wesley.moreiradeandrade 11/01/2017
Na Estante 59: Chapeuzinho Amarelo (Chico Buarque)
Textos infantis possuem uma simplicidade que engana a princípio. Por trás desta linguagem mais pueril esconde-se todo um artifício formal que o escritor deve utilizar para que o texto carregue ao mesmo tempo a literariedade e a inteligibilidade para a criança que não deve, de modo algum, ser subestimada. Inclui-se neste tipo de empreitada literária o já clássico livro de Chico Buarque, Chapeuzinho Amarelo que é uma releitura do conto de fadas Chapeuzinho Vermelho, já narrada pelos irmãos Grimm e Charles Perrault, para falar do medo que ronda os pensamentos de toda criança.
Consagrado compositor da Música Popular Brasileira, escritor de romances celebrados pela crítica especializada, Chico Buarque também enveredou pela escrita de livros infantis e Chapeuzinho Amarelo, publicada pela primeira vez em 1979, a obra mais famosa desta sua vertente. Com lúdicas e coloridas ilustrações de Ziraldo, Chapeuzinho Amarelo é a protagonista que nutre um medo de todas as coisas, vivendo assim paralisada pelo receio de algo ruim acontecer-lhe. Até que ela encontra pelo caminho aquilo que mais teme: o lobo. E face a face com a figura que sempre a assustou, mesmo não tendo visto um único lobo em sua vida, faz com que feneça justamente o medo do medo do medo do medo do lobo que a perseguia. Libertação que proporciona a ela viver a infância plenamente.
Na tessitura desta obra, Chico Buarque brinca com as palavras, invertendo os seus valores semânticos, fazendo trocadilhos e explorando aliterações e assonâncias, o que torna a leitura mais rica e divertida, cada vez que for relida, a olhos adultos mais interessados na exploração da linguagem do compositor e romancista ou a olhos infantis que se deliciarão com a trajetória desta personagem marcante tão próxima a eles.
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