annacê 22/02/2024Eu vou em frente, Roberto, vamos até o fim, venha comigo"É incrível, mas creio que norteei toda a minha vida por esse momento, quando tomei a mais difícil de todas as decisões que tive de tomar até hoje: como eu iria morrer e, principalmente, com quem eu iria morrer. Menos de trinta segundos depois eu disse: ?Eu vou em frente, Roberto, vamos até o fim, e peço que você venha comigo?. Qualquer outra decisão em minha vida, se comparada com essa, foi muito fácil. Quem é que decide como e com quem irá morrer?"
Fiquei horas pensando em como ia começar essa resenha, pensando em uma forma de explicar como esse livro me tocou, tocar não é a palavra certa... Esse é o problema, eu não consigo encontrar as palavras certas pra descrever como eu me senti lendo esse relato? memórias? experiência? Eu não tenho o arsenal de palavras incrivelmente tocantes que os sobreviventes e o Pablo Vierci usaram pra contar a história deles. Mas também, se for parar pra pensar eles tiveram anos pra pensar sobre esse livro e eu venho pensando nessa história há apenas dois meses.
Esse é o segundo livro sobre esse acidente que eu leio, o primeiro foi o livro do Nando Parrado, um dos sobreviventes, e eu não achei que leria um relato tão tocante quanto aquele livro. Mas eu estava enganado, porque eu não sabia o que me esperava com A Sociedade da Neve e o relato dos dezesseis sobreviventes. Dezesseis histórias, dezesseis formas diferentes de experienciar essa tragédia pelos olhos de quem viveu ela.
Eu vi muita coisa sobre a tragédia antes de ler esse livro e senti que não tinha sido suficiente e precisava saber mais, entender mais e esse livro aqui preencheu tudo o que tava faltando.
Sou extremamente grata pelos sobreviventes terem compartilhado essa história e como eu não tenho palavras, eu não consigo explicar o quanto eu mudei desde que eu assisti o filme e desde que eu comecei a me aprofundar na história, eu passei a ver a vida de uma forma diferente. Foi uma história que chegou pra mim no momento certo, num momento que eu precisava ouvir sobre. As montanhas, Deus, alguma coisa além de Deus, a amizade, companheirismo, a persistência, a sociedade da neve, tudo deles e dessa história me tocou e se encaixou em alguma coisa que fazia anos que eu sentia que tava faltando, que eu tava me afastando.
Enfim, esse é um livro que vou sempre guardar em um lugar muito especial do meu coração. Não sei se eu teria forças pra ler de novo, mas com certeza eu vou adquirir o físico e fazer as marcações de todos os trechos que me tocaram, ou seja vou marcar o livro todo e vou visitar de vez em quando as passagens que mais me deixaram pensativa.
"Então eu disse a Roberto: ?Que maravilha seria isso se não estivéssemos mortos?. Senti que ele apertava a minha mão. Estava tão assustado quanto eu, mas com as mãos dadas transmitíamos força um ao outro, e sabíamos que ambos tínhamos a mesma convicção, de que daríamos o melhor de nós. O melhor de todos os demais catorze sobreviventes que estavam na fuselagem e o melhor dos outros 29 que tinham morrido."