Caminhos cruzados

Caminhos cruzados Erico Verissimo




Resenhas - Caminhos Cruzados


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Carla.Parreira 14/06/2024

Caminhos cruzados (Érico Verissimo). Escrito em 1935, Caminhos Cruzados é uma obra pertencente à segunda geração do Modernismo brasileiro, surgindo em um período marcado por turbulências socioeconômicas de enorme relevância. Esta obra literária representa um posicionamento ideológico em relação à realidade do tempo, abordando temas complexos e multifacetados. A narrativa, enraizada em Porto Alegre, uma cidade em ascensão naquela época, descreve a evolução de um romance urbano e psicológico, em que se destacam diversos grupos sociais pertencentes a classes diferentes. A obra também explora a hipocrisia enfrentada pela sociedade, tradicionalismos familiares e a transformação dos centros das cidades. O livro destaca os contrastes sociais entre famílias pobres e ricas. Por exemplo, enquanto uma família celebra um festim, outra enfrenta o sofrimento devido à uma doença. O autor retrata a complexidade da realidade social e econômica de sua época, apresentando um panorama detalhado de uma sociedade em constante mutação e questionamento. Melhores trechos: "...Se os gnomos tivessem sexo, como ficaria complicada e feia a história da Branca de Neve! Os anões encontraram em sua casa a linda e inesperada visitante, deram-lhe de comer, cantaram e dançaram para ela... Simplesmente. Se fossem homens de verdade haviam de se espedaçar para ver quem ficava com Branca de Neve. Felizmente eram gnomos e o resultado de tudo foi um conto limpo. Se entre os homens da vida real fosse possível florescer histórias como esta, eles não decorreriam tão freqüentemente ao mundo da fantasia... Existem pobres porque Deus, na sua infinita sabedoria, quis experimentar os homens. Deu dinheiro aos ricos para ver se eles no meio da opulência não esquecem os desgraçados. Deu miséria aos pobres para ver se eles na sua desolação sabem guardar os seus santos mandamentos. Aí está. Há pobres porque deve haver contrastes: luz e sombra, alegria e tristeza, riqueza e miséria. Desse desequilíbrio é que nascem os poemas e os romances. Que belo assunto para uma crônica! Ou para uma palestra num baile! Ou num almoço... Todos temos direito a um pouquinho de prazer. Os ricos têm teatros, automóveis e rádios. Os pobres contentam-se com livros... Jesus Cristo era pobre. Os pobres, Ele disse, serão os primeiros a entrar no Céu... Fazia muitos anos que Marina deixara de ter ciúme. Bernardo vivia cercado de admiradoras. Ela ficava sabendo de quase todas as suas aventuras amorosas. Com uma confusa mistura de ironia, de condescendência maternal e ao mesmo tempo com uma absurda espécie de ressentimento, ela ‘protegia’ os amoricos do marido. Sabia que ao cabo das farras e das aventuras, Bernardo voltava para ela arrependido e lamuriente, com a boca amarga, os olhos injetados, a face mais vincada e cheio de protestos de regeneração..."
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Isadora 01/06/2024

Escolhi Caminhos Cruzados como primeiro contato com a obra do Érico Veríssimo e foi uma boa escolha e uma leitura muito proveitosa! A história traz um retrato, ou uma fotografia da sociedade na década de 30 e de seu cotidiano "comum" e escrachadamente desigual, quase como uma novela das 7h, mas sem tantos dramas e fofocas. A escrita é fluida, com períodos e capítulos curtos, e adorei a forma como o autor conseguiu desenhar os personagens e suas personalidades por meio das cenas corriqueiras de suas vidas.
Recomendo.
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Renan461 26/05/2024

História linda de um cotidiano comum onde os romances se passam em meio a tristeza e sofrimento das classes sociais. Recomendo a todos que leiam.
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denalyn 14/05/2024

Eu achei a premissa encantadora, mas no decorrer da história percebi que muitos capítulos pareciam ser mal pensados e que poderiam muito bem serem utilizados para um desenvolvimento maior das personagens. no entanto, gostei muito das histórias! adoro livros realistas e críticos.
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Procyon 11/05/2024

Caminhos cruzados ? comentário
?A vida, prezado leitor, é uma sucessão de acontecimentos monótonos, repetidos e sem imprevisto. Por isso alguns homens de imaginação foram obrigados a inventar o romance.? (p. 299)

(Trecho retirado de minha resenha no Medium)

Caminhos cruzados, segundo romance escrito pelo autor sul-rio-grandense, publicado em 1935, se insere dentro dum contexto onde o debate sobre o engajamento na literatura brasileira da década de 1930 era quase onipresente. Erico Verissimo, apesar de se inserir dentro da ficção social do período ? sendo também partícipe da segunda geração do modernismo brasileiro ? , ainda parece diferir-se um pouco das tendências neorrealistas. Aqui, o autor compõe, através de uma linguagem naturalista, uma história coletiva, que funciona como um panorama da vida na Porto Alegre dos anos ?30. É um romance urbano que traz uma abordagem bastante crítica da sociedade burguesa brasileira em pleno governo Vargas, mostrando um amplo contraste entre a riqueza e a pobreza e expondo os problemas em diferentes camadas sociais.
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Margô 01/03/2024

Contrapontos...e etc e tal.
Genial. Duas dúzias de personagens...rsss, encantos e desencantos a cada revelação.

Foi releitura. E desta vez não tive como não perceber o intricado tecido que compõe a rede social.

Os contrapontos entre as pessoas, as coisas que não queríamos para os personagens; Ricos e pobres trocando serviços, e inutilizando os dias. Os primeiros , por quê não dão conta da futilidade infinda, e os segundos, por ter cada dia como um pesado fardo .
Eu vi cada casa dos pobres como um cenário mais próximo da minha realidade. A vida dos ricos, também foi possível associar... com alguma dificuldade. Mas é uma obra de grande sensibilidade. Preciso revisitar o inesquecível Érico Veríssimo!
E eis que vem um final que é a cara da vida real. Gostei e recomendo.

Viva Veríssimo!
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booksdalaus 28/02/2024

Caminhos cruzados
Neste romance, Erico Verissimo narra episódios da vida de duas dezenas de personagens na Porto Alegre da década de 1930 e tece uma crítica incisiva aos desníveis sociais e à hipocrisia moral de nossa sociedade. Com apresentação de Antonio Candido e prefácio de Moacyr Scliar. Leitura obrigatória do vestibular da Unicamp.

Influenciado pela técnica de intrigas entrelaçadas e pela ausência de personagem principal da ficção de Aldous Huxley, Erico Verissimo escreveu Caminhos cruzados, tendo como cenário uma Porto Alegre onde já se confrontavam modernização e miséria, luxo e desencanto.
Sem narrar acontecimentos de vulto, o autor expõe o nervo da fragilidade humana. Sua capacidade de fabulação ainda hoje provoca impacto e lança um apelo à sensibilidade.
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Otávio - @vendavaldelivros 10/01/2024

“A vida, prezado leitor, é uma sucessão de acontecimentos monótonos, repetidos e sem imprevisto. Por isso, alguns homens de imaginação foram obrigados a inventar o romance.”

Vez ou outra, em momentos de distração da minha misantropia, me pego olhando para as pessoas na rua e imaginando como são suas vidas. Mais do que isso, como enxergam o mundo e como formam seus pensamentos. Cada pessoa é uma janela que se abre para infinitas possibilidades, mesmo que a esmagadora maioria das vidas, como as nossas, seja um caminho de monotonias.

Publicado em 1935, “Caminhos cruzados” é um dos primeiros livros publicados por Erico Verissimo e foi recebido como um estrondo, levando o autor ao interrogatório policial e marcando em sua carreira a imagem de comunista. Nele, Verissimo narra a vida de dezenas de personagens distintos, em uma Porto Alegre dos anos 30, ao longo de cinco dias (de sábado à quarta-feira).

Inspirado no livro Contraponto de Aldous Huxley, “Caminhos cruzados” não tem personagem principal, apresentando as cenas como elas estão acontecendo. Muitas vezes os personagens se cruzam, mas seguem suas próprias histórias, construindo seu próprio enredo.

A capacidade de construção de personagens de Verissimo era imensa, de tal forma que mesmo em um recorte tão curto e com tantos personagens criados, conseguimos enxergar, entender e conhecer todos. Mais do que isso, conseguimos ver suas almas, suas mágoas e alegrias. E, claro, tudo dentro de um contexto de crítica social única, que o autor sempre fez com maestria.

É impossível não se compadecer das dores da família de Maximiliano, o tuberculoso que conta suas horas para o final ou não odiar o casal Leitão Leiria. Escancarando as desigualdades de uma capital que crescia, Verissimo mostrava como elas impactavam na vida das pessoas, em suas dificuldades de alimentação e moradia. Talvez por isso, por expor a crueldade da desigualdade social, Verissimo tenha sido tão condenado.

Apesar de diferente no estilo, acho uma ótima porta de entrada para as obras do autor, principalmente por mostrar com muita clareza o quanto a desigualdade e a pobreza incomodavam o coração do escritor Verissimo. Espero que incomode você.
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Aurélio 16/12/2023

Caminhos cruzados deve ser o meu livro preferido, porque ele caiu em minhas mãos no momento em que eu mais precisava dele, e digo caiu mesmo, porque eu nem conhecia Érico Veríssimo até ver um livro todo encardido no fundo de uma estante em uma biblioteca escolar. Por meio de suas diversas personagens, algumas caricatas, outras imensamente complexas, Veríssimo enquadra todas as nossas personalidades nesse livro? eu acho que é impossível ler esse livro sem se identificar com alguém (ou alguéns)-. Tudo nesse livro coopera pra te mostrar diversos lados da sociedade brasileira da época, há os ricos, os que se acham ricos, os que enriqueceram do nada, os pobres, os que não tem nada? E, no decorrer da história, vários desses personagens se encontram e desencontram. Eu nem tenho como (e nem palavras) para descrever o quão incrível esse livro é para a formação de caráter, parece que o Veríssimo aponta seus erros e joga seus problemas na sua cara. Esse livro é simplesmente sensacional e atemporal.
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Pedro.Gondim 19/11/2023

Vidas agridoces, vidas reais
?? Ontem estive lendo a Mansfield ? diz Noel. ? O diário...
Fernanda sorri. Já estava custando virem os livros. Noel não passa dez minutos sem falar em literatara. Por quê? O dia está tão claro, a paisagem tão encantadora? Ela lê também, ama os livros, mas não se deixa escravizar por eles. Primeiro a vida. E se os livros oferecem interesse, ainda é por causa da vida.? (p.170/171)
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Luiz 08/10/2023

Agora não sei
Agora não sei se vou conseguir ir aí amanhã cedo pra ver se vai dar certo tenho que ir no médico amanhã cedo pra
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Clio0 19/09/2023

Outra obra de Érico Verissimo em que ele brinca com o contraponto, a técnica de colocar várias histórias paralelas que retratam uma mesma ideia, mas não necessariamente uma mesma trama. A ideia principal é como o mundo moderno massacra a arte no Homem.

No desenrolar, somos apresentados a quatros sonhos básicos: o infantil (João Benévolo), o utópico (Noel), o alienador (Chinita), o esperançoso (Clarimundo). Desnecessário dizer que todos são incapazes de conciliar o mundo real com o onírico, afinal o pragmatismo trai a tendência humana à criação e a apreciação.

Incansavelmente, pela família, sociedade e governo, os personagens são sistematicamente atacados com a exposição da realidade, seja ela comer, amar, dormir, pagar as contas. E mesmo obedecendo a essas predisposições, Verissimo faz questão de descrever como ainda assim, com cega obediência, é impossível algo mais do que apenas a mera sobrevivência.

É o quotidiano de mais de noventa porcento dos brasileiros que ao final do dia ainda dizem, como Buarque, "Deus lhe pague".
Leandro.Bonizi 20/09/2023minha estante
Eu tenho esse livro aguardando minha leitura!




jmpearl 01/04/2023

Caminhos Cruzados facilmente seria uma novela das 19:00 e isso é incrível. Além de ser uma leitura fácil, tem personagens muito interessantes. Virgínia é amarga, João Benévolo é inútil, Teotônio e Dodó hipócritas, Eudóxia miserável, Noel patético, Clarimundo avoado...

Achei algumas coisas meio racistas, mas como é um livro dos anos 30 escrito no Sul chega até a ser bem pouco, impressionante
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