Cristiano Rosa 03/01/2012
Diário CT: Terra Morta – Fuga
Se ficar o zumbi pega, se correr o zumbi come. Terra Morta – Fuga, primeiro romance do paulista Tiago Toy, é assim. Lançado em novembro do ano passado pela Editora Draco, a obra nasceu em um blog criado pelo Tiago em 2008. Como aderiu a vários seguidores e logo tornou-se sucesso na internet entre os amantes do gênero, veio a proposta da editora para a publicação.
Em suma, Terra Morta narra a aventura de Tiago Rodrigues, jovem praticante de parkour, juntamente com a companheira de estrada Daniela Silvestre, jogadora de handball, na luta pela sobrevivência ao se verem num local infestados por zumbis.
Com a narração em primeira pessoa, somada ao uso de palavrões e situada em cidades reais de São Paulo, a história realmente prende o leitor. Eu confesso que nunca tive muita atração pelas criaturas mortas-vivas, mas me surpreendi com a trama do Tiago, que não caiu em clichês e, a cada novo capítulo, tinha reviravoltas que, junto com os flashbacks, encantava a leitura na medida certa.
Ao longo da jornada de Tiago e Daniela, a dupla encontra outras personagens que mudam os seus rumos. Ricardo, um japonesinho de 16 anos muito legal; Dra. Abigail, uma mulher falsa e metida; e Lizzy e Pooh, que contruibuem com o desfecho da história, entre outros, ilustram que nem toda aventura se faz sozinho.
Ao pensar na obra como ficção, podemos nos surpreender com as verossimilhanças que achamos, principalmente no quesito de sentimentos das personagens. Dúvida, medo, terror, carinho, pena, amizade, compreensão, cuidado e sofrimento, entre outros, tornam Tiago e Daniela iguais a qualquer um de nós, compartilhando pensamentos e emoções.
O livro, que tem 248 páginas e é classificado pela editora como dos gêneros Terror – Literatura Fantástica – Fantasia Urbana, na verdade é uma grande aventura dramática, que mostra ao leitor que em certos momentos o essencial é seguir em frente, sem receios, lutando com as próprias forças e se aliando com as pessoas certas pelo caminho.
Foram noites mal dormidas em diversos lugares inusitados, corridas de carros, helicóptero e pulando muros e cercas; mochilas cheias de comidas, bebidas e dinheiro para sobreviver, quem sabe, por apenas mais um dia. Tiago e Daniela seguiram em frente, mas não conseguiram deixar seus passados totalmente para trás, não esquecem as origens.
A diagramação da obra, com páginas escuras e manchadas em algumas passagens, auxiliam na interação do leitor com o livro, pois contribuem na interpretação da história e à visão do mundo infectado que o livro apresenta. Os capítulos de cerca de 10 páginas tornam a leitura agradável e não cansativa, e a inserção em doses pequenas de elementos e descobertas ao longo da trama deixam a história bem equilibrada. Sendo minha primeira leitura no gênero com zumbis, não tenho outra a qual contrastar para uma avaliação comparativa.
Terra Morta – Fuga é o primeiro livro de uma série, pois seria impossível escrever tudo o que se pretendia no blog em apenas um livro, segundo o próprio autor. Tiago Toy nos presenteia com uma obra de qualidade, sem muita fantasia, com bastantes cenas de ação contínuas e pouco descanso, envolvendo o leitor no suspense e fazendo-o um pouco de detetive, na expectativa de descobrir o que está por vir ou o real motivo de alguns atos.
O mesmo vírus que infecta Jaboticabal, a cidade natal de Tiago – personagem e autor -, que torna os infectados zumbis, infecta o leitor, deixando-o dependente da trama do início ao fim, na esperança de que os protagonistas sobrevivam, encontrem aliados, e que tudo acabe bem. Mas o final, não é ficção, é real; e como Terra Morta não é conto de fadas…
Fonte: http://www.blogcriandotestralios.com/?p=13838