spoiler visualizarTah 13/01/2022
Le Guin e a genialidade de Omelas
Sobre a qualidade do conto, nada à declarar. É perfeito.
Sobre impressão ao ler: da estranheza ao assombro, medo, revolta e entendimento, em apenas 4 páginas!
O paradoxo que Le Guin nos deixa, forçando a escolha entre o sofrimento de um para a felicidade de muitos não deve ser simplificado para a dualidade do bem x mal, sobretudo quando a dualidade acaba sendo quebrada por quem simplesmente não consegue escolher e deixa Omelas. Mas, a bem da verdade, não escolher também não é uma escolha?
Não fazer nada é manter o status quo: o sofrimento de quem sofre permanece, a felicidade construída sobre sua dor, também permanece.
Quem sai de Omelas apenas opta por lavar as mãos, deixar como está, recusa fazer parte da felicidade coletiva, mas não se exime da responsabilidade do sofrimento de que tem conhecimento que acontece e não fez nada para pará-lo. É como uma ferida aberta que nunca cicatriza.