Eric 02/06/2023
Esse quebra cabeça está muito confuso
Piranesi vive na Casa, um lugar místico, cheio de salões, estátuas, andares, escadarias e mistérios. A Casa é o seu lar e também seu mundo. Com ele, mora sua única companhia humana, o Outro.
A rotina de Piranesi é registrar em seus diários as descobertas realizadas durante suas explorações pela Casa e se reunir semanalmente com o Outro para compartilhar suas anotações.
Porém, estranhos sinais de vida humana começam a aparecer na Casa, mensagens surgem no chão e a segurança parece estar ameaçada. Para Piranesi, uma chance de uma nova companhia, já para o Outro a chegada da destruição e loucura.
Os segredos precisam ser revelados. O mundo de Piranesi está se tornando obscuro e perigoso.
Certamente, essa é uma fantasia singular. O mundo criado por Susanne é peculiar, desafiador e filosófico. No início, entender como funciona toda essa ambientação foi bem difícil, mas aos poucos vamos acostumando com as descrição e imaginando um cenário mais sólido e nada convencional.
Além disso, o enredo instigante e o protagonista carismático permitem que a experiência de leitura seja única. Por ser um livro narrado em primeira pessoa, tudo que vamos descobrindo é junto de Piranesi. Portanto, o leitor e personagem encaixam as peças simultaneamente, o que funcionou muito bem para mim.
Ademais, achei o desenvolvimento final um pouco bobinho, senti que não estava a altura da complexidade apresentada durante toda a narrativa. Esperei algo que 'explodisse' mais a cabeça, o que não aconteceu. Mas, isso não anula a singularidade do romance.
Piranesi é um personagem muito interessante. É bonito acompanhar o seu relacionamento, até certo ponto ingênuo, que tem com a Casa, desde a natureza aos antepassados representados pelas ossadas encontradas em alguns salões. Tudo é muito bem analisado, registrado e zelado pelo protagonista. Ambos, a Casa e Piranesi, se cuidam e preservam mutuamente. Isso, permite refletir sobre uma relação do homem vs natureza já muito perdida pela humanidade, que talvez encontramos resquícios apenas nas comunidades de povos nativos, mas mesmo assim já desgastadas pela globalização.
O romance de Susanne é aquele tipo de estória que reacende nossa esperança com a criatividade na literatura, principalmente no segmento desafiador da fantasia.
Vale ressaltar que quanto menos souber a trama melhor, a estranheza e curiosidade são duas engrenagens essenciais para a fluidez da narrativa.
A Beleza da Casa é imensurável; sua Bondade, infinita.