Charlinho07 29/04/2024
O embrião de um reino
Wyrd bið ful ?ræd.
Talvez a ficção seja uma ótima maneira de gerar curiosidade nas pessoas sobre a história real que a inspirou. Lendo os livros de Bernard Cornwell e Ken Follet, interessei-me bastante na história inglesa, bem como de eventos históricos mundiais (retratados por Follet e alguns outros autores sobre momentos históricos). Abrindo um ligeiro parêntese, me pergunto se algum dia a história do Brasil será contada de maneira similar (apesar de existirem novelas e minisséries com essa tentativa).
Assim como gera interesse, as ficções históricas, dependendo de como se desenvolvem, podem acabar criando heróis no imaginário popular. No caso de As Crônicas Saxônicas, esse herói é fictício, Uthred de Bebbanburg, mas os personagens reais, como Ælthestan, podem ser lembrados como o grande herói de uma nação. Aqui, ele é representado como um grande guerreiro e líder entre os mércios. Como diz Uthred, a reputação é a única coisa que sobra e talvez os registros históricos tenham criado essa reputação em Ælthestan.
Não posso deixar de citar como é agoniante ler os perrengues pelos quais Uthred passa (não vou descrever aqui para não dá spoiler) mesmo que ele mesmo se coloque nessas encrencas. Afinal de contas, um homem honrado cumpre suas promessas - seria bom se hoje em dia bastasse somente a palavra de um homem para que confiássemos uns nos outros.
Temos aqui algumas conveniências de roteiro que vão facilitando o caminho do autor para o fechamento da história, sem colocar Uthred numa enrascada com relação aos seus juramentos. Mas vou passar um pano por considerar que a verdadeira história a ser contada é a formação da Inglaterra, sendo Uthred apenas uma ferramenta pra isso acontecer.
Dos últimos três livros, esse com certeza foi o mais empolgante. Aqui a intriga palaciana se desenvolve mais, os riscos são maiores e a recompensa é grande, e só me deixou mais intrigado em saber como as coisas terminarão para Uthred e companhia.