spoiler visualizarLucy 04/07/2021
Faltou tempero
Renegados é uma introdução de mais de 500 páginas. É uma apresentação bem simplória dos personagens, sem adentrar muito na personalidade deles ou tentar desenvolvê-los. Lembra X-Men, Watchman, The Boys, Batman (Gatlon, Gotham...), ou seja, sem muita personalidade. Ele tem muitas falhas, mas alguns pontos que espero serem melhor desenvolvidos futuramente.
De início, um erro imperdoável é o fato de os personagens serem indescritivelmente burros. Em incontáveis momentos, tanto Nova quanto Adrian deram sinais de seus alter-egos. O objetivo do Sentinela é pegar a Pesadelo. Coincidentemente, Adrian está obcecado por isso também, olha só! Nova chega no QG dos Renegados e quer saber todo tipo de informação que normalmente não interessa aos novos membros, como detalhes sobre laboratórios e centro de pesquisas. Insônia e Pesadelo são relativos à sono. Na biblioteca, os aliados dos anarquistas a encaram e falam com ela como se a conhecessem. E, vejam só, nunca os quatro estão presentes juntos em algum lugar! A autora quer que nós acreditemos que eles são fortes e inteligentes, mas os fazem estúpidos com o motivo de tentar criar uma tensão e um suspense. Outro momento de estupidez é quando Nova confia em Ingrid. Quem ficou surpreso com a Detonadora traindo-a de novo? Genialidade! Bem, se eu fosse discorrer sobre todas as coisas idiotas que acontecem, eu ficaria até amanhã com isso.
Nova se desvia facilmente de seu objetivo após conhecer seus parceiros Renegados, em especial, Adrian. Para alguém que passou anos planejando vingança, ela passou a gostar de alguns dos seus "inimigos" sem muita dificuldade. Sua relação tanto com os aliados quanto com seus inimigos é muito mal explorada. Assim como a personalidade deles, que são unidimensionais. O romance é meh, assim como o resto. Aqui é mais uma chance para a autora emburrecer os personagens, criando uma tensãozinha entre os protagonistas que não sabem se um gosta do outro. Afff.
A trama é muito arrastada e não chega a lugar nenhum, sem nada muito marcante no caminho. As cenas de batalhas me confundiam às vezes, me fazendo ter dificuldade de visualizar determinada cena. O fato dos membros do Conselho se deixarem tão vulneráveis é bem irreal (já que eles têm os Anarquistas como ameaça), assim como uma adolescente ter sido quem chegou mais perto de matar o membro mais importante. Os plots são todos muito previsíveis, principalmente o final. Se tem uma coisa óbvia é que se não tem corpo, só pode estar vivo.
Porém, a trama política e a dicotomia criada são interessantes. Ace buscava um mundo sem opressão sobre a população em geral. Tamanha liberdade trouxe caos, e, por isso, ele é visto como vilão. Não como um revolucionário. Já os Renegados são vistos como heróis por "derrotarem" os Anarquistas, e a cada dia se tornam mais políticos e menos confiáveis, porém ninguém enxerga isso. Nova é a personagem que pode ficar no meio disso e enxergar um meio-termo, sem uma visão tão distorcida. Essa é uma parte que pode ser promissora.
Apesar de não ter sido uma leitura fácil, por não conseguir me conectar com a história (que é quase inexistente) ou com os personagens, darei continuidade a série, pois ela tem muito potencial. Aguardo um amadurecimento futuro na trama.
"[...] a verdade é que a maioria das pessoas é preguiçosa e complacente. Elas têm os Renegados para fazer todo o trabalho de resgatar e salvar, então por que se dariam ao trabalho?"