Resenhas - O pássaro secreto

Bruna 08/06/2021

O Pássaro Secreto
?O inferno era eu.?

Um livro tão cheio de sentimentos, angústias, mágoas e perdas. Como não se identificar com Aglaia quando eu mesma sei como é ter A Coisa vivendo dentro de mim? Não se sentir suficiente para aqueles que amamos, perder aqueles que nos são tão importantes?.. Estar tão cega de dor a ponto de afastar mais ainda aqueles que queremos mais perto? a solidão e a tortura de ser você mesmo, de viver na própria cabeça junto com A Coisa, sem menor chance de dar uma pausa, de sair para um passeio e não ouvir a si mesmo?
Que livro maravilhoso, uma escrita tão cheia de sentimentos e dor, queria ter lido antes.

Gabs - Entre Prólogos e Epílogos 08/06/2021

Um mergulho na tempestade de Aglaia
"O primeiro segundo depois da meia noite já é um novo dia.
Quando esse novo dia chegará pra mim?"

Esse definitivamente não é um livro fácil de ser lido e pra mim foi um engano pensar que é uma história só sobre a relação entre irmãos. Começando pelo título ambíguo que, quando lemos apenas a sinopse, podemos pensar que é uma alusão à irmã advinda de uma traição. Mais do que isso, aqui temos uma história, contada em primeira pessoa por uma Aglaia já adulta, sobre perdas e ausências e uma menina que não tem os meios para atravessá-las.
Entendo muito os leitores que não gostaram da protagonista, que comete vários atos condenáveis ao longo da história. O que a autora faz aqui é nos jogar de forma muito intensa nas tempestades de Aglaia, nos mostrando seu lado bonito: a paixão pelos livros, pela sua avó; e seu lado feio também: a obsessão, as frustrações...
Eu achei um excelente retrato de como distúrbios mentais podem comandar a nossa vida e adorei as referências as artes, livros e músicas. Não dei 5 estrelas por que achei que a narradora divaga demais as vezes, e por mais que seja legal uma narração estilo fluxo de consciência, sem ordem cronológica, no final do livro isso acaba ficando um pouco cansativo. Estou animada pra ler mais da autora, que tem várias publicações de romances e contos.
Deixo como alerta alguns temas que podem ser gatilhos para algumas pessoas como: gordofobia, distúrbios alimentares e auto agressão.

alexpizziolo 10/06/2021

Forte
Uma leitura muito forte, carregada de sentimentos muito pesados. Enxergar o mundo pelos olhos de Aglaia é difícil, cansativo. Uma personagem difícil, que testa a todo tempo nossa capacidade de empatia.
Tem momentos brilhantes, o capítulo em que descreve a chegada de Thalie e o casamento dos pais é primoroso.
É interessante pensar que o livro é narrado por uma mulher adulta descrevendo sua vida na adolescência e acho que a maneira como a história é narrada é muito marcada por isso.
Mais para o final do livro me incomodam um pouco as metáforas e as hipérboles da personagem para descrever seus sentimentos, tenho a impressão de que o começo é menos hiperbólico nesse sentido, talvez por estarmos trabalhando meio que de trás pra frente na psique da personagem.
Fiquei encantado pela prosa de Marília Arnaud.

Selennie 12/06/2021

O livro é muito bom, muito sensível e acurado sobre um tema muito interessante e necessário.

O problema é não se deixar levar demais pela personagem narradora que pode parecer estar exagerando.
Ela pode ter algum transtorno e chegar nas conclusões erradas, mas os raciocínios são preciosos e o desajuste dessa família é muito grave e real.

Queila - Meu vício literário 12/06/2021

Intenso
Terminei a pouco, e eu só queria dar um abraço na Aglaia.
Que livro difícil! Lindo pela narrativa lírica e poética da autora, mas as temáticas apresentadas são tapas em nossa cara, é difícil não sentir empatia pela Aglaia.
Foi dificil não ficar com raiva dos familiares e amigos "negligentes" em alguns momentos (Mas é importante lembrar que a própria Aglaia narra os fatos, logo, sob sua ótica).
Termino com a sensação de que ela só queria mesmo um lugar para chamar de seu. E que o que ela mais temia, aconteu... sua vida foi roubada.

"Não sei se esta é uma boa história, é minha história, minha elegia."

Contém gatilhos: gordofobia, violência animal, bulimia.

Aline 13/06/2021

O livro trata extremos de sentimentos, obscuros, de forma poética. Muitas referências literárias, cinema e música. Uma escrita gostosa, muito fluida. Final que deixa margem à interpretação.

Julia 14/06/2021

Perturbado ne?!
Acho que uma das coisas que estamos tão acostumados a viver é com a competitividade entre irmãos que é estimulada muita vezes pelos próprios pais, neste caso, levou alguém ao extremo.
Devemos cuidar com os padrões impostos as nossas crianças e esse livro é um alerta.

LeonardoGS89 13/05/2024

Em ?O Pássaro Secreto?, Marilia Arnaud tece uma narrativa que é tanto um espelho quanto um labirinto, a protagonista, Aglaia, é uma figura complexa, cuja agonia e raiva são tão palpáveis que se tornam quase um personagem à parte, a leitura é uma jornada através dos sentimentos tumultuados de Aglaia, onde a empatia pelo seu sofrimento é inevitavelmente entrelaçada com o choque diante de suas ações.
Essa é uma obra que desafia o leitor a navegar pelas águas turvas da psique humana, Aglaia, a protagonista, é uma personagem cuja dor é tão visceral que quase se pode tocá-la, mas suas ações são um lembrete frio de que a dor não justifica tudo.
A chegada de uma meia-irmã na vida de Aglaia, traz todos os sentimentos que estavam presos dentro de si, é o catalisador para uma série de eventos que nos fazem questionar a natureza da vingança e da redenção.
Arnaud não poupa o leitor da complexidade de Aglaia, a narrativa oscila entre a compaixão e o desconforto, entre o entendimento e o julgamento, a autora consegue, com maestria, manter-nos presos em uma teia de emoções que é tão bela quanto perturbadora.
Recomendo.

Rosa Daré 15/06/2021

Aglaia Negromonte, é uma personagem complexa e perturbadora, e isso será percebido gradativamente pelo leitor ao longo do romance, com o relato da sua infância e adolescência em família, na escola e no sítio da avó. Aglaia, uma menina sensível e solitária, de rara inteligência, apaixonada pelas tragédias de Shakespeare, pelos poemas de Cecília Meireles e canções de Renato Russo, aos treze anos teve a sua vida virada de ponta-cabeça com a chegada inesperada de uma meia-irmã, filha do seu pai, cuja existência lhe era desconhecida. O surgimento da encantadora Thalie, além de desestabilizar a família, rompe o frágil equilíbrio psíquico de Aglaia. Dilacerada pelo ciúme e pelo sentimento de rejeição, uma vez que a meia-irmã acaba conquistando o afeto de todos da família, inclusive o da avó, com quem a narradora tem uma relação amorosa única, e, de forma especial, do primo Demian, por quem é apaixonada, Aglaia, em sua condição psicológica peculiar, em seu mundo particular, vê-se dominada pelo ódio, perdida num delírio de vingança que resultará numa série de acontecimentos impactantes que conduzirão a protagonista por caminhos sem volta. Uma história pungente e brutal, não apenas sobre conflitos familiares, mas, especialmente, sobre os subterrâneos de uma mente tortuosa e obsessiva.

??? ? Muito bom
30 de 2021 - junho
Editora Record / Tag - Marília Arnaud - 270 páginas

May 15/06/2021

Nenhum outro livro entregue pela tag mexeu tanto comigo como esse. Talvez por ja ter sentido como a personagem se sentiu pude sentir a dor na pele da personagem e chorar suas dores.

Pra mim foi uma mistura perfeita de Garotas de Vidro de Laurie Halse Anderson e Garota, Interrompida de Susanna Kaysen.

carolmureb 17/06/2021

Tive muita pena de Aglaia, a adolescente de 14 anos que vivendo numa família que não a vê, perde o pouco que tinha com a chegada da meia irmã. Ela até poderia ter uma fragilidade psicológica, mas faltou atenção, cuidado e ser vista. A leitura flui e da metade para o fim, não consegui parar!!

"Adiava o instante da certeza, como alguém que, já na dor da ausência, continua assistindo às manobras inúteis dos médicos para adiar a morte de uma pessoa querida e, já no luto, espera por algo que se sabe impossível" p. 143.
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"Nos lugares onde nada acontece, conferimos mais atenção ao que acontece dentro de nós. E, pelo que eu conhecia da minha avó, havia muito dentro dela que merecia a própria atenção" p. 146.
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"Na natureza, nada era feio, nada era triste. Nada era menos que a verdade. A natureza me fazia sentir parte de um todo, ao contrário da cidade, que me distanciava de mim, que me desancorava" p. 153.
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"Naquele instante pensei que talvez fossem os medos que enlouquecessem as pessoas, e que fosse para escapar deles que elas se retiravam de si mesmas" p. 235.
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"A diferença é que os relatos de vovó vinham recheados de algo que eu não encontrava nos do meu pai. As histórias do meu pai pareciam um bolo no qual eram colocados os ingredientes mais ricos, mas que não cresciam porque o fermento fora esquecido. Faltava-lhes verdade, a verdade do coração de quem conta" p. 182.

Moony 17/06/2021

Extremamente agoniante
A narrativa é uma amálgama de gatilhos, e a magia da autora é nos fazer compreender e entrar na pele de uma protagonista extremamente egoísta que é, ao mesmo tempo, vítima e algoz, e descende aos poucos a uma espécie de loucura - que, seja diagnosticada ou não, todos nós estamos sujeitos.

Simon.Xavier 17/06/2021

Crescer dói
Aglaia Negromonte foi esculpida com muita realidade e dor por Marília Arnaud. A situação em que se desenrola grande parte da história, o "roubo" da vida de Aglaia por sua meia irmã Thalie, pode parecer um dramalhão exagerado, mas se torna um pedido de ajuda, um apelo por socorro de uma ADOLESCENTE muito sensível, que claramente sofre de depressão e ansiedade, bullying, isolada do mundo, negligenciada pela família e que vê o pouco que tinha ser tomado por uma estranha.
Cada novo ato catastrófico de Aglaia, na tentativa de mostrar como ela se sente, de, no fundo, receber a atenção que merece e necessita, só contribui para um maior isolamento de si, até que a maior desgraça de sua vida ocorre.
Quem nos narra é uma Aglaia adulta, que teve as alegrias da vida destruídas pela apatia causada pelos medicamentos que "matavam a si mesmo".
Delicado, lindo e extremamente poético, o cuidado e o respeito em uma história tão sensível é impressionante.
Aglaia nunca machuca a si mesma, na tentativa de ser acudida, mas aos outros. Ela quer que os outros sintam o que ela sente, talvez tentando cativar a empatia de forma pouco clara a si mesma.

Como dito na revista da TAG, que acompanha a edição: crescer dói, mas a dor pra ti, Aglaia, foi muito maior.

Lívia 18/06/2021

Diferente e com gatilhos
Aglaia é uma personagem profunda e com transtornos mentais e alimentares. É difícil ver seu sofrimento com a nova irmã que começa a viver sua vida. Conversem e façam terapia.

Aline.Bernardi 18/06/2021

Profundo e polêmico
O livro é muito bem escrito. No início, a linha do tempo é um pouco confusa, mas ao decorrer da leitura, fica mais claro e muito interessante. A temática é sobre distúrbios psíquicos. Consegui me identificar bastante pois convivo com essa situação no âmbito familiar. Penso que possa servir para desmistificar alguns preconceitos sobre esse assunto.
Reflexão: Tudo na vida é uma questão de probabilidade. Desenvolver câncer é probabilidade. Ganhar na loteria é probabilidade. Portanto, façamos escolhas que favoreçam as nossas.