Thaís Brito 09/02/2023
Tesouro nordestino
Ler as peças de Ariano Suassuna, para mim, é quase ouvir as vozes dos personagens, imaginar as cenas, entrar no universo do riso e da galhofa. Devorei essa história ansiando por uma montagem no teatro e imaginando as risadas do público. Reconheci em O Santo e a Porca os elementos que foram reaproveitados para rechear a minissérie de O Auto da Compadecida: a porca cheinha de dinheiro, os vinte contos emprestados para a festa do casamento, a troca de vestidos no meio da noite para um encontro arranjado com base na mentira. A figura que eu não conhecia e que mais me divertiu foi a do Eurico Árabe, o avarento exagerado com suas constantes reclamações (Ai, a crise! Ai, a carestia!), devotando amor à porca e culpando o coitado do Santo Antônio por qualquer revés - os reais e os imaginários. Um humor que chega com uma linguagem simples para nos enredar em tramoias sofisticadas, traduzindo as vivências do nosso Sertão e as histórias da tradição popular.