spoiler visualizarlyneianana 25/01/2024
DUARDO, O VELHO, como é conhecido agora, morreu em julho de 924. Ele reinou por vinte e cinco anos, sucedendo ao pai, Alfredo, como rei de Wessex, em 899. Nas listas dos reis ele é geralmente seguido por Æthelstan, mas há muitas evidências de que Ælfweard, meio-irmão de Æthelstan, governou Wessex durante cerca de um mês depois da morte do pai. Se for verdade, como presumi obviamente por motivos ficcionais, a morte de Ælfweard foi extremamente conveniente para Æthelstan, que assim se tornou rei dos três reinos do sul da Britânia saxã: Wessex, Ânglia Oriental e Mércia.
Grande parte deste livro é ficcional. Não se sabe como Ælfweard morreu, e é provável que sua morte tenha ocorrido em Oxford, não em Lundene. Um mês se passou até que os saxões ocidentais aceitassem Æthelstan como o novo rei. Naquele mesmo ano ele foi coroado em Kingston upon Thames e foi o primeiro rei a insistir em ser investido com a coroa, e não com um elmo. Boa parte da relutância em aceitar Æthelstan como rei decorria dos boatos de que Eduardo não tinha se casado com a mãe dele, de que ele era mesmo bastardo.
O reino de Eduardo deixou boa parte do sul da Inglaterra livre do flagelo viking. A estratégia do rei Alfredo, de construir burhs ? que são cidades muito bem fortificadas ?, foi adotada por Eduardo e por sua irmã Æthelflaed na Mércia. A Ânglia Oriental, que foi um reino dinamarquês, foi conquistada e suas cidades foram fortificadas. Eduardo construiu mais burhs ao longo da fronteira com Gales e ao norte da Mércia, para deter ataques do oeste da Nortúmbria, onde havia poderosos assentamentos noruegueses. Sigtryggr, um norueguês, foi rei da Nortúmbria, governando a partir de York, e por objetivos puramente ficcionais adiantei sua morte em três anos.
Sem dúvida o rei Alfredo sonhava com uma Inglaterra, ou Anglaterra, um reino de todos que falavam a língua ?ænglisc?. Parece simples, mas na verdade um habitante de Kent acharia difícil compreender a fala inglesa de um nortumbriano e vice-versa, e ainda assim era a mesma língua. E essa ambição não estava restrita à língua. Alfredo era conhecido pela devoção, um homem dedicado à Igreja, e todos os cristãos, fossem saxões, dinamarqueses ou noruegueses, estavam incluídos no seu sonho. A conversão era tão importante quanto a conquista. Quando assumiu o trono do pai, Æthelstan herdou um reino muito maior, um reino que incluía a maior parte dos falantes da língua inglesa, mas ainda havia aquele incômodo reino ao norte, um reino que era em parte cristão e em parte pagão, em parte saxão e em parte ocupado por dinamarqueses e noruegueses; o reino da Nortúmbria. O destino desse reino precisa esperar outro romance.
Æthelstan governou por quinze anos e completou a unificação dos povos de língua inglesa. Jamais se casou, por isso não deixou herdeiros e foi sucedido primeiro por Edmundo, o filho mais velho de Eduardo e Eadgifu, depois pelo irmão mais novo de Edmundo, Eadred. Coloquei a batalha do fim do romance no Crepelgate, o Portão dos Aleijados ? atualmente o bairro de Cripplegate, em Londres ?, e, ainda que esse nome não remonte ao período saxão, inventei o decreto de Alfredo permitindo que os aleijados tivessem o direito de pedir esmolas junto ao portão.
A espada dos reis é uma obra de ficção, mas espero que o livro ecoe um processo pouco conhecido; a criação de um reino chamado Inglaterra. Seu nascimento ainda está algum tempo no futuro. E será sangrento, mas Uhtred viverá para vê-lo.