oliria.mendesgimenes 05/10/2020
Quem ama não vê coração
Um romance com uma linda mensagem aos seres humanos da Terra. Lindo! Muito necessário nesses dias atuais em que as pessoas só pensam nelas mesmas. A autora, com sua escrita fluida e mediante muita sensibilidade, foi capaz de articular a arte com renascer da vida. Antonella e Vittorio, duas pessoas com histórias tão diferentes, mas que se encontram no caminho da vida a partir de uma situação muito triste, a morte.
"É muito reconfortante sabermos que temos alguém para olhar nos nossos olhos e, mesmo em silêncio, dizer-nos para seguirmos em frente, persistirmos, nos amparando qdo tudo desmorona."
Esse é o papel da família e dos amigos para com aquele que perdeu alguém muito próximo. Antonella se vê sem chão ao perder seu quase noivo, ele iria pedi-la em casamento, mas morreu. Vittorio, um homem que desde criança foi privado das coisas mais simples como brincar, se vê a beira da morte devido a problemas cardíacos.
"Um novo coração parece tão simples, porém não para alguém que morre um pouco a cada dia."
“Conhecer indivíduos que aprenderam a viver com marcas e cicatrizes faz com que eu me sinta melhor, me faz ver que todos nós temos momentos ruins.”
A autora toca o leitor e o desperta para a questão de doação de órgãos. A partir de uma história doce, mas com uma trama de altos e baixos entre os protagonistas, percebemos que é preciso nos posicionar em relação a essa questão e divulgá-la aos nossos familiares.
Fiquei emocionada ao ver Vittorio corado e comprometido com tudo que vem após o transplante (cuidados, medicamentos, disciplina)–pude ver porque a desenvoltura da autora com a escrita proporcionou isso. O retorno ao trabalho foi radiante. Vi-me sentada no mezanino de Vittorio contemplando as telas para a próxima exposição.
“Um quadro meu diz o que minha boca não tem coragem. É por isso que não pinto algo específico.”
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Adoro as artes, em todos os sentidos. Ela me instiga, me provoca. É fascinante! Ver o artista tomado pela dor da mágoa, canalizando seus sentimentos por meio das cores das tintas, me fez questionar muitas coisas na minha vida. Certamente, o leitor, em vários momentos, levantará a cabeça.
“Eu os ouço, todos tristes, com seus corações desolados, com seus olhos lacrimejantes, e, ao ouvi-los, percebo como somos iguais – frágeis, fortes, tristes e felizes, cada um vivendo o próprio tempo – enqto uma pessoa sorri, outra chora; enqto uma brada sua força, outra tomba.”
A vida é assim, tristeza e alegria, com cores e sem cores.... No entanto, quem dita o tom da cor somos nós mesmos.
Beijocas. OliriaGimenes
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