Bruna Fernández 01/02/2011Resenha para o site www.LivrosEmSerie.com.brDepois de sofrerem grandes e devastadoras traições na Coréia do Sul, os irmãos Cahill decifram a pista encontrada – Sakhet, a deusa da guerra e das doenças – e seguem para o místico Egito em busca de mais pistas, acompanhados da au pair Nellie e de Saladin. Além do Túmulo não poderia ser ambientado em um local melhor… o livro é o mais místico da série, até agora, e acredito que um dos grandes motivos para isso é o fato dele se passar em uma terra tão antiga, mitológica e cheia de magia como o Egito. Entretanto, apesar do cenário ser o Egito, as personalidades que são abordadas, ainda que brevemente, nesse livro, têm outra nacionalidade: o francês Napoleão Bonaparte e o italiano Bernardino Drovetti.
Confesso que quando fiquei sabendo que o livro teria como cenário o Egito, desejei muito que o autor do livro tivesse sido o Rick Riordan. Como muito de vocês devem saber, Riordan é o autor do primeiro livro da série 39 Clues e também é autor da saga Percy Jackson, baseada na Mitologia Grega e da saga A Crônica dos Kane, que aborda justamente a mitologia egípcia; logo, o conhecimento do autor na área é incrívelmente vasto. Mas a autora Jude Watson não deixou muito a desejar.
Assim como o livro anterior, O Ladrão de Espadas, esse também começa com um ritmo acelerado: os irmãos Cahill mal chegam ao Egito e já se deparam com a prima Irina Spasky em seu encalço, e ao tentarem despistá-la acabam conhecendo um novo personagem: Theo Cotter, um simpático guia turístico que tem uma habilidade muito apreciada pelos Cahill – ele sempre conhece a saída dos fundos. Amy e Dan acabam revelando parte de sua história a Theo que os acompanha até o museu Casa Sennari. Mas como os leitores de 39 Clues sabem muito bem, visitas à museus sempre acabam em fuga para os Cahill, que acabam deixando Theo para trás e usam o cartão de crédito de Alistair para se hospedar em um luxuoso hotel no Cairo.
O enredo desse volume me cativou muito, pois sou fascinada pela mitologia egípcia. Apesar da história iniciar em um ritmo acelerado, senti a história com um pouco menos de ação e mais informações do que o volume anterior. O lado emocional dos personagens é muito mais explorado. O que me chamou atenção foi o fato de termos uma visão mais humana de várias personagens serem mais exploradas justamente quando temos, pela primeira vez na série, uma autora do sexo feminino. Coincidência? Acredito que não. Somado também o fato de termos a “presença” de Grace nesse livro, “ajudando” – à sua maneira – seus netos na caçada das 39 pistas, o que eleva o nível de sentimentalismo de Amy, Dan e de outras personagens inesperadas. Ao contrário do que possa parecer, esse sentimentalismo não estraga a narrativa, nem quebra o ritmo, apenas desacelera um pouco o ritmo, e dá uma profundidade maior aos personagens, abrindo mais questões sobre os tantos mistérios que envolvem a família Cahill e em especial a tragédia envolvendo os pais de Amy e Dan.
Temos também em Além do Túmulo o retorno da oponente Irina Spasky, na minha opinião, uma das “vilãs” mais bem elaboradas da série. Jude Watson usa o mesmo recurso de Peter Lerangis e dá pequenas indicações sobre o passado dos pais dos irmãos Cahill, pela perspectiva do oponente, nesse caso, Irina. Parece que todos sabem muito mais sobre a família (maluca!) dos Cahill, e, apesar de tudo, quem sempre enxerga as verdadeiras pistas e decifra os mistérios mais complexos, são sempre Amy e Dan. Temos a participação breve e meio sem sal (como sempre) de Jonah Wizard e seu pai, Sr. Blackberry.
Nesse livro também é apresentado um novo mistério – que está mais para ameaça do que mistério. Os Madrigals. Infelizmente não tem como mencionar mais sobre eles sem dar spoiler, mas achei que deveria pelo menos mencionar a “aparição” deles.
O quarto livro da série só não ganhou cinco estrelas no meu skoob, e nem se tornou o melhor livro da série até agora, porque o final não me agradou. Vejam só, não é por que ele é um final ruim, mas porque simplesmente ele não tem cara de final. Até agora nos outros livros da série sempre temos os irmãos solucionando a pista principal e uma desaceleração do ritmo da narrativa. Então temos um epílogo, ou último capítulo, com personagens misteriosas ou não, falando sobre algo mais misterioso ainda… foi criado um certo padrão. E em Além do Túmulo não há nada disso. O ritmo ainda é acelerado e, para mim, foi como se tivessem dado um corte seco no final da história, interrompendo a narrativa de forma brusca. Tudo bem, concordo que a autora pode ter tantado inovar e fazer um final diferente, mas não me agradou muito.