Resenhas - O pássaro secreto

Klênyo 18/09/2021

Finalmente!
Livro bem escrito, mas não aconselhável pra quem sofre de ansiedade, depressão ou não sabe lidar com rejeição.

Thábata 07/09/2021

Intenso, perturbador e brilhante
O fato de a autora ter sido capaz de proporcionar um mergulho fiel à mente de uma pessoa com problemas psíquicos tão profundos, que faz com que ela se torne um perigo não apenas para si, mas para os outros a sua volta, faz com que esse seja um livro brilhante.
Em vários momentos fui tomada de compaixão por Aglaia, mas, ao mesmo tempo, é extremamente difícil compreender, de fato, sentimentos tão transtornados.
De todo modo, leituras como essa são importantes, ao menos pra mim, para que me torne mais atenta a sinais que pessoas a minha volta possam dar de que estejam sofrendo mais do que são capazes de lidar sozinhas - sinais que a família e amigo da Aglaia certamente não notaram.
O lirismo da escrita é um espetáculo a parte.

Gioh 05/09/2021

Dentro de uma mente perturbada
O livro foi muito pesado para mim,eu praticamente sentia tudo o que ela sentia msm ela nn sendo uma personagem gostável. A Aglaia mais do que tudo se odiava e nn conseguia entender,nem controlar seus sentimentos,e isso levou ela a cometer coisas horríveis,"sem sentido". Acho q a maioria das pessoas,assim como eu,não gostou,concordou com as ações/pensamentos dela,mas para mim foi impossível nn sentir empatia e até msm me identificar com as inseguranças e etc dela,no final eu só sentia pena.
A forma que a autora enfiou o leitor nessa cabeça cheia de problemas foi simplesmente incrível,tudo escrito me passava sensações e tudo que ocorreu no livro fez muito sentido para mim e foi mto bem construído.

Luccubus 30/08/2021

Não sei muito bem o que sentir sobre esse livro.
Eu gosto muito da forma lírica com que as coisas e eventos são relatados. Mas ao mesmo tempo nisso há um olhar que parece até alheio demais à história, mesmo que seja sobre a narrativa e com a perspectiva em primeira pessoa de uma personagem alheada de tudo de sua vida.
É uma poesia muito cadente, bonita, gostosa de ler, ver com a mente e sentir com o olfato, a audição, o paladar e o tato imaginários mas ainda parece um tanto vazio. Esse se deliciar, essa mania de se encher de tudo, esse empantuchamento que faz parte de Aglaia ainda é cortante por vezes demais para que ela mesmo não se corte. É definitivo e poderia dar a ela uma outra perspectiva de si. Mas nunca dá.
Demian é uma personagem por quem ela se apaixona mas que nunca se mostra aberto aos seus caprichos. Parece que a narrativa propriamente nos coloca como ele, um tanto insensíveis ao seu sofrimento exuberante e extremo com relação à chegada de Thalie.
É absurdo um pai trair a mulher e depois trazer a filha desse concubinamento ao seio familiar legítimo? Talvez... Mas ainda assim, mesmo que seja por conta dos hormônios e da falta de noção que essa criança que mal chegou à adolescência tem da vida, não há algo que justifique nada do que Aglaia faz como reação a isso tudo.
Parece muito inexplicável. Ela me parece muito desprovida de sentimentos básicos ao ser humano que vive em sociedade. Não consegue sentir empatia e tudo é um projeto de suas expectativas. Ao mesmo tempo que não sente culpa.
Talvez remorso, mas isso porque foi pega. Mas culpa ela não sente.
Ela remoe tudo aquilo sem nunca entender a sua falha. Me parece muito próxima de uma psicose porque ela não parece ter capacidade de entender qualquer pessoa além de sua superfície (ou do que ela pensa que é sua superfície).
Eu entendo o quanto pode ser uma demonstração de uma vida em que uma pessoa nunca teve acesso a contatos sociais e sempre viveu à sombra de um homem que vivia de suas aparências atrativas, sendo ela a filha feia, a filha gorda, logo, a filha sem atrativos.
Mas ela ainda tinha um mundo de referências e lia demais.
É complexo esse olhar sobre a leitura porque nos faz pensar o quanto ler também é uma fuga do mundo das relações sociais que não necessariamente cria empatia em nós com suas ficções. Mas eu duvido que seria assim tão preto no branco. Ler tanto e ler tão sensivelmente a ponto de adornar a sua história com detalhes das dos outros cria uma contradição repulsiva no centro da narrativa com a sua linguagem.
Porque faz das personagens o determinismo de si mesmas e não pessoas que tem pontos de conversão em sua história. Tudo é só um exemplo do quanto Aglaia tem a Coisa em si.
E eu não me incomodaria tanto com isso se não fossem os recortes e o final do livro.
Faz parecer que no futuro ela finalmente tenta o suicídio, mas ao final ela cria uma situação em que é estuprada e afirma que havia com isso renascido das cinzas e era uma Fênix.
É um tropo muito usado e ridículo.
Um recurso narrativo muito insensível.
Um estupro como reerguimento da menina que foi traída em seu lar, presa, dopada e cometeu atos indefensáveis.
Eu entendo como ser estuprada poderia reacender apenas a raiva em si que ela havia perdido com o fritamento das drogas em seu cérebro. Mas ainda assim não consigo achar essa uma conclusão boa para um livro que tenta beijar a sua própria loucura e mostrar os processos dela (até tentar mostrar um processo de cura??? isso foi a cura??)
É um sofrimento adolescente muito pouco sutil em atos narrativos e em arco, mas que tenta ser muito sutil na forma de escrita. O que só demonstra realmente o quanto Aglaia é insensível.

Andreza 30/08/2021

Não deu
Não deu para criar empatia pela personagem, não deu para entender suas justificativas, não deu para entender o final trágico shakesperiano. Não deu.

Quérol 26/08/2021

Sobre sentimentos conflitantes.
O pássaro secreto foi um livro angustiante e de muita tensão. A escritora nos coloca em uma posição muito difícil como leitor, pqe eu entendia os sentimentos de Aglaia mas ao mesmo tempo fiquei ressentida com algumas atitudes dela. Eu só queria terminar logo para saber o que essa menina ia fazer e torci muito para que não fosse uma tragédia.

@lendoaos30 25/08/2021

Vencedor do Prêmio Kindle de Literatura de 2021, “O Pássaro Secreto”, enviado pela TAG Curadoria em maio, surpreendeu pela diagramação, capa e proposta da narrativa, a qual, admito, achei um tanto quanto clichê em um primeiro momento. Por sorte, porém, depois de ouvir tantos elogios sobre a história, resolvi insistir e não me arrependi.
.
Na narrativa temos a história de Aglaia Negromonte, uma pré-adolescente apaixonada por leitura que vive em uma família tão imperfeita quanto qualquer outra. Tímida e bastante incomodada com sua imagem corporal, Aglaia se refugia na literatura para tentar se reconhecer em um mundo que, desde o início, lhe parece bastante hostil. O pai, um ator renomado que passa a maior parte do tempo em seu próprio mundo, apresenta para a filha livros que marcarão sua história, seus pensamentos e suas ações.
.
Aglaia tem dois irmãos, com os quais tem uma relação ao mesmo tempo de carinho e de conflito, e, apesar de admirar a mãe, se incomoda com o fato de ela se anular constantemente para que o pai possa sobressair. Além dos pais e dos irmãos, ela convive ainda com sua avó Sarita – que é sem dúvidas sua pessoa favorita no mundo – e seu primo Demian, pelo qual ela se apaixona sem nem mesmo entender o que isso significa. Demian acaba se tornando o único e melhor amigo de Aglaia, o que a faz sentir-se, ao menos quando estão juntos, um pouco melhor consigo mesma.
.
A história de Aglaia começa a mudar quando um grande segredo é revelado: seu pai traiu sua mãe e, dessa traição, nasceu a francesa Thalie, que, após perder a mãe a avó, vai morar com a família de Aglaia. A partir do momento em que sabe de tudo isso, a menina entra em um espiral de tristezas, ódio e revolta, especialmente quando Thalie se mostra uma menina doce, educada, amada por todos.
.
A narrativa de Aglaia é bastante interessante e poética, e nos leva a refletir sobre como nossas vivências na infância e na adolescência podem moldar quem nos tornamos na vida adulta. Com uma escrita sensível e ao mesmo tempo dura, Marilia Arnaud traz uma história com forte carga emocional que me surpreendeu positivamente e me fez experimentar sentimentos diversos ao longo do livro. Recomendo.

site: https://www.instagram.com/lendoaos30/

Tacha 23/08/2021

Experiência pesada e angustiante!
Amei a escrita lírica da autora e a presença de referências literárias. O livro é bom, mas não consegui me conectar com a personagem principal. As atrocidades que ela faz durante toda a narrativa me incomodaram muito. Talvez o leia novamente em outro momento para ver se tenho outro sentimento ou outra percepção com relação à Aglaia.
Realmente, minha empatia com ela foi zero.

day t 16/08/2021

Forte e angustiante
Gostei demais dessa leitura, e fiquei ainda mais empolgada por ter sido escrito por uma conterrânea. A história é densa e triste, mas é engraçado que mesmo estando com a cabeça "em ordem" (na medida do possível), consegui compreender demais todos os sentimentos de Aglaia. Uma menina frágil, com transtornos diversos, que se sente deslocada da realidade que vive, um pai ausente, uma mãe omissa, a autoestima destruída (por tantos motivos). O resultado óbvio é um buraco no peito e uma visão totalmente embaçada da vida. Acho que quem já teve depressão conhece bem essa apatia sentida pela protagonista. A leitura dos capítulos ímpares (como foi sugerido por alguém no app da Tag) é bem interessante, mas fiquei na dúvida sobre o motivo dela estar no hospital. Dei nota 4 por dois motivos: eu esperava um pouco mais do final (me perdi um pouco na linha do tempo no final do livro e o final em si me deixou confusa), e me incomodou um pouco a quantidade de obras referenciadas (pra mim soou desnecessário).
Enfim, é um livro que precisa de um tempo pra ser digerido. Indico d+!

Junia 15/08/2021

Quem fere, antes ferido está
Esse livro foi um desafio. Ler a história de uma personagem tão perturbada emocionalmente, solitária, transbordando ódio e tristeza, me agoniou. Muito jovem, essa menina com poucos afetos, é tomada de forma doentia pela inveja. E tem tanto ódio para expressar que o faz atraindo o ódio para si mesma, fazendo com que o mundo ao seu redor, tão indiferente às suas dores, torne-se, pela incompreensão e incapacidade de cuidar, ainda mais difícil. Com sua raiva, ela machuca e se machuca, odeia e por isso mesmo, torna-se odiosa. Não sabemos como lidar com a dor. Nem a nossa, nem a do outro.

Amanda Bento 14/08/2021

Meh
É um livro ok, não é a minha praia essa de ler sobre adolescente agonizando então não gostei. Mas é 4 estrelas porque a técnica de escrita é muito boa.

Fernando.Mazeo 11/08/2021

Sensorial
A leitura de ?O pássaro secreto? nos desperta muitas e diferentes sensações e emoções! É quase como uma memória antiga, meio turva, meio desbotada, mas com peso e cheiro!

Fernando 10/08/2021

Esse livro é extremamente incômodo. Independente e de gostar ou não. A história constrói uma atmosfera que a maioria dos leitores podem se identificar, ou gostar, depois faz tudo degringolar inesperadamente.

Monique | @moniqueeoslivros 07/08/2021

O pássaro secreto
{Leitura 12 - 2021}
O pássaro secreto - Marilia Arnaud

Aglaia Negromonte é uma jovem que vive no meio dos livros, e como a grande maioria das meninas, idolatra o pai.

Quando o grande segredo de Heleno Negromonte - a constituição de uma outra família e uma filha fora do casamento - vem à tona, Aglaia não sabe como lidar com a situação, e tem sua vida como uma grande mentira sendo, pouco a pouco, revelada.

Ela personifica em Thalie, sua meia-irmã, todo o rancor e decepção que sente do pai, seu "herói", e da mãe, por ser tão complacente com o marido e carinhosa com a menina.

O romance nos coloca em uma posição de conflito durante toda a narrativa, porque às vezes tudo o que se quer é pegar Aglaia pelos ombros e dar uma boa chacoalhada; noutras vezes, seria bom poder abraçá-la e dizer "não é culpa sua".

Essa menina vai virando mulher no folhear das páginas. Vai crescendo, errando e sofrendo. Se a vida foi sempre uma mentira pra ela, em que acreditar agora? Como seguir em frente?

Marilia Arnaud tece essa trama com maestria e delicadeza, sem julgamentos a sua personagem. Aglaia tem visão própria, toma as páginas para si. E o que faz com elas... bem, ela o faz numa sufocada vontade de se libertar e ser quem é.

Paulo.Cesar 07/08/2021

Triste, angustiante e trágico!
Devo começar deixando claro a minha satisfação com essa leitura. Uma narrativa que me tocou, trouxe-me angústia, revolta e muita tristeza.

Aglaia, uma jovem brilhante, com um futuro inteiro pela frente, vê-se vítima de de seus próprios demônios, da entidade psíquica que toma conta de suas atitudes em momentos de estabilidade emocional.
Nem mesmo a literatura, seu maior prazer em vida, é capaz de trazer alento ao seu coração. O sentimento de solidão e de reclusa por parte de seus familiares e de seu único amigo, por quem era totalmente apaixonada, fizera com que ela se fechasse no mundo propício à confusão mental. Com dificuldade de lidar com o tratamento seco de seu pai, a quem mais admirava no mundo, recluso em sua bolha cultural de literatura e dramaturgia, ela se sente sozinha até na própria casa. E nada é tão ruim que não possa piorar.
Seu mundo desaba com a descoberta de sua nova meia-irmã, Thalie, acelerando todo esse drama de sofrimento sentimental e psicológico da protagonista, por ela tomara, de forma natural e rápida, o que Aglaia nunca conseguiu obter: Afeto, carinho e atenção.

Essa obra é sobre, solidão, perturbação mental, vingança, e também sobre a prova que nem os maiores tipo de arte e cultura do mundo suprem a sensação de acolhimento humano, de amor e de carinho. De que essa vivência em um mundo sem amigos e o afeto dos familiares deixa um espaço no âmago da alma humana, que pode ser preenchida pelo mais sombrio dos sentimentos e personalidades.