Eu sou Ozzy

Eu sou Ozzy Ozzy Osbourne




Resenhas - Eu sou Ozzy


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Talita.Martinelli 09/09/2020

Sr Osbourne, como o senhor ainda está vivo?
O livro mais vendido na lista do New York Times é realmente um estouro, a vida de Ozzy passa bem longe da monotonia e é realmente impressionante ver como suas maluquices o transformaram em uma lenda viva do rock.
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liutwo 05/07/2020

Não sou fã de Ozzy mas o livro é muito divertido. É como sentar com seu avô e ouvir ele contar sobre todas as histórias loucas que já viveu.
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P.G. Headway 14/05/2020

Hilário!
A forma que o Ozzy escreveu é a forma que ele fala mesmo, e isso é um dos pontos altos do livro. Suas aventuras, suas crises, suas piadas, me lembro de quase todas as partes da biografia. Além do mais, pra escrever um livro tão marcante como este, é preciso VIVER uma vida maluca como a do Ozzy, e não é qualquer pessoa que aguenta. Hahaha!
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Rodrigo Fernandes 11/05/2020

Amo a música. Já o músico...
É uma lenda. Pioneiro. Talentoso. Fui num show dele, e só a presença dele já arrepia. As músicas então... Mas vou ser sincero; Muita gente acha as histórias contadas aqui engraçadas... eu acho bem bestas. Faz muita merda, inclusive com a esposa. Não me identifico nem me inspiro nas atitudes da vida pessoal dele.
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Bree 01/05/2020

Um dos meus livros favoritos
Já amava o Ozzy e depois de ler a história dele, sem filtro, contada por ele mesmo, o admiro ainda mais. Ele cometeu muitas loucuras na vida e fez coisas horríveis das quais ele se arrepende, mas ele é com certeza uma lenda viva. Já li 3 vezes e dei boas risadas.
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Cintia 26/03/2020

Príncipe das trevas
Fada sensata! Hilária a forma como Ozzy conta sua vida, se está precisando rir, aconselho este livro
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Lissa.Araujo 06/03/2020

Divertido
Esse livro é bem legal mesmo pra quem não é fã, mas é um pouco mais legal quando você sabe uma música ou outra que é citada no livro.
Ozzy assim como outros cantores da época, fez muitas loucuras e teve uma vida conturbada e a maioria das histórias são ótimas pra rir, apesar de serem do tipo de história que você só da risada se não for você ou se for muito tempo depois de ter acontecido, outras são um pouco mais tristes como a dificuldade de se livrar de vícios e como isso pode destruir a sua vida.
Adriel Alves 06/03/2020minha estante
É uma lenda, já aprontou cada uma que realmente não sei como ainda está vivo, haha.


Lissa.Araujo 06/03/2020minha estante
Verdade, não tem como estar vivo kkkkk




Carol.Panaro 27/02/2020

O livro traz certos temas pesados, como o abuso das mais diversas drogas e o mergulho desenfreado em hedonismos, mas também nos diverte, pois o Ozzy é capaz de preencher todas essas histórias, dos tempos do Black Sabbath, de sua carreira solo, com um bom humor espetacular. Rendeu-me boas risadas e aproximou-me mais ainda de uma banda que tanto gosto.
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Thais.Pires 11/07/2019

Excelente!
Foi bastante interessante conhecer mais da história do Ozzy e me rendeu muitos risos algumas de suas histórias e sua abordagem cômica. Amei.
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Nilson 08/07/2019

Louco
Tenho por habito ler autobiografias e biografia feitas por profissionais sobre determinado astro. Tenho lido acho q mais de duas dezenas relacionadas a musica... eric clapton, bob Dylan, moby porcelam, Bruce springsteem, Guns n' Roses, Phil Collins, só para citar alguns exemplos. Mas esse ozzi osbourne. Sinceramente me decepcionou. Arrancar cabeça de pombo, comer morcego, matar a tiros as galinhas de sua casa, jogar carne sangrando na plateia, tocar com toda banda pelada. Prazer de contar as suas pataguadas...
Para final do livro quando resolve ser gente, se livra das drogas e passa ser uma pessoa normal.li porque ganhei de presente mas tem coisa melhor pra se fazer.
Nilson 10/07/2019minha estante
Desculpem pelos erros gramaticais. Ja era madrugada!!!?




Kimera 06/04/2019

Recomendo
Eu simplesmente amei a leitura e me diverti a beça com esse cara que eu sou fã.
Para quem tem uma visão "diabólica" de Ozzy Osbourne, ao ler este livro, verá uma personalidade completamente louca e para quem quer saber sobre sua trajetória, está aí sua oportunidade.
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Tiago.Muniz 03/02/2019

Recomendo!
Uma das biografias mais engraçadas que vc vai ler!!! Esse cara não era malvado, ele é louco!! E conta sua história como um vovô sentado na mesa com os netos... muito boa mesmo!!
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Henrique Boechat 19/10/2018

Diversão garantida
Por si só, Ozzy Osbourne é muito engraçado. Sua maneira de ser, o que ele fala, o que ele já fez nessa vida mostram a irreverência desse personagem icônico, famoso por suas músicas fantásticas e pelo seu carisma em cima dos palcos.
E é justamente diversão o que o leitor vai encontrar em “Eu sou Ozzy”. No livro, o roqueiro conta sua vida, desde a origem humilde em Aston, Birmingham, até por volta de 2010, já muito rico, e tendo marcado indelevelmente a história do rock há muito tempo (quem conhece o gênero sabe que Ozzy é uma das figuras centrais e seminais do heavy metal). A obra traz inúmeras passagens divertidas das loucuras que Ozzy fez, sozinho ou em parceria (não vou contar, por motivos óbvios) e que, realmente, são muito engraçadas.
Entretanto, o autor também narra fatos complicados de sua jornada. Em tom confessional até, assume erros cometidos e demonstra arrependimentos por certos atos. Assim como na autobiografia de Eric Clapton, a sinceridade toma conta da narrativa, o que nada mais é do que exigível em uma obra desta natureza.
Drogas e bebedeiras são o fio condutor de praticamente toda a história, não sendo novidade em se tratando de Ozzy Osbourne. Mas é de se impressionar que, com todo o consumo de substâncias nocivas, ele tenha conseguido se lembrar de algumas situações em que estava fora de si.
“Eu sou Ozzy”, enfim, é garantia de muitas risadas, mas, também, para a felicidade de seus admiradores (ou recém-introduzidos ao mundo do Príncipe das Trevas), traz, em algumas passagens, conselhos interessantes extraídos de uma vida repleta de excessos.
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eriksonsr 08/08/2018

Parabéns ao Ozzy, pois só ele mesmo pra de alguma forma escrever uma biografia cheia de drogas, tragédias e dramas em algo gostoso de se ler. Eu perdi as contas de quantas vezes morri de rir de algumas das peripércias e histórias contadas pelo Ozzy.

Qualquer um imagina que um cara que arrancou a cabeça de um morcego (ok, foi um mal-entendido) com uma mordida deve ter boas histórias pra contar e lembranças que começam com: "cara, esse dia foi louco!", mas o Ozzy sem dúvidas é um compilado de loucuras e coisas que fazem você duvidar e pensar: "É sério isso?"! Sua vida se resume bem em uma frase utilizada por ele no livro: "Era como se o hospício e o pandemônio se juntassem, multiplicados pelo caos."

Sem dúvidas, a biografia do Ozzy é uma das mais loucas, cativantes e divertidas já que li. É incrível como alguém pobre, alcoolatra, drogado, ex-presidiário, problemático e semi-analfabeto como é o caso dele conseguiu se tornar a lenda que é. Outra coisa notável é bom humor dele, mesmo nas piores situações, lá está o Ozzy fazendo alguma brincadeira ou piada, apesar de que muitas destas piadas e muito deste humor sejam apenas para disfarçar o medo e o nervosismo.

Por fim, independente de você ser ou não um fã do Rock n' Roll, ai está uma ótima leitura, a história de um ser um humano real, com seus problemas, seus medos, seus erros, suas loucuras e que tinha tudo pra morrer jovem ou ser só mais um qualquer, mas que acabou se tornando uma lenda!


Algumas passagens interessantes:
"Desde que me lembro, as pessoas me chamam de "Ozzy" na escola. Não tenho ideia de quem inventou isso ou quando ou por quê. Acho que era só um apelido para Osbourne, imagino, mas combinava com minha personalidade de palhaço. Assim que o apelido pegou, só minha família mais próxima continou me chamando de John. Nem eu reconheço meu nome, agora. Se alguém disse: "Ei, Joun! Venha aqui!", eu não olho.";

"Um cara na escola que nunca me bateu era Tony Iommi. Estava um ano na minha frente e todos o conheciam porque ele tocava guitarra. Ele nunca me bateu, mas mesmo assim que me sentia intimidado: era um cara grande e bonitão, todas as gartoas gostavam dele. E ninguém vencia Tony Iommi numa briga. Ninguém conseguia derrubá-lo. Como era mais velho do que eu, ele pode ter me dado umas porradas de vez em quando, mas nada mais do que isso. O que eu me lembro bem nos tempos da escola foi o dia em que pudemos levar nossos presentes de Natal para a escola. Tony mostrou sua nova guitarra vermelha. Eu me lembro de ter pensado que era a coisa mais legal que já tinha visto na vida. Sempre quistocar algum instrumento, mas meus pais não tinham dinheiro para comprar e eu não tinha paciência para aprender. Meu nível de atenção era de apenas uns cinco segundos. Mas Tony tocava bem. Era incrível, um cara naturalmente talentoso: era só dar umas flautas da Mongólia e ele aprendia a tocar blues com elas em pouco tempo.";

"Mas eu acabei gostando do abatedouro. Acabei me acostumando com o cheiro e, depois de ter passado um tempo abrindo estômagos, eles me promoveram a matador de vacas.";

"Pink Floyd era música para garotos ricos da faculdade e nós éramos o exato oposto daquilo.";

"No final, uma agente o via e ofereceu uma turnê profissional na Alemanha, assim Tony decidiu sair do emprego na fábrica. Acho que ia conseguir viver de música.

Aí, tudo deu errado.

No último dia na fábrica, o cara que deveria prensar e cortar o metal antes de ser soldado não apareceu. Então, Tony precisou fazer isso. Ainda não sei exatamente o que aconteceu - se Tony não sabia usar a máquina ou se ela estava quebrada ou o que foi -, mas essa porra de prensa acabou cortando as pontas dos dedos médio e anular da mão direita. Tony é conhoto, por isso é com a mão direita que toca no braço da guitarra. Eu fico arrepiado só de pesnar naquilo, mesmo hoje. Tony ouviu dos médicos no hospital que nunca mais seria capaz de tocar. Passou por dezenas de especialistas nos meses seguintes e todos disseram a mesmo coisa: "Filho, seus dias numa banda de rock n' roll estão terminados, fim da história, encontre outra coisa para fazer."";

"Finalmente, descobriu o que fazer. Fez um par de dedais para seus dedos lesados a patir de uma garrafa derretida de Fairy Liquid, poliu até que eles ficassem mais o menos do mesmo tamanho de seus dedos e depois colocou esses pequenos pedaços de couro nas pontas para melhorar a adesão às cordas. Soltou as cordas um pouco também, para não precisar pressionar com muita força.";

"Ninguém contratava uma banda que tinha sido presa por drogas, oprque achavam que você traria uma turma ruim. E ninguém queria problemas com a lei, não quando tinham liceças que podiam ser revogadas. No verão de 1968, os shows da Mythology tinham secado a ponto de todos ficarem quebrados. Quase não conseguiam comprar comida. Tony e Bill tinham duas escolhas: desistir de ser músicos em tempo integral e conseguir emprego em Carlisle, como os outros membros da banda estavam planejando fazer; ou voltar para Aston, onde podiam viver na casa dos pais enquanto tentavam salvar suas carreiras. Escolheram Aston, e foi assim que terminaram na porta da minha casa.";

"Outro problema eram os limpadores de para-brisa: eles não funcionavam. Bom, funcionaram por um tempo, mas estava chovendo tão forte que quando chegamos a Stafford eles enguiçaram. Assim, Tony precisou parar no acostamento enquanto eu e Bill amarramos um pedaço de arame nos limpadores e passamos pela janela. Dessa forma, podíamos limpar o vido manualmente, com o Bill puxando de um lado e eu, do outro. Assim até a porra de Carlisle.";

"A coisa mais louco que fizemos (e foi ideia de Tony, acho) foi descobrir qual banda conhecida ia tocar na cidade, encher a van com todas as nossas coisas e depois esperar do lado de fora do lugar, torcendo para que a banda não aparecesse. As chances eram minúsculas, mas, se acontecesse, podíamos ter a chance de tocar para alguns milhares de pessoas... mesmo se fôssemos xingados e jogassem garrafas porque não éramos a banda que eles tinham gastado uns dias de salário para ver.

E sabe o quê? Funcionou.
Uma vez.
A banda famosa era Jethro Tull.";

"A adrenalina foi indescritível. Era tão intenso, quase me esqueço do medo do palco. E o show foi um triunfo. A multidão reclamou nos primeiros minutos e eu precisei me desviar de umas garrafas, mas terminamos ganhando todos.";

"Entre os shows, começamos a ter algumas ideias para músicas. Foi Tony que sugeriu primeiro que fizéssemos algo que soasse do mal.";

"Bill e eu achamos uma ótima ideia, assim começamos a escrever uma letra que acabou se transformando na música "Black Sabbath".";

"Quanto ao título da música, foi Geezer quem criou. Ele tirou de um filme de Boris Karloff que tinha estreado há pouco. É engraçado, realmente, porque, apesar de nossa nova direção, ainda éramos basicamente uma banda de blues. Se ouvirem atentamente, vão perceber um monte de influências de jazz em nosso som - como a intro estilo swing de Bill numa de nossas primeiras músicas, "Wicket World". A diferença é que tocávamos umas oitocentas vezes mais alto que uma banda de jazz.";

"O Star Club também me ajudou a perder o medo do palco. Depois que eme soltei um pouco, comecei a fazer coisas cada vez mais loucas para me surpreender. E os caras me encorajavam. Quando dava para ver que a plateia estava de saco cheio, Tony gritava pra mim: "Faz alguma merda, Ozzy". Essa era a deixa para eu fazer algo realmente louco, para chamar a atenção de todos. Uma vez, encontrei uma lata de tinta roxa no backstage e, quando Tony me deu a dica, eu enfiei o nariz na lata. O que estaria bem, se a porra da tinta não fosse indelével.";

O truque para se divertir no Star Club era encontrar alguma garota alemã e ficar no apartamento dela, assim não era preciso compartilhar a cama com um dos seus amigos peidadores e coçadores de saco. Não nos importava como era a garota - mesmo porque nós não éramos grande coisa também. E se elas nos pagassem cervejas e dessem cigarros, isso era considerado um bônus. E se não quisessem comprar cerveja e cigarros, a gente fazia o máximo para roubá-las. Na verdade, mais de uma vez a gente usou Tony como isca (porque ele era o cara com quem todas as garotas queriam transar. Ele subia para nosso quarto e começava a agarrar alguma groupie numa das camas e eu me arrastava pelo chão até onde ela tinha deixao a bolsa, e tirava qualquer dinheiro que houvesse ali). Não tenho orgulho disso, mas era preciso comer.";

"Trocamos em alguns clubes enquanto estávamos em Londers. Num desses shows, o DJ colocou um disco antes de tocarmos, e fiquei louco ao ouvir. Algo na voz do vocalista parecia familiar. Aí entendi: era Robert Plant. Então, fui até o DJ e disse:
- É o disco do New Yardbirds que você está tocando?
- Não, é uma banda nova chamada Led Zeppelin.
- É mesmo?
- É, cara. Eu juro.
Fizemos nosso show, mas não conseguia tirar aquele disco da cabeça, então depois fui até o DJ e perguntei:
- Tem certeza de que não o New Yardbirds? Eu conheço esse vocalista e ele não está numa banda chamada Led Zeppelin. Dizem qeum são os memrbos da banda na capa do disco?
Ele leu os nomes:
Jimmy Page, John Bonham, John Paul Jones, Robert Plant.

Não podia acreditar: o New Yardbirds tinha mudado o nome para Led Zeppelin... e tinham feito o melhor disco que eu tinha ouvido nos últimos anos. Na van, voltando para casa, lembro de ter dito para Tony:
- Você ouviu como o disco do Led Zeppelin é pesado?
Sem nem pesnar, ele respondeu:
- Vamos ser mais.";

"Bangs morreu doze anos depois, quando tinha só trinta e três, e eu ouvi gente dizendo que ele era um gênio das palavras, mas para nós ele era só outro estúpido pretensioso. E, desde então, nunca nos demos bem com a Rolling Stone. Mas sabe o quê? Ser atacado pela Rolling Stone era meio legal, porque eles eram o establishment. Aquelas revistas de música eram feitas por universitários que se achavam inteligentes - talvez, para ser justo, fossem mesmo. Enquanto isso, tínhamos sido chutados da escola aos quinze anos e trabalhado em fábricas ou matado animais para viver, mas depois tínhamos conseguido fazer algo, apesar de todo o sistema estar contra a gente. Então, para que ficar bravo quando as pessoas inteligentes dizim que não éramos bons?";

Lembrem-se, algumas pessoas ficam tão machucadas que não conseguem se controlar. Lembro uma vez em Glasgow, um crítico apareceu no nossoa hotel e Tony foi até ele e disse: "Quero falar uma coisa com você, querido.". Eu não sabia, mas o cara tinha acabado de escrever uma matéria sobre Tony, descrevendo-o como o "Jason King com mãos de pedreiro" - Jason King era um personagem da TV, um detetive que tinha um bigode estúpido e um cabelo horrível. Mas quando Tony o enfrentou, ele apenas riu, o que era algo muito estúpido para se fazer. Tony ficou parado ali e disse: "Continue, filho, ria o quanto quiser, porque daqui a trinta segundos você não vai rir mais". Aí, Tony também começou a rir. O crítico não o levou a sério, então continou a rir, e por uns dois segundos eles ficaram ali parados, rindo muito. Aí Tony mandou um soco que o cara precisou ir pro hospital.";

"Posso honestamente dizer que nunca levei essa coisa de magia negra a sério, nem por um segundo. Só gostávamos de como isso era legal em termos visuais.";

"Não acreditei quando descobri que as pessoas realmente praticavam o ocultimos. Esseos loucos com maquiagem branca e túnicas negras apareciam depois de nossos shows e nos convidavam para missas negras no cemitérios de Highgate. Eu dizia para eles: "Olha, cara, os únicos espíritos do mal em que estou interessado se chamam uísque, vodca e gim". Uma vez, fomos convidados por um grupo de satanistas a tocar em Stonehenge. Falamos para eles se foderem, aí disseram que tinham colocado uma maldição sobre nós. Que banda de estúpidos. A Grã-Bretanha até um bruxo-chefe naqueles dias, chamado Alex Sanders. Nunca o conheci. Nunca quis. Uma vez nós compramos uma tábua Ouija e fizemos uma pequena sessão. Ficamos nos assustando. Aquela noite, vai saber que horas, Bill me ligou e gritou:
- Ozzy, acho que minha casa está mal-assombrada!
- Comece a cobrar entrada então - falei e desliguei o telefone.";

"No verão de 1972 - seis meses depois de Jess ter nascido -, estávamos de volta aos Estados Unidos, dessa vez para gravar um novo disco, que decidimos chamar Snowblind em honra ao nosso amaor pela cocaína."~;

"Para mim, Snowblind foi um dos melhores discos do Black Sabbath - apesar de a gravadora não ter nos deixado manter o títuli, porque naqueles dias a cocáina era um problema sério e eles não queria polêmica.

Não discutimos.

Assim, depois de termos gravado noas músicas no Record Plant, em Hollywood, o nome Snowblind foi esquecido e nosso quarto álbum se tornou conhecido só como Vol. 4. Ainda conseguimos fazer uma referência atrevida à cocaínas nos créditos. Se você olhar bem, verá uma dedicatória à "grande empresa COCA-Cola de Los Angeles"";

"E ainda não tínhamos nos livrado de toda a coca.
- Não tem outro jeito - falei para Frank - Vamos ter de cheirar toda a coca.
- Você está louco? - ele falou. - Vai morrer!
- Já esteve na cadeia, Frank? - eu falei. - Bom, eu já e estou dizendo, não vou voltar.
Comecei, então, a quebrar todos os frascos e espalhar a cocaína pelo chão. aí fiquei de quatro, enfiei meu nariz no piso e comecei a cheirar o máximo que conseguia.";

A empregada disse algo em espanhol, o homem respondeu, aí ouvi duas pessoas andando pelo corredor e a voz do homem ficando mais alta. O policial estava dentro de casa!
- Normalmente está localizado ao lado do termostato do ar-condicionado - ele disse. - Sim, está aqui, bem na parede. Se apertar esse botão, senhora, soa um alarme direto na delegacia de Bel Air e mandamos policiais para garantir que está tudo bem. Parece que alguém o apertou por acidente quandoe estava ajustando o termostato. Acontece mais frequentemente do que se imagina. Vou reiniciar o sistema e vamos embora. Pronto. Qualquer problema, é só nos ligar. Aqui está nosso número. Ou aperte o botão novamente. Temos alguém de plantão vinte e quatro horas por dia.
- Gracias - disse a empregada.
Eou ouvi a porta da frente se fechar e a empregada voltar para a cozinha. Todo o ar saiu dos meus pulmões. Puta merda: tinha sido por pouco. Aí olhei para Frank: seu rosto era uma máscara de pó branco e muco, e a narina esquerda estava sangrando.
- Quer dizer...? - ele falou.
- É - concordei. - Alguém precisa ensinar o Bill a usar aquela merda.";

"Eu raramente dormia na minha própria cama em Bulrush Cottage. Estava tão doido toda noite que nunca conseguia subir as escadas. Então dormia no carro, no meu carroção, debaixo do piano na sala, no escritório ou do lado de fora, no meio do feno. Quando dormia do lado de fora, no inverno, não era incomum acordar com o rosto roxo e um pouco de gelo no nariz. Naqueles dias, não existia essa tal de hipotermia.

Loucuras sempre acotnecem naquela casa. O fato de eu estar sempre bêbado e andando com minhas armas não ajudava. É uma grande combinação, isso sim - bebida e armas. Totalmente segura. Uma vez, tentei pular a cerca na parte de trâs do jardim com uma das armas. Esquece de colocar a trava e meu dedo estava no gatilha, de modo que quando toquei o chão ela disparou: Bam! Bam! Bam! e quase arrancou minha perna.";

"Eu atirava em qualquer coisa que se movesse, naqueles dias. Lembro quando nos livramos do Triumph Herald de Thelma e trocamos por um Mercedes novinho, depois de outra ligação para o escritório de Patrick Meehan. O carro que estava sempre coberto de riscos e não conseguíamos descobrir o motivo. Eu mandei pintá-lo, estacionava dentro da garagem à noite, mas na manhã seguinte a pintura estava coberta desses risquinhos de novo. Isso estava me deixando louco. Aí percebi o que estava acontecendo: havia uma família de gatos de rua vivendo na garagem e quando estava frio eles subiam no capô do Mercedes, porque era gostoso e quente. Assim, um dia, eu voltei de uma longa sessão no Hand & Cleaver, peguei minha espingarda e fiquei atirando enles. Acertei dois ou três na primeira vez. Continuei voltando todo dia, acertando todos, um por um";

"Depois de algumas noites com o Zeppelin, percebi que o baterista, John Bonham, era tão doido quanto eu, então passávamos a maior parte do tempo fazendo as coisas mais estúpidas, competindo entre nós. Isso sempre era assim comigo, sabem? Tentava superar as loucuras dos outros. Mas, é claro, por trás da máscara havia um velho palhaço triste, na maior parte do tempo.";

"Não éramos os Senhores da Escuridão, estávamos mais para Senhores Cagões quando o assunto era sobrenatural. Lembro quando fomos ver O exorcista naquele Natal, na Filadélfia: ficamos com tanto medo que tivemos de assistir a Um Golpe de Meste depois, para aliviar. Mesmo assim, terminamos dormindo no mesmo quarto de hotel, porque estávamos realmente com medo. É engraçado porque, anos depois, Linda Blair - que faz a garota satânica no filme - terminou saindo com meu amigo Glenn Hughes, do Deep Purple. Parece que ela realmente gostava de músicos. Até saiu com Ted Nugent durante um tempo. Mas ela não teria nenhuma chance comigo. Nem ferrando.";

"Mas ainda não conseguíamos nos concentrar naquele maldito castelo. A gente se atacava tanto, uns aos outros, que ninguém conseguia dormir. Ficávamos só deitados com os olhos abertos, esperando uma armadura vazia entrar no quarto a qualquer segundo e enfiar uma adaga na bunda de alguém.";

"O maior problema era a administração da banda. A certa altura, percebemos que estávamos sendo enganados. Apesar de, em teoria, Meehan nos mandar tudo o que queríamos, sempre que pedíamos por algo, não tínhamos, na verdade, nenhum controle. Devíamos ter nossas próprias contas bancárias, mas elas simplesmente não existiam. Então eu precisava ir ao escritório para pedir umas mil libras ou algo assim. E ele dizia: "Está bem" e o cheque vinha pelo correio. Mas, depois de um tempo, os cheques começaram a voltar.

Então, nós o demitimos. Aí começou toda essa porcaria legal, com processos voando por todos os lados. Enquanto estávamos trabalhando na sequência do Sabbath Bloody Sabbath - que acabou sendo chamado de Sabotage, em referência a toda merda de Meehan -, ordens judiciais eram entregues no estúdio. Foi quando chegamos à conclusão de que advogados são tão ladrões quanto managers.";

"Então, voltei correndo para casa, encontrei uma espada e saí com ela acima da cabeça, estilo samurai. "Morra, sua galinha maldita, morra!", eu gritava, quando a galinha deu uma corrida até a cerca no final do jardim, mexendo o bico tão rápido que parecia que sua cabeça podia sair voando a qualquer segundo. Eu estava quase cosneguindo pegá-la quando a porta da frente da casa vizinha se abriu. A Sra. Armstrong - acho que esse era o nome dela - veio correndo com uma enxada nas mãos. Ela estava acostumada com todas as loucuras que aconteciam em Bulrush Cottage, mas dessa vez acho que não podia acreditar. Com o galinheiro pegando fogo e as balas explorindo a cada minuto, parecia uma cena de filme da Segunda Guerra Mundial.

Bang!
Bang!
Bang-bang-bang!

No começo eu nem a notei. Estava muito ocupado perseguindo a galinha, que cosneguiu passar por baixo da cerca e correu para o jardim da Sra. Armstrong, passando pelo portão dela e correndo por Butt Lane na direção do pub. Aí eu levantei a cbeça e nossos olhares se encontraram. Eu devia ser uma visão absurda, parado ali de roupão, com um olhar de louco no rosto, sujo de sangue, segurando uma espada, com meu jardim em chamas atrás de mim.
- Ah, boa noite, Sr. Osbourne - ela falou. - Vejo que voltou dos Estados Unidos.";

"Eu não aguentava mais. Nada mais fazia sentido. Nenhum de nós estava se divertindo mais. Passávamos mais tempo em reuniões com advogados do que compondo; estávamos exaustos de fazer turnês pelo mundo sem parar nos últimos seis anos; e doidos de tanta bebida e droga. A gota final foi uma reunião com Colin Newman, nosso contador, na qual ele nos contou que, se não acertássemos nossos impostos logo, seríamos presos. Naqueles dias, a taxa de impostos para pessoas como nós era tipo 80% no Reino Unido e 70% nos Estados Unidos, então dava para imaginar quanto dinheiro devíamos. E depois dos impostos ainda tínhamos nossas despesas para pagar. Estávamos falidos, basicamente. Aniquilados. Geezer podia não ter coragem para falar na frente dos outros, mas estava certo: não havia motivo para ser uma banda de rock se só nos preocupávamos com dinheiro e ordens judiciais o tempo todo.

Então, um dia, eu sái de um ensaio e não voltei mais.";

"O dia em que saí do Black Sabbath, estávamos no Rockfield Studios, no sul de Gales, tentando gravar um disco novo. Tivemos outra deprimente reunião sobre dinheiro e advogados, e não consegui aguentar mais nada. Então, saí do estúdio e voltei para Bulrush Cottage no Mercedes de Thelma. Eu estava doido, claro. E aí, como um estúpido, comecei a atacar a banda através da imprensa, o que não foi certo.";

"Mas por alguma razão as coisas não deram certo com Dave, então quando eu voltei, algumas semanas depois, tudo estava normal de novo - pelo menos na superfície. Ninguém realmente falou sobre o que aconteceu. Eu só apareci no estúdio um dia - acho que Bill tinha tentado acalmar tudo por telefone - e foi o fim da briga.";

"Never Say Die foi muito mal nos Estados Unidos, o pior disco de todos, mas até que vendeu bem na Grã-Bretanha, onde chegou ao 12 posto nas paradas, e nos levou ao Top of the Pops. O que foi divertido, na verdade, porque conhecemos Bob Marley. Sempre vou me lembrar do momento em que ele saiu do camarim - estava perto do nosso - e literalmente não dava pra ver a cabeça dele por causa da nuvem de fumaça de maconha. O cara estava fumando o maior baseado que eu já tinha visto - e, podem acreditar, eu já tinha visto alguns. Fiquei pensando: Ele vai ter de cantar com playback, ninguém consegue fazer um show ao vivo depois de fumar tanto. Mas não - ele tocou ao vivo. Sem nenhum erro.";

"Havia coisas boas acontecendo com o Black Sabbath nessa época também. Por exemplo, depois de resolver o problema das nossas finanças, decidimos contratar Don Arden como nosso manager, principalmente porque tínhamos ficado impressionados com o que ele tinha feito com a Eletric Light Orchestra. E para mim a melhor coisa disso era ter acesso regular a sua filha, Sharon. Quase imediatamente fiquei apaixonado por ela. Foi aquela estranha risada que me conquistou. E o fato de ela ser tão bonita e glamorosa - usava casacos de peles e tinha diamantes por todos os lados. Eu nunca tinha visto nada assim. E ela era tão barulhenta e louca quanto eu. Naquela época, Sharon estava ajudando a dirigir o negócio com Don, e sempre que vinha ver a banda acabávamos rindo muito. Ela era uma grande companhia - a melhor. Mas anda aconteceu entre nós durante muito tempo.";

"Eu sabia que estava tudo acabado com o Black Sabbath e tinha ficado claro que eles haviam se cansado do meu comportamento insano. Uma das minhas últimas lembranças com a banda foi perder um show no Municipal Auditorium, em Nashville, durante nossa última turnê norte-americana. Tinha cheirado tanta coca com Bil enquanto viajávamos de um show para o outro no motor home dele que fiquei três dias sem dormir. Parecia um morto-vivo.";

"Bill estava realmente muito triste e eu me senti muito mal. Aí o enterro do pai dele se transformou numa piada. Estavam saindo com o caixão da igreja, quando perceberam que alguém que estava no enterro tinha roubado o carro do vigário. Este se recusou a continuar enquanto o carro não reaparecesse, mas quem tinha roubado o carro não conseguiu destravar o volante, e acabou batendo num jardim. Imagine esse tipo de merda acontecendo enquanto você está tentando enterrar seu pai. Inacreditável.";

"Mas eu estaria mentindo se dissesse qeu não me senti traído pelo que aconteceu com o Black Sabbath. Não éramos uma banda artificial, cujos memrbos eram descartáveis. Éramos como uma família, como irmãos. E me mandar embora por estar drogado era uma merda hipócrita. Estávamos todos loucos. Se você está drogado e eu também, e você me manda embora porque eu estou drogado, que merda é essa? Por que eu estou ligeiramente mais drogado que você?

Mas eu não dou a mínima agora - e acabou funcionando bem no final. Foi o chute na bunda que eu precisava e provavelmente eles se divertiram mais, gravando discos com um novo cantor. Não tenho nenhum problema com o cara que eles contrataram para me substituir, Ronnie James Dio, que antes estava no Rainbow. É um ótimo cantor. Mas ele e eu não somos a mesma pessoa. Então eu gostaria que tivessem cahamdo a banda de Black Sabbath II.";

"Eu estaria mentindo se disse que não me sentia compteindo com o Black Sabbath quando gravamos Blizzard of Ozz. Eu queria tudo de bom para eles, acho, mas parte de mim estava morrendo de medo de que eles fizessem mais sucesso sem mim. E o primeiro disco dele com Dio estava bastante bom. Não saí correndo para comprá-lo, mas ouvi algumas faixas no rádio. Chegou ao nono posto nas paradas inglesas e vigésimo oitavo nos Estados Unidos. Mas, assim que terminamos Blizzard, no Ridge Farm Studios, em Surrey, eu sabia que tínhamos um disco fabuloso.";

"Quando o disco saiu na Grã-Bretanha, em setembro de 1980, chegou ao sétimo posto das paradas. Quando saiu nos Estados Unidos, seis meses depois, chegou ao número vinte e um, mas acabou vendendo quatro milhões de cópias, entrando na lista dos cem discos mais vendidos da década pela Billboard.
";

"É triste, sabe, o que o dinheiro faz com as pessoas. Sempre o dinheiro. Mas eu honestamente acredito que se Bob e Lee tivessem ficado, eu não estaria onde estou hoje. As más vibrações teriam feito com que fosse impossível trabalhar. Por sorte, Sharon trabalhava durante um tempo procurando pessoas para substituí-los - eles já estavam enchendo o saco há algum tempo - e ela conseguiu contratar Tommy Aldridge, o baterista que eu queria desde o começo, e um baixista chamado Rudy Sarzo, que tinha trabalhado com Randy no Quiet Riot.";

"Eu saí muito com o Lemmy, do Motorhead, naquela turnê também. É um grande amigo da família, agora. Adoro aquele cara. Onde há um bar no mundo, lá está Lemmy. Mas nunca vi aquele cara cair de bêbado, sabe? Mesma depois de vinte ou trinta canecas. Não sei como ele faz. Não ficarei surpreso se ele conseguir viver mais do que eu e Keith Richards.";

"O Motorhead abriu alguns shows apra nós naquela turnê. Eles tinham um ônibus velho estilo hippie - tinha sido a coisa mais barata que tinham encontrado - e tudo que Lemmy podia carregar com ele era uma mala cheia de livros. Era tudo que ele tinha no mundo, além das roupas que levava nas costas. Ele adora ler. Passia dias inteiros fazendo isso. Veio ficar conosco na casa de Howrd Hughes uma vez e não saía da biblioteca.";

"E era incrível como a cois logo ficava fora de controle.
Uma vez um policial veio falar comigo depois de um show e disse:
"Você tem alguma ideia do que está fazendo com a juventude dos Estados Unidos?"
Aí ele me mostrou uma Polaroid de um garoto na fila do show com uma cabeça de bode no ombro.
- Puta merda - eu falei. - Onde ele conseguiu isso?
- Ele matou o bicho a caminho do show.
- Bom, espero que tenha sido por estar com fome.
Era insaono o que os moleques traziam. Começaram só com pedaços de carne, mas aí passaram a trazer animais inteiros. Tínhamos gatos mortos, pássaros, lagartos, todo tipo de coisa. Uma vez, alguém jogou um enorme sapo no palco e ele caiu de costas. Uma vez, alguém jogou um enorme sapo no palco e ele caiu de costas. A porra do bicho era tão grande, achei que fosse um bebê. Tomei um puta susto. Comecei a gritar: "O QUE É ISSO? O QUE É ISSO? O QUE É ISSO?". Aí a coisa se virou e começou a pular.
A cada show, tudo ia ficando mais louco. No final, as pessoas começaram a jogar coisas no palco com rpegos e facas enfiadas - coisas de lojgas mágicas, principalmente, tipo cobras e aranhas de borracha. Alguém da equipe começou a ficar preocupado com isso, principalmente depois que uma cobra de verdade acabou no palco, uma noite.";

"Estou falando: sempre acontecia algo louco a cada noite da turnê.
E aí, no dia 20 de janeiro de 1982, tocamos no Veteran Auditorium, em Des Moines, Iowa. Nunca vou me esquecer do nome daquele lugar, com certeza. Ou como se pronuncia: "DII-Moin".
O show estava indo bem. A mão de Deus estava funcionando sem problemas. Já tínhamos enforcado o anão.
Aí, da audiência veio um morcego.
Obviamente um brinquedo, achei.
Eu levei até as luzes e mostrei os dentes enquanto Randy tocava um dos seus solos. A multidão ficou louca.
Fiz, então, o que sempre fazia quando tínhamos um brinquedo de plástico no palco.
CHOMP.
Imediatamente senti que algo estava errado. Muito errado.
Para começar, minha boca ficou instantaneamente cheia de um líquido quent e viscoso, com o gosto mais horrível que dá para imaginar. Eu podia senti-lo passando pelos meus dentes e escorrendo pelo queixo.
Aí a cabeça em minha boca se moveu.
Oh, puta merda, pensei. Eu não acabei de comer uma porra de um morcego, comi?
Cuspi a cabeça, olhei por cima das asas e vi Sharon com os olhos esbugalhados, balanço as mãos, gritando: "NÃOOOOOO!!!! É DE VERDADE, OZZY, É DE VERDADE!".
O que me lembro em seguida era de estar numa cadeira de rodas, correndo para a sala de emergência. Enquanto isso, um médico estava dizendo para Sharon: "Sim, Srta. Arden, o morcego estava vivo. Provavelmente assustado por estar num concerto de rock, mas com certeza estava vivo. Há uma boa chance de o Sr. Osbourne ter raiva. Sintomas? Oh, sabe, mal-estar, dor de cabeça, febre, espasmos violentos, excitação incontrolável, depressão, um medo patológico de líquidos...".
- Isso é meio improvável - murmurou Sharon.
- Comportamento maníaco é um dos sintomas finais. Aí o paciente fica muito letárgico, entra em coma e para de respirar.";

"Os fãs não ajudavam, também. Depois de ouvirem sobre o morcego, começaram a trazer coisas cada vez mais loucas para os shows. Subir no palco era como participar de uma convenção de açougueiros.";

"Algumas noites depois, estávamos tocando no Madison Square Garden, em Nova York. Todo o lugar cheirava a merda. Acontece que um circo tinha se apresentado ali na semana anteior e os animais ainda estava trancados em suas jaulas no fundo. Um dos administradores veio convidar a equipe para vê-los. Mas, assim que me viu, disse:
- Você não.
- Por quê não? - perguntei.
- Não dá pra confiar em você perto de animais.
Não pude acreditar no que estava ouvindo.
- Que merda você acha que eu vou fazer? - perguntei - Arrancar a cabeça do elefante?";

"Sharon estava convencida de que algo ruim ia acontecer. Então, sempre que eu ficava bebendo no hotel, ela roubava todas as minhas roupas, assim eu não poderia sair e arranjar problemas - a menos que decidisse sair pelado na rua. Funcionava, na maior parte das vezes.

Mas aí fomos até San Antonio, Texas. Como sempre, eu fiquei travado no hotel. E, como sempre, Sharon roubou minhas roupas. Mas ela cometeu o erro de deixar um dos seus vestidos de festa no quarto. Era uma coisa verde-escura, e com alguns rasgos eu consegui entrar nele. Aí encontrei um par de tênis e saí.

Lá vou eu com o vestido de Sharon, perdido, andando com uma garrafa de Courvoiser pelas ruas de San Antonio, procurando problemas. Acho que tivemos uma sessão de fotos naquele dia, mas não tenho certeza. Sei que estava muito bêbado. Aí senti uma vontade imensa de mijar, como acontece sempre que se está muito bêbado. Na verdade, era mais do que uma vontade: parecia que minha bexiga era um canhão. Eu precisava mijar, ali mesmo, naquele instante. Mas estava no meio de uma cidade estranha no Texas, sem ideia de onde eram os banheiros públicos. Olhei em volta, encontrei uma esquina tranquilo e comecei a mijar numa parede caindo aos pedaços.

Ahhhh. Isso é muito bom.
Aí ouvi uma voz atrás de mim.
- Você me dé nojo.
- O quê? - me virei e vi um velho, com chapéu de caubói, olhando para mim como se eu tivesse atacado seu neto.
- Você é uma desgraça, sabe disso?
- Minha namorada roubou minhas roupas - expliquei. - O que mais eu deveria vestir?
- Não é o vestido, seu inglês veado, pedaço de merda. Essa parede que você está usando como banheiro é parte do Alamo!
- Ala o quê?
Antes que ele pudesse responder, dois policiais texanos gigantes vieram correndo da esquina, os rádios emitindo ruídos.
- É aquele - disse o velho. - Ele... de vestido.
BAM!
Eu estava de cara no chão, sendo algemado.
Demorou um segundo para tudo fazer sentido. Eu já tinha ouvido falar no Alamo - tinha visto filmes do John Wayne. Então sabia que era um lugar importante onde muitos norte-americanos tinha morrido lutando contra os mexicanos. Mas não tinha feito a conexão entre a parede velha em que eu estava mijando e as ruínas de um monumento nacional.
- Você é britânico, não? - um dos policiais me perguntou.
- E daí?
- Bom, o que você acharia se eu urinasse no Palácio de Buckingam, hein?
Eu penseu um pouco. Aí falei para ele:
- Não tenho ideia. Não moro naquela porra de lugar, moro?
A ideia foi fazer uma piada.
Dez minutos depois, eu estava dividindo uma cela com um mexicano giante que tinha acabado de matar a esposa com um tijolo ou alguma merda assim. Ele deve ter pensado que estava alucinando quando me viu aparecer naquele vestido verde. Eu estava pensando: Cristo, ele vai pensar que sou o fantasma da sua senhora e vai tentar comer a bunda dela pela última vez.";

"Aí a casa ao lado da garagem começou a pegar fogo e sem nem pensar eu saí correndo - ainda meio bêbado, ainda de cueca - para garantir que não havia ninguém dentro. Quando cheguei na porta da frente, bati, esperei uns dois segundos, aí entrei.

Na cozinha havia um velho fazendo café. Ele quase caiu da cadeira ao me ver.
- Quem é você, merda? - ele falou. - Saia da minha casa!
- Está pegando fogo! - gritei - Vamos sair daqui!
O cara estava claramente doido, porque pegou uma vassoura do canto e tentou me atacar com ela.
- Saia da minha casa, sem maldito! Vai embora!
- A PORRA DA SUA CASA ESTÁ PEGANDO FOGO!
- SAI DAQUI! SAI DAQUI! SAI DAQUI!
- SUA CASA ESTÁ...
Aí percebi que ele era surdo. Não teria ouvido nada nem se todo o planeta explodisse. Ele certamente não estava ouvindo uma palavra que esse louco inglês cabeludo de cueca estava dizendo. Não sabia o que fazer, então correi para o outro lado da cozinha, onde havia uma porta que levava até a garagem. Abri e a coisa quase saiu voando pela força do fogo.
O velho não me mandou sair da casa dele depois disso.";

"Mas a coisa mais insana - e a coisa que ainda não consigo entender, quase trinta anos depois - é que o cara estava passando por um divórcio complicado na época e sua futura ex-exposa estava parada ao lado do ônibus quando ele bateu o avião. Tinham se encontrado num dos shows, aparetentemente, e ele estava lhe dando uma carona.
Uma carona? Para a mulher de quem estava se divorciando?
Na época, houve muita discussão sobre se o cara tinha tentado matá-la, mas quem vai saber?";

"Se estivesse acordado, teria subido naquela merda de avião, com certeza. Como me conheço, eu poderia estar em cima da asa, travado, fazendo palhaçadas.";

"Uma vez, quando estávamos indo de carro para uma reunião em LA, ela jogou o anel pela janela porque eu não tinha aparecido em casa na noite anterior. Entãou eu saí e comprei outro. Aí fiquei bêbado e o perdi, mas só percebi isso quando estava de joelhos na frente dela.

Então, essa vez não conta.

Uns dias depois, comoprei outro anel e ficamos noivos de novo. Mas aí eu estava indo para casa depois de uma farra de vinte e quatro horas e passei por um cemitério. Havia uma cova recém-fechada com um monte de flores em cima. Lindas flores, na verdade. Roubei umas e entreguei a Sharon quando cheguei em casa. Ela quase começou a chorar, achou tão comovente.

Aí ela deu um solução e disse: "Oh, Ozzy, e você até escreveu um cartão, que doce!".

De repente eu fiquei pensando: Que cartão? Não me lembro de ter escrito nenhum cartão.

Mas era muito tarde. Sharon já estava abrindo o envelope e tirando o cartão. "Em memória de nosso querido Harry", estava escrito.

Foi mais um anel voando pela merda da janela.

E eu gahei um olho roxo, um soco bem dado.

Eu a pedi em casamento dezessete vezes, no final. Dava para me seguir pela trilha dos anéis. Não eram baratos. Mas foram ficando o tempo, isso é fato.

Aí, assim que assinei a porra do documento que tornou o divórcio com Thelma oficial, Sharon escolheu 4 de jurlho como o dia do nosso casamento - assim eu nunca esqueceria a data.
- Pelo menos não é primeiro de maio - falei.
- Por quê?
- Foi a data que Thelma escolheu para eu não esquecer nosso aniversário.";

"- É ISSO QUE VOCÊ ESTÁ PROCURANDO, SEU DROGADO DE MERDA? - ela gritou, esvaziando o saco de coca numa folha de papel.
- Sharon - eu falei. - Seja razoável. Não faça nada estú...

Mas aí ela assorpou, puff, e espalhou toda a coca pelo jardim.

Antes de eu poder reagir, o cão dinamarquês de Sharon veio correndo de sua casinha e começou a lamber a coca da grama como se fosse a melhor coisa que ele já havia experimentado na vida. Pensei: Isso não vai dar certo. Aí, o rabo do cachorro levantou - BOING! - e ele deu uma cagada enorme. Nunca tinha visto tanta merda na vida e foi bem na fonte no meio do jardim. Aí o cahcorro começou a correr. Era um bicho enorme, então quando ele corria causava estragos, derrubou vasos de plantas, bateu em carros, pisoteou as falores, mas ele ficou assim opr três dias e três noites sem parar, a língua pendurada, o rabo ainda de pé.

Quando o efeito da coca passou, juro que o cachorro tinha perdido uns dois quilos. Ele também gostou do pó.

Estava sempre tentando conseguir outra dose depois daquilo.";

"A coisa mais engraçada do Motley Crue era que eles se vestiam como garotas, mais viviam como animais. Foi um aprendizado, até para mim. Aonde iam, carregavam uma mala gigante chei de todo tipo de bebida imaginável. Assim que termianva o show, abriam a mala e as portas do inferno.

Toda noite, garrafas voavam, facas eram mostradas, caderias estraçalhadas, narizes quebrados, propriedades destruídas. Era como se o hospício e o pandemônio se juntassem, multiplicados pelo caos.";

"Uma vez raspei a cabeça para tentar me livrar de um show. Eu estava de ressaca, confuso e puto da vida, então pense: Foda-se, foda-se tudo!

Mas aquela merda não funcionou com Sharon.

Ela só me olhou e disse: "Certo, vamos te dar uma peruca". Aí ela me vestiu e mandou uns roadies até uma loja onde havia uma peruca de Lady Godiva na vitrine, que devia estar lá há uns quinhentos anos, com moscas mortas, poeira, caspa e vai saber o que mais. Eu a coloquei e todo mundo se mijou de tanto rir.

Mas acabou sendo bem legal no final, aquela peruca, porque eu coloquei várias cápsulas de sangue nela. No meio do show eu fingia que arrancava meu cabelo e todo o sangue escorria pelo meu rosto. Era brilhante. Mas depois do incidente do morcego, todo mundo achava que era verdade.";

"O show era no Rock in Rio, um festial de dez dias com Queen, Rod Stewart, AC/DC e Yes. Um milhão e emio de pessoas compraram ingressos. Mas eu fiquei desapontado com o lugar. Tinha esperado ver a Garota de Ipanema em cada esquina, mas não vi nenhuma. Havia só um monte de crianças pobres correndo pelo lugar como ratos. As pessoas eram ou absurdamente ricas ou viviam nas ruas - parecia não haver nada no meio.";

"No verão depois do Rock in Rio, concordei em fazer o Live Aid com o Black Sabbath.";

"Para ser honesto com vocês, eu estava muito estressado por fazer o Live Aid. Não falava com Tony há anos, então não foi exatmente a situação mais confortável do mundo.";

"Por um lado, tocar no Live Aid foi ótimo: era por uma grande causa e ninguém tocava as velhas músicas do Sabbath como eu, Tony, Geezer e Bill. Por outro lado, foi um pouco embaraçoso. Para começar, eu ainda estava muito gordo - no vídeo, parece que sou gigante. Também, nos seis anos desde qeu tinha saído da banda, tinha me tornado uma celebridade nos Estados Unidos, enquanto o Black Sabbath havia ido na outra direção. Então recebi tratamento especial, apesar de não ter pedido por nada disso. Eram simples coisas estúpidas, como ter ganho uma jaqueta do Live Aid e eles não. Mas foi muito estranho. E não lidei com isso de uma forma correto, porque meu ego de rock star influenciado pela cocaína estava descontrolado. Lá no fundo, uma parte de mim queria dizer para eles: "Você me mandaram embora e agora eu não preciso de vocês, então vão se foder!". Olhando para trás, agora tudo que penso é: Por que eu era assim? Por que precisava ser tão estúpido?";

"Antes que eu pudesse dizer outra coisa, uns dez seguranças empurraram o câmera e formaram um círculo ao meu redor. Eles me acompanharam até o lado de fora e me colocaram numa limusine esculra. Esperando dentro estava Howard Weitzman, meu advogado.

- O nome do garoto é, ou melhor, era John McCollum - ele explicou, entregando-me uma cópia do LoS Angeles Times - Dezenove anos. Grande fã seu. De acordo com seus pais, estava bebendo e ouvindo Speak of the Devil quando se deu um tiro com o .22 do pai. Ainda estva com os fones de ouvido quando foi encontrado. E estão culpando você.";

"Eles começaram, então, a perguntar sobre "Suicide Solution". Tudo que consigo me lembrar é de Howard Weitzman gritando acima da multidão:
- A canção é autobiográfica. É sobre a batalha bem conhecido do Sr. Osbourne contra o alcoolismo, que ele acredita ser uma forma de suicídio, como ficou evidente com a trágica morte do grando amigo do Sr. Osbourne, Bon Scott, canto da Banda australiana AC/DC.
- Mas, Ozzy - gritaram os repórteres -, não é verdade que...";

"A entrevista coletiva foi assustadora e deu uma demonstração do que estava opr vir. Tornei-me o inimigo público número um dos Estados Unidos. Abri o jornal uma manhã em Nova York e havia uma foto minha com uma arma apontada pra a minha própria cabeça.";

"Tinha medo de que fizessem algo com as crianças, mais do que tudo. Falei para as babás nunca pararem para ninguém na rua. Era 1986, pouco mais de cinco anos desde que John Lennon tinha autografado uma cópia de Double Fantasy para um fã e logo depois sido assassinado pelo mesmo cara. E eu estava bem consciente de que os próprios fãs podiam ser os mais loucos.";

"Outro cara me mandou um vídeo da sua casa: ele tinha pintado meu nome em todos os lugares, dentro e fora. Aí, me mandou outro vídeo de uma garotinha usando um par de botas e dançando com a música "Fairies Wear Boots".

Aquele cara era louco. Construiu uma tumba para que ele e eu pudéssemos passar o resto da eternidade juntos.";

"Mas os loucos de Jesus eram os piores. Enquanto o caso de "Suicide Solution" estava no tribunal, eles me seguiam por todos os lados. Faziam piquetes nos meus shows com placas com as frases: "O Anticristo está aqui". E sempre cantavam: "Deixe Satã para trás! Coloque Jesus na sua frente!"";

"O momento mais marcante aconteceu em Tyler, Texas. Naquela época, eu recebia ameaças de morte todo dia, então tinha um segurança, um veterano do Vietnã chamado Chuck, que estava comigo o tempo todo. Chuck era tão barra-pesada que não entrava nem em restaurantes chineses. "Se eu vir alguém que se parece com um oriental, vou dar porrada", ele dizia. Deixou de ir a uma turnê comigo no Japão, porque não conseguiria aguentar. Sempre que ficávamos num hotel, ele passava a noite se arrastando pelos jardins ou fazendo flexões no corredor. Um cara realmente intenso.";

"Era o pregador da TV. E acontece que a lanchonete estava chei de discípulos dele, então, assim que ele começou a fazer aquela merda, todas as outras pessoas se uniram, até eu ficar cercado por uns quarenta ou cinquenta loucos de Jesus, todos com o rosto vermelho e cuspindo as mesmas palavras.

E Chuck ficou completamente louco. Tudo aquele deve ter criado um flashback do Vietnã, porque o cara simplesmente endoideceu. Completamente. O cara deve ter derrubado uns quinze loucos de Jesus nos primeiros dez segundos. Havia dentes, bíblias e óculos voando por todos os lados.

Não fiquei para ver o que iria acontecer depois. Só dei uma cotovelada no saco do pastar e caí fora.";

"Tudo que aqueles loucos de Jesus precisavam fazer era ouvir meus discos, e ficaria óbvio. Mas eles só queriam me usar para fazer publicidade. E acho que eu não ligava tanto porque, cada vez que eles me atacavam, minha cara feia aparecia na televisão e eu vendia mais algumas centenas de milhares de discos. Eu deveria enviar um cartão de Natal para eles.";

"A coisa mais triste desse período não foi que os loucos de Jesus ficavam me enchendo o saco. Foi que meus velhos companheiros de banda Bob Daisley e Lee Kerlake decidiram me atacar também. Parece que alguém tinha colocado olho gordo em mim, só porque eu estava ganhando dinheiro.

Eles afirmavam que lhes devíamos dinheiro pour causa de Blizzard of Ozz e Diary of a Madman, por isso nos processaram.";

"No final, o processo de Bob e Lee foi rejeitado por todos os tribunais dos Estados Unidos.";

"Minha última boa lembrança dos anos 80, antes de tudo apagar, foi ser enviado até Wormwood Scrubs. Não porque eu tinha feito algo errado - por incrível que pareça -, mas porque me convidaram para tocar ali.";

"Fui convidado a fazer o show porque a prisão tinha sua própria banda, chamada Scrubs, formada por guardas e presos. Eles tinham composto uma música e doado os royalties para caridade. Aí me escreveram e perguntaram se eu gostaria de tocar com eles. O acordo era que eles fariam um show, então eu tocaria e depois faríamos uma jam de "Jailhouse Rock".";

"Foi louco. Tinha dita a Sharon antes de entrarmos: "Pelo menos, se tocarmos mal, ninguém poderá ir embora". Agora eu estava pensando: Não, eles vão me matar.

Num momento, olhei para baixo e na primeira fila estava Jeremy Bamber, o cara que tinha matado toda a sua família com um rifle numa fazendo em Esses e depois tentou fingir que tinha sido sua irmã doente mental que havia feito aquilo. Seu rosto esteve na primeira página de todos os tabloides na Grã-Bretanha durante meses. Ele me deu um grande sorriso.";

"Quando descobri o Vicodin, por exemplo, costuamva manter um frasco e colocava umas pílulas nele, depois dizia: "Oh, doutor, tenho esses Vicodins, mas estão terminando". Ele olhava a data e as duas pílulas no frasco, aí me dava outras cinquenta. Então eu conseguia pílulas antes de cada show. Eu estava tomand vinte e cino por dia numa época.

É preciso entender que, se você é uma celebridade nos Estados Unidos, não precisa se esforçar muito para conseguir o que quiser com os médicos. Um desses médicos de show vinha de carro e a consulta era ali mesmo na picape dele. Na parte de trás, ele tinha um desses gabinetes cheio de muitas drogas. Toda a merda pesada que eu queria.";

"Cheguei ao ponto de precisar fazer uma lavagem estomcal a cada duas semanas. Eu cheguei perto da overdose em várias ocasiões. Uma vez, roubei um frasco de codeína de um médico em Nova York e engoli todo o conteúdo. Quase tive uma para respiratória.";

"Tentei me suicidar algumas vezes para não precisar fazer shows. Quer dizer, eu não estava realmente tentando me matar. Se você está determinado a cometer suicídio, vai estourar seu cérebro ou vai pular de um edifício alto. Vai fazer algo a que não consiga sobreviver, em outras palavras. Quando você "tenta se matar" tomando muitas pílulas - como eu fazia -, sabe que provavelmente alguém vai encontrá-lo. Então, só está mandando uma mensagem. Mas é um jogo mortal e perigoso.";

"Então, o médico recomendou que fôssemos ver um colega dele que dirigia um centro de pesquisa na Universidade de Oxford e lá fomos nós. Ele fez os mesmos teses de antes e me disse a mesma coisa: eu estava bem. "Tirando seu vício em drogas e seu alcoolismo, o senhro é um homem saudável, Sr. Osbourne", ele disse. "Minha opinião médica é que o senhor deveria sair do meu consultório e aproveitar a vida."";

"Então eu decidi me aposentar. Em 1992, fiz a turnê para promover No More Tears. Demos a ela no nome de No More Tours. Foi isso. Eu estava acabado. Era o fim. Já fazia turnôes ha´vinte e cinco anos, mais ou menos. Era como um rato numa roda: disco, turnê, disco, turnê, disco, turnê, disco, turnê. Eu comprava todas aquelas casas e nunca pude viver nelas.";

"E eu jamais gostei de aparecer na televisão. Eu me sentia muito mal fazendo aquilo. Para piorar, não consigo ler os roteiros, e quando me vejo na tela tenho ataques de pânico. Mas Sharon queira fazer, então assinamos um contrato com a MTV para fazer uma aparição no Cribs.";

"Novamente, as pessoas ficaram loucas. Aquele episódio de Cribs se tornou um clássico da noite para o dia. Então uma coisa levou à outra e a MTV terminou oferecendo um programa só nosso.";

"Não me perguntem como tdas aquelas coisas foram feitas, porque isso é departamento de Sharon. Até onde sei, só acordei uma manhã e tínhamos essa coisa chamada The Osbournes. Eu fiquei feliz pela Sharon, porque ela adorava todo o caos na casa. Ela adora aparecer na TV. Diz abertamente: "Sou uma vagabunda da TV". Ela gostaria de ter uma TV própria se fosse possível.";

"Concordei em fazer aquilo principalmente porque achei que havia poucas chances de que fosse virar um programa de verdade.";

"Nosso primerio grande erro foi permitir que eles filmasse na nossa casa verdadeira.";

"Primerio, eles montaram um escritório na nossa garagem - Forte Apache, eu chamava, porque era como um posto de comando militar. Foi muito impressionante a forma como a MTV organizou a logística; aqueles caras poderam invadir um país, de tão bons que são.";

"E eu preciso admitir que foi muito engraçado por uma ou duas semanas. Era divertido ter todas essas pessoas em volta. E eram caras legais - tornaram-se parte da família depois de um tempo. Mas aí começamos a pensar: Por quanto tempo mais isso vai continuar. Se alguém tivesse me chamado depois daquelas primeiras semans de filmagem em 2001 e me dissesse que aquilo ainda estaria rolando três anos depois, eu teria me dado um tiro no saco, só para escapar dali. Mas eu não tinha ideia.";

"O programa foi transmitido pela primeira vez em 5 de março de 2002 - uma terça-feira à noite";

"Foi aterrorizante. Eu não estava reclamando porque The Osbournes estava me dando toda uma nova audiência, mas tudo aquilo parecia a Beatlemania com LSD. Não podia acreditar. E certamente não podia entender. Nunca tinha sido tão famoso - nem de longe. Então fugi para a Inglaterra, para escpar daquilo. Mas a mesma coisa aconteceu ali.";

"Fui muito criticado também. Algumas pessoas disseram que tinha me vendido porque estava na televisão. Mas isso é um monte de merda, claro. A coisa é que ninguém como eu tinha feito um reality show antes. Mas sempre acreditei que você precisa se adaptar aos tempos. É preciso tentar criar coisas novas ou fica parado no meio da estrada. Se ficar igual talvez faça algumas pessoas felizes - como aquelas que pensam que qualquer tipo de mudança é se vender -, mas cedo ou tarde sua carteira vai estar uma merda.";

"E lá fomos nós para Washington. O jantar aconteceu no Hilton, onde Ronal Reagan tinha recebido um tiro. Foi perto do 11 de Setembro, então eu estava me sentindo bastante paranoico sobre a questão da segurança.";

"Sentei na mesa e comecei a ter um horrível ataque de pânico. Lá estava eu, uma estrela de rock malparida, num salão com todos esses Gênios e o Líder do Mundo Livre. Que merda eu estava fazendo ali? O que todas essas pessoas queriam de mim? The Osbournes só estava no ar há uns dois meses, e meu cérebro já estava lutando para processar tudo aquilo.

No final, eu simplesmente fiquei doido. Não conseguiria sobreviver nem mais um segundo naquele lugar. Então agarrei uma garrafa de vinho de um dos garçons, enchi uma taça, tomei, enchi, tomei, enchi, tomei e continuei até a garrafa ficar vazia. Aí peguei outra. Enquanto isso, Sharon estava me olhando do outro canto da mesa. Eu a ignorei. Não hoje, querida, pensei.";

" - O melhor de Ozzy é que ele criou muitos hits: "Party with the Animals", "Face in Hell", "Bloodbath in Paradise"...
Eu estava a ponto de subir na mesa e contar que nenhum desses era sucessos, mas aí ele mandou a piada.
- Ozzy - ele falou. - Minha mãe adora suas músicas.
Todo o salão ficou louco de tanto rir.
Não me lembro de muita coisa depois disso.
Sabe, desde que fui àquele jantar, as pessoas me perguntam o que acho de Bush. Mas não posso dizer que tenho uma opinião, porque não sei o suficiente sobre política.";

"É a natureza humana - não? - ficar mais atraído às coisas que são tabu. Se alguém mando você parar de fumar, aí você quer fumar. Se eles disseram: "Não use drogas", você quer usar drogas. É por isso que eu sempre achei que a melhor maneira de fazer com que as pessoas parem de tomar drogas é legalizar a cosia toda. Demoraria cinco minutos para todos pereberem que ser viciado é pouco atrativo e uma forma de vida patética, enquanto no momento ela ainda representa um certo tipo de rebeldia, sabe?";

"No verão de 2002, parecia que The Osbournes era a maior coisa do planeta. E o estresse estava me matando. Depois de enfiar o pé na jaca no Jantar dos Correspondentes, eu estava enchendo a cara todo dia. E ainda tomava todo tipo de remétdio que conseguisse encontrar - e era muito. Em um momento, cheguei a tomar quarenta e dois tipos diferentes de pílulas por dia: sedativo, remédio para dormir, antidepressivo, anfetamina, anticonvulsivo, antipsicótico. Eu tomava todos eles. Estava ingerindo uma quantidade inacreditável de drogas. Metade das pílulas era só para cancelar os efeitos colaterias das oturas.";

"Foi exatamente o que aconteceu quando eu cheguei ao fim da descida: os penus da frente bateram num buraco, minha mão direita escorregou e bateu na alavanca, o motor ficou doido e a coisa saiu voando, fez um giro no ar e me jogou na grama. Por um milionésimo de segundo, eu pensei: Oh, bem, não foi tão ruim.

Aí a moto caiu em cima de mim.
Crack.
Quando abri meus olhos, meus pulmões estavam cheios de sangue e meu pescoço estava quebrado - pelo menos foi o que meus médicos me contaram mais tarde.

Foi culpa dos nazistas, acreditem se quiserem. O buraco era uma pequena cratera, feita por uma bomba alemã que tinha sido jgoada durante a guerra.";

"Do jeito que me conheço, vou morrer de alguma forma estúpida. Vou escorregar na porta de casa e quebrar o pescoço. Ou vou me afogar com alguma pastilha para a garganta. Ou um pássaro vai cagar em mim e transmitir algum vírus estranho de outro planeta. Olhem o que aconteceu com o quadriciclo: eu tomava misturas letais de bebidas e drogas há décadas, mas foi passar por cima de um buraco no meu quintal a três quilômetros por hora que quase me matou.";

"Eu falei para Sharon: "Não me creme, de jeito nenhum". Quero ser enterrado, num jardim bonito em algum lugar, com uma árvore plantada em cima da minha cabeça. Uma macieira, de preferência, para que as crianças possam fazer vinho e se embebedar.

Quanto ao que vão colocar na minha lápide, não tenho nenhuma dúvida. Se fecho os olhos, consigo ler:
Ozzy Osbourne, nascido em 1948.
Morreu, tanto faz.
Ele arrancou a cabeça de um morcego."
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Lucão 21/04/2018

Memórias De Uma Geleia Derretida
“Diziam que eu nunca escreveria este livro. Bom, que se fodam- porque aqui está ele. Tudo que preciso é me lembrar de algo… Droga, não consigo me lembrar de nada. Oh, só dessas coisas…”

É com essa honestidade e ironia, com que um dos maiores ícones da história do rock e da música, Ozzy Osbourne, abre sua autobiografia, onde reúne lembranças do que sobrou das memórias de sua geleia derretida (termo usado para referir ao seu cérebro), que mesmo apresentando “falhas no sistema”, consegue trazer um revelador panorama de como conseguiu ser uma figura tão amada durante várias gerações, apesar de ter feito cagadas catastróficas.


O livro de 384 páginas, escrito com a ajuda de Cris Ayres, lançado no final de 2010, é divido em quatro fases: sua infância e adolescência em Aston, a formação e o estouro do Black Sabbath, o rompimento com a banda e o início de sua bem sucedida carreira solo, e a loucura da mega exposição trazida pelo reality show The Osbournes.

Na primeira fase, o então John Osbourne fala de sua infância numa família de origem humilde e que mal possuía um banheiro em sua casa, e também como era difícil de se relacionar com as pessoas devido ao seu déficit de atenção e inquietude. Logo na sua adolescência surgem as primeiras enrascadas, como quando foi condenado após ser flagrado roubando uma loja de eletrodomésticos, a ir para um reformatório onde ficou por seis meses.

Para tentar dar um jeito na sua vida, como qualquer mero mortal, John teve de procurar trabalho, de afinador de buzinas de carros ao frigorifico, fica claro que o único caminho que poderia tirá-lo de uma vida miserável era o da música.

Muito antes de virar o fenômeno transcendental e marco inicial do heavy metal, o Black Sabbath teve de passar por uma estrada cheia de pedras no caminho rumo ao estrelato, como é bem retrado nos tempos em que o agora Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward se apresentavam como Earth.

Da guinada a partir do dia em que viram uma multidão fazendo fila na porta do cinema para o filme que daria seu novo nome, aos bastidores das gravações dos discos e dos shows, começa a aparecer uma presença mais constante de drogas das mais pesadas, que inflamaria o ego dos músicos e culminaria na iminente saída de seu frontman.

Quando tudo parecia estar acabado para o Madman, surge na sua vida a figura de sua futura esposa e amada Sharon, filha do empresário Don Arden, fundamental para que sua carreira fosse a diante e com registros tão deslumbrantes como nos tempos de Sabbath.

E quem acha que a histórias de brigas com a esposa, abusos de álcool e substâncias ilícitas das mais pesadas, o estúpido acidente que vitimou o grande guitarrista Randy Rhoads, o acidente nas gravações do clipe “So Tired”, a decapitação de um morcego num show e a de uma pomba numa reunião de negócios, ficariam de fora, engana-se, e assim como a abertura de seu livro (e desta resenha), o cantor traz um relato minucioso até onde sua memória deixa de cada um dos fatos.

A mesma amada que tanto o ajudou, também foi a mesma que o convenceu a entrar numa das maiores roubadas de sua vida: The Osbournes. O reality show da MTV norte-americana que escancarou a intimidade sua família, foi um tremendo arrependimento na sua vida, por além de invadir sua privacidade, reforçar a imagem de múmia zumbi ambulante que mal sabe manusear um controle remoto.

Seja para amantes do rock, fãs de carteirinha, ou amantes de música e biografias de grandes personalidades, “Eu Sou Ozzy” é um livro de cabeceira obrigatório, do qual seu viciante e criativo texto o fará ter dificuldades de se despedir dele ao fim da leitura.

Resenha feita por mim originalmente no blog Miscelânea Cult.

site: https://miscelaneacult.wordpress.com/
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