Julia G 29/08/2012A Canção do Súcubo - Richelle MeadResenha publicada originalmente no blog http://conjuntodaobra.blogspot.com
- Quando você falou com Cody?
- Na noite passada.
- Engraçado. Eu também. E eis você aqui hoje. Você está me seguindo?
Os olhos de Carter brilharam, divertidos.
- Cheguei aqui primeiro. Talvez você esteja me seguindo. Talvez esteja começando a curtir esse lance de encontros e quer descobrir um jeito astucioso de dar em cima de mim.
[...]
- Desculpe. Eu gosto que meus homens tenham um pouco mais de vida.
Carter deu uma risadinha com minha piada. Sexo com outros imortais não me fornecia energia alguma.
- Georgina, às vezes acho que valeria a pena seguí-la, só para ouvir as coisas que diz.
Se você pensa que o submundo - assim como seus seres - é algo escuro e escroto, está bastante enganado. Os seres podem até ser assim, mas vivem entre os mortais, em formas humanas, prontos para corromper suas almas e levá-las para o Inferno.
Georgina Kincaid, no entanto, não é bem assim. Por ser um Súcubo, pode mudar sua forma como quiser e tem um incrível poder de sedução. Precisa da energia vital dos homens com quem dorme para manter sua força e imortalidade, mas não se sente bem sugando anos de vida de pessoas de boa índole e, por isso, se "alimenta" apenas daqueles que considera desprezíveis, o que não deixa seu chefe, Jerome, muito feliz. Tentando manter uma vida o mais comum possível, trabalha em uma livraria durante o dia, onde tem alguns amigos e onde poderá, finalmente, conhecer seu escritor favorito, Seth Mortensen.
Georgie não imaginava, contudo, que a partir desse momento, alguns problemas passariam a atormentá-la. Além de uma amizade com segundas intenções por parte de Seth, e Roman, um homem incrivelmente belo e divertido que conheceu - ambos que ela tentava afastar -, alguns acontecimentos em seu mundo começam a assustar: imortais estão sendo perseguidos e assassinados, e todos, de alguma forma, têm uma relação próxima com ela. Mesmo contra as ordem de Jerome, um demônio de médio escalão, e do anjo Carter, Georgina sente que precisa de informações sobre esses acontecimentos, e conta com a ajuda de seus amigos Hugh, o duende, e de Cody e Peter, os vampiros, para buscá-las.
Não é surpresa alguma para quem acompanha o blog que me tornei fã de Richelle Mead após a série Academia de Vampiros. Uma das melhores histórias que já li, com uma escrita tão envolvente que, mesmo com um mundo totalmente novo e surpreendente que Richelle criou, era quase como se eu mesma vivesse aquilo, e fosse amiga dos personagens. Me senti vazia quando terminei o último livro, como se um pedaço de mim tivesse se esvaído e nunca mais fosse voltar.
Mas por incrível que pareça, A Canção do Súcubo, primeiro livro da série Georgina Kincaid, conseguiu reacender esse mesmo tipo de sentimento; mergulhei tão fundo na escrita da autora que só consegui me desvencilhar do livro após terminar a última página. Da história, ainda não consegui.
Já aviso que, para aqueles que não gostam de romances "mulherzinha", talvez esse livro não seja adequado. Mas para aqueles que não têm problemas com isso, ou melhor, os que gostam desse tipo de texto, esse livro é necessário. Além de mais uma heroína forte, independente, ousada e com tiradas ótimas, fica difícil escolher qual o personagem masculino que mais atrai. Me matava de rir da criatividade da Georgina e suas conversas de duplo sentido - seja lá com quem fosse.
Roman é daqueles que faz o coração de qualquer uma bater mais forte. Totalmente seguro de si e do que quer, torna-se atraente exatamente por isso. Não gostei do final que foi dado para ele neste livro, mas não fiquei decepcionada, principalmente por saber que haverá continuação. Seth, por sua vez, é o cara que sabe se expressar melhor por meio da palavra escrita do que da falada; não parece firme em suas atitudes, o que dá a ele aquele toque de nerd, que também é charmoso. Só prestei atenção nele de verdade, no entanto, quando a própria Georgina teve seu "estalo"... e é fofo e apaixonante. Só que, quem eu realmente gostei, foi Carter. Sei que, provavelmente, não haverá algum acontecimento romântico com ele, mas o personagem é tão não convencional, um anjo irônico e divertido que é e não é angelical.
Sei que muitos acham as capas da série feias. Eu também pensava assim, mas vendo de perto, mudei de idéia. Passa uma imagem forte e diferente, profunda até. De um jeito só dela, eu acho bonita.
O livro é um sobrenatural diferente, até por tratar de seres não muito aproveitados na literatura. E é também um tanto apimentado, se é que me entenden. Para os que gostam do gênero, é ótima pedida.