Anne 05/06/2021Aglaia narra, aos 40 anos, sua infância conturbada. Ela sofria bullying na escola, em casa não recebia muita atenção dos pais, apesar de parecer que o pai entendia seu jeito peculiar e não se incomodava com isso. A jovem seguia seus conselhos, lia os livros que ele indicava, as músicas, sempre empenhada em agradar Heleno. Ainda assim, o pai é uma pessoa ausente, narcisista, que sofre por não ter alcançado muito sucesso na carreira, deixando para a mãe de Aglaia as responsabilidades financeiras e cuidado com os filhos.
A avó paterna, parece ser a pessoa que Aglaia mais gosta, uma senhora muito carinhosa e atenciosa com a neta.
Demian era seu companheiro de todas as horas. Apesar de primos, ela se apaixonou por ele, sem nunca lhe confessar o amor.
A chegada da irmã, até então desconhecida, mexe muito com ela. O restante da familia, ao contrário, recebe Thalie muito bem, para espanto e desespero de Aglaia, que se sente traída.
A partir desse momento da história, uma série de coisas começam a acontecer, Aglaia toma diversas decisões erradas e vai narrando sentimentos que a corroem por dentro, a tal da Coisa.
Não é uma história sobre triângulo amoroso, sobre questões da adolescência, disputa entre meninas, nada disso. É uma história profunda, que versa sobre transtorno mental, afeto, empatia, cuidado, decepção, ansiedade, bulimia.
É sobre sentimentos, sobre o adoecimento mental, perda de controle sobre si mesmo, escolhas erradas, dores profundas que sufocam, internação psiquiátrica...
A curadoria da Tag, na minha opinião, acertou muito na escolha desse livro. Primeiro por Maio ser o mês da Luta Antimanicomial. Segundo por trazer um livro que retrata do adoecimento mental com uma história densa, que traz a tona os sentimentos da personagem de forma crua, porém com uma escrita poética de uma autora muito atenciosa, que despertou em mim muita empatia por Aglaia.