresentados e colocados dentro das vidas destes personagens. É inevitável que, em algum momento do livro, vamos digerir cada nova informação sobre essas pessoas e vamos querer saber ainda mais, sempre buscando compreender o que personagens tão reais (cheios de defeitos e virtudes) ainda tem pela frente. Ou ainda, se haverá um final feliz ou algo parecido.
Não é uma história leve, e muito menos uma história fofinha, mas O Guardião de Memórias é um livro que merece uma chance, merece ser lido e, também, mais divulgado.
Indico para todos vocês, com certeza.