meuslivros.meumundo 11/03/2020
O Céu que nos oprime
O livro nos trás logo na abertura um texto do protagonista Johannes (o Jojo do filme Jojo Rabbit), sobre mentiras, e que é fundamental a leitura antes e quando finalizar o livro: "o grande perigo de mentir não é que as mentiras sejam inverdades e, portanto, irreais, e sim elas se tornam reais na cabeça de outras pessoas. Elas escapam do controle do mentiroso como sementes arremessadas ao vento, germinando uma vida própria nos lugares me os esperados (...)". "Muitos anos se passaram desde que semeei as mentiras, portanto as vidas, de que estou falando (...)".
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E então o livro nos trás o protagonista no início da Segunda Guerra Mundial, quando seu país, a Áustria, se anexa ao Reich alemão para ambos lutarem juntos na eliminação dos judeus.
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É nesta primeira parte que senti os horrores que eram ensinados principalmente nas escolas já ocupadas pelos alemães, de que a raça deles era a mais pura, e de que os judeus deveriam ser eliminados:.
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"Não confiem em judeus mais do que uma raposa no campo. Satã é o pai dos judeus. Os judeus sacrificam crianças cristãs (...). Se não dominarmos o mundo, eles o dominarão. É por isso que querem misturar seu sangue ao nosso, para se fortalecer e nos enfraquecer." "Comecei a temer os judeus de uma maneira clínica. Eram como o vírus que eu nunca via, mais sabia que estava por trás da minha gripe e do meu sofrimento.".
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É realmente chocante essa teoria criada por Hitler...
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Porém, entretanto e todavia, apesar desses trechos, o livro não nos trás muito mais sobre a visão do menino não judeu durante o holocausto... e isso acho que me decepcionou um pouco... achei que seria esse o foco, mas não...
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Mas vamos lá: então ao longo de toda a segunda guerra Johanes faz o possível pra que uma judia sobreviva escondida em seu sótão, principalmente após ter perdido seus familiares, quando ele se vê sozinho. Ele desenvolve um amor, ou obsessão, difícil definir e digerir, por essa judia. Então nessa segunda parte retrata com mais ênfase um rapaz egoísta, ingrato, egocêntrico, infantil e mentiroso!.
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A fim de manter sua protegida e "amada", ele mente sobre o fato de a guerra ter sido vencida por Hitler e a torna sua prisioneira, então começa um jogo sentimental dos dois lados, e passamos a acompanhar o dia a dia de ambos praticamente confinados dentro da casa. Me arrastei um pouco na leitura dessa segunda parte, que é bem longa, com um sentimento de que a autora se perdeu um pouco, tornando meio exaustiva, pelo menos pra mim, a leitura... volto a dizer que jurava que o livro seria sobre a visão do menino não judeu sobre o holocausto!.
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Aí então vem a reflexão final, que trouxe de volta o esplendor da escrita da autora do início! De qualquer forma, vale a leitura e a reflexão!.
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Um livro sensível, denso, superficial às vezes, irritante muitas vezes, mas vale a leitura por trazer, mesmo que bem pouco, um lado sobre o holocausto que não tinha lido ainda em outro livro, por me ensinar mais um pouco sobre a Segunda Guerra, e sobre a reflexão de o que somos capazes para sobreviver e por amor! Sinceramente, difícil julgar se é certa ou errada a decisão do Johannes nessa época difícil!.
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Indico sim!
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