Pablo Paz 20/12/2021
Leitura rica, porém...
Li esse livro porque estava curioso para conhecer mais um ramo da medicina oriental - a Ayurvédica. As dicas são excelentes, mas acho difícil para nós ocidentais aplicá-las porque a maioria das medicinas orientais tem como referência os ciclos da natureza (dia/noite, estações do ano etc.) e a espiritualidade como prática cotidiana. Por exemplo: coisa mais fácil é emagrecer adotando determinada dieta; a dificuldade porém vem depois, quando o indivíduo precisa manter aquele novo corpo e isso só é possível adotando novos hábitos alimentares e de exercícios. Para um indiano não é difícil porquanto tudo isso, como disse, está atrelado à prática e ao cuidado de sua espiritualidade. Na Weltanschauung oriental, a alimentação faz parte da maioria das religiões, é tanto um rito social quanto um habitus individual.
E há dois fatos que distinguem o nosso cristianismo de qualquer outra religião: 1-) sua teologia não está atrelada aos ciclos da natureza, sua teleologia é mais histórica do que mítica. 2-) não há nenhum tabu alimentar, exceto para uma ou outra seita protestante (adventistas) e eventualmente para os católicos (não comer carne na Páscoa). E quando digo nosso cristianismo, independe de você ser (ou não) religiosamente cristão porque culturalmente todos somos.
Em suma: é um tipo de conhecimento que, como se diz em antropologia, só faz sentido dentro de um contexto cultural específico. É uma leitura muito rica, dá para adaptar algo aqui ou acolá, mas no geral é provável que não funcione para a maioria dos brasileiros de hoje, ainda mais por estarmos imersos no consumo materialista, alimentados por credos teológicos materialistas (teologias da prosperidade etc.).