Leléu Ltd. 28/11/2020
A velhinha que me fez chorar
A "sinopse da sinopse" do livro, a princípio, me pareceu prosaica. A história de uma velhinha que arranja um cachorro e conhece algumas pessoas perto de onde mora, lá em Londres. De imediato, vociferei silenciosamente que a Intrínseca aprontara de novo e me colocara mais uma vez diante de um livro Sessão da Tarde.
As primeiras 50 páginas foram lidas - como dizem? - na base do ódio. Os "problemas" começaram a acontecer à medida que eu associava os comportamentos da personagem ao mundo real, ao dia a dia, e comecei a lembrar de situações que requereram uma reflexão semelhante às tantas que o livro traz. A semelhança entre as personagens e as pessoas do meu mundo é impressionante.
Eu não chorava com um livro desde Meu Pé de Laranja Lima, há mais de 30 anos, mas é impossível assistir impassível às transformações na vida de Missy que, aliás, tem o misterioso poder de nos apaixonar, assim como fez a Kia, de Um Lugar Bem Longe Daqui.
Li a história inteira torcendo para que o tempo congelasse e mantivesse aquela felicidade preservada para sempre, "como as moscas no âmbar". A cada capítulo, vivi uma curiosa apreensão, não pelo que estava acontecendo, mas pelo que poderia acontecer mais adiante. Muito estranho isso e, definitivamente, muito diferente da apreensão causada pelas obras do Stephen King.
Nunca reli livros. Considero perda de tempo, pois poderíamos aplicá-lo na leitura de novas histórias. Também, nunca grifei ou marquei passagens. Mas terei que fazê-los muito em breve, com essa história que me surpreendeu de diversas maneiras diferentes e que, apesar de passar a quilômetros de distância da minha zona de conforto, me prendeu e me cativou de uma maneira difícil de explicar e ser superada.