Bit 21/04/2021
"Estar viva era temer de alguma maneira"
E enfim chegamos na última parte da jornada de Mia Corvere, porque tudo que tem um começo, tem um meio e fim - Nascimento, crescimento e morte. Darkdawn foi reviravolta atrás de reviravolta, o que nos prende em uma atmosfera de suspense sobre o que nos aguardará a página seguinte. É um livro muito bom, tem um universo super bem construído, os personagens são o suficiente aprofundados e tendem a nos surpreender ao longo do livro e a escrita tem uma forma singular que facilmente nos cativa (o narrador fala diretamente com nós leitores e tem muitos traços de humor, principalmente sombrio). É um desfecho digno das crônicas da quasinoite.
Mia Corvere é uma protagonista que quebra com todos os padrões: Ela fuma, bebe e fala torrentes de palavrões, ela tem um gênio terrível que sempre a traz problemas, ela não se importa nem um pouco com as opiniões alheias e é tão determinada e teimosa que é capaz de agarrar a morte com as próprias mãos e esganá-la. Mia é uma figura única, que tem muitos defeitos, mas assume todos eles, é dona do próprio destino, nunca cede nem se ajoelha para ninguém, é cruel, vaidosa e egoísta, assassina e astuciosa, mas a verdade é que ela apesar de todo sofrimento e merda que passou, não deixou a vida torna-lhe um monstro, não deixou que a vida lhe tornasse fria e nem que ninguém lhe molda-se. Mia é corajosa, forte, destemida, leal e apaixonada, vívida, real e crível, é uma garota que tem muito o que dar para o mundo, muito mais do que apenas vingança, ela pega o mundo pela garganta e o aperta, uma garota que enfrenta, faz e toma o que quer sem dar satisfação para ninguém, dona de si mesma, abre o caminho com as próprias mãos e nunca jamais deixa o medo lhe governar.
Em Darkdawn, vemos finalmente cada peça se encaixando no seu devido lugar, cada mistério e enigma que nos acompanha desde o primeiro livro é revelado e enfim podemos ver a totalidade do universo das crônicas da quasinoite: os deuses, a magia, a ancestralidade, as trevas e luz... As sacadas deste livro são muito boas, a gente percebe que tudo se encaminhou para esse fim e começo, fim de um ciclo, começo de um novo, recomeços e equilíbrio. As mensagens que este livro traz são valiosas e muitas, a medida que Mia cresce, tocada por diversas perspectivas do mundo e pelas próprias experiências, escolhas, pessoas que a vida lhe trouxe e o caminho, que tanto foi-lhe traçado, quanto ela mesma o traçou; nós aprendemos, com toda a jornada sangrenta e luminosa de Mia Corvere, a garota que tinha uma história para contar.