spoiler visualizarlaisa 05/06/2021
pouca demonstração prática dos acontecimentos
Verdade ou Desafio traz temáticas super necessárias como a da masculinidade tóxica e do abuso sexual com homens, mas eu simplesmente não consegui me conectar com a história, porque a sensação que eu tive foi que o enredo da obra acabou nos 50% do livro e os 50% seguintes foram pura enchição de linguiça.
O trauma do Ryan e a sua recuperação foram resolvidos com um piscar de olhos em uma sequência de poucos capítulos que fragmentavam cenas, situações, conversas porque, pelo que eu entendi, para a autora fazia muito mais sentido >dizer< que as coisas estavam acontecendo ao invés de realmente >mostra-las< acontecendo. E essa simplificação de fatos ocorre no livro todo, eu reconheço, mas com o tema >central< da obra, espera-se um pouco mais de cerimônia e detalhamento pra abordar. O fato era que o Ryan afirmava que ia no terapeuta, afirmava que tinha lido livros, afirmava que se culpava, afirmava que tinha sofrido e procurado se isolar mas eu não consegui >identificar< demonstrações práticas dessas ações ocorrendo, durante a leitura; eram meras citações de que elas haviam ocorrido. E essa supressão de detalhamento também aconteceu com as narrações da Zoe, em que ela simplesmente anunciava que tinha refletido e resolvido algo,mesmo não tendo havido uma demonstração mínima de conflito interno sobre o tal assunto, algo que agregaria muito à história mas que foi rapidamente narrado.
Eu não assimilei a motivação desse estilo pouco persuasivo de contar uma estória (falta de página não foi porque os 10 últimos capítulos foram quase que irrelavantes), mas sei que enfraqueceu e muito a minha experiência com o livro: eu simplesmente não consegui absorver a carga emocional que eu desejava de um enredo com um homem que foi abusado sexualmente, de um casamento frustrado e ameaçado --- como foi repetitivamente enfatizado.
Não o bastante, esse modelo simplificado narração, também se estendeu para resolver os obstáculos da narrativa, o problema aparecia e 2 capítulos depois ja tinha sido pensado, refletido, resolvido e servido de aprendizado não só para o Ryan como para a Zoe também: há uma certa aura de pressa na forma que os empecilhos são desenvolvidos aqui também.
Com essas simplificações todas, é coerente se imaginar por que a história soou como enchição de linguiça depois dos 50%, pois se tudo era narrado e simplificado, meramente citado e rapidamente resolvido não havia por que muito se estender no assunto em questão, certo? o irônico é que o assunto no caso permeava o livro todo, então eu simplesmente achava muitos capítulos irrelevantes.
Ademais, para além das passagens de tempo bruscas que a autora inseriu e a escrita muito simplória em comparação com o 1 livro da serie, as cenas explícitas foram fracas e muito resumidas (também!), ou eram apenas adiadas e minimizadas, algo muito abaixo do que eu estava esperando de um livro com enfoque em um relacionamento BDSM.