CarolMarques 27/04/2020
Resenheriando
Nosso cenário é o sertãopunk e estamos localizados em Cedrinho, uma cidade de interior que era uma das únicas que ainda não tinham recebido as coleiras. Aqui, as coleiras são colocadas nas pessoas para controle, me lembram muito a de cachorro que se ele faz algo errado leva um choque. Isso é usado para controle dos coroneis e evita rebeliões.
Apesar de parecer algo muito futurista é bem perto da nossa realidade: os trabalhos são praticamente escravos, a água não tem tratamento eficaz e a comida é cheia de agrotóxico e pesticida o que acaba causando várias doenças graves nas pessoas. (viu? nada tão longe do que já estamos encaminhados)
A protagonista é Heloísa, ela é considerada médica da cidade mesmo sem nenhuma formação, claro que com tudo isso acontecendo seu trabalho é reduzido já que não tem remédios, equipamentos ou qualquer coisa decente ali. A médica é a única sem coleira na cidade, o motivo disso é totalmente irônico e muito bem colocado.
No meio da noite enquanto fuma, ela começa ouvir barulho de passos e logo em seguida vozes femininas. Heloísa pega uma lanterna e sai de casa, onde acaba encontrando duas mulheres machucadas, uma tem um ferimento grave e a outra ferimentos mais leves, sem nem pensar ela acolhe as duas e as ajuda mesmo tendo total certeza que se meteria em encrenca caso Caveira (o mais perigoso) descobrisse. O que Heloísa não sabia era que abrigar duas estranhas poderia mudar sua vida e a de Cedrinho bem rápido.
É um conto muito bem estruturado, o final dele me fez querer bater na Gabi? Sim e é isso que tornou minha leitura ainda mais gostosa e fascinante, amei ver o Nordeste ser representado de uma forma diferente do que outros autores sempre fazem, além dos diálogos serem totalmente naturais e você conseguir se aproximar de cada personagem com poucas descrições o que só demonstra a qualidade da escritora. Se tornou um dos meus favoritos e eu vou panfletar ele em cada oportunidade que tiver.